domingo, 31 de julho de 2011

COMPRA DE DEPUTADOS


Notas de Lustosa da Costa em sua coluna:

“No governo Fernando Henrique Cardoso, muitos deputados receberam propina de duzentos mil reais para que votassem a favor da emenda instituindo a reeleição para presidente da República. Todo o mundo suspeitou de que do bolso ministerial saiu o dinheiro, mas a imprensa silenciou, o parlamento não agiu e somente dois ou três dos aquinhoados com o suborno renunciaram ao mandato, temendo cassação. Ficou por isso mesmo.

MENSALÃO

Naquele tempo, o governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), inventou com o publicitário Marcos Valério o que a mídia, noutras circunstâncias, chamou “mensalão”, que era o uso das comissões de publicidade oficial para financiamento da campanha eleitoral do PSDB. Ninguém chamou Azeredo de “chefe de quadrilha” como fazem, com a boca cheia de ódio, muitas das autoridades de hoje. Marcos Valério não foi preso quando deu dinheiro aos tucanos.

GUERRA TOTAL

Quando se descobriu que Marcos Valério ajudava o PT no encontro de soluções para problemas de gastos eleitorais de petistas e aliados, foi um deus nos acuda. Jamais a imprensa esteve tão unida, no propósito de enlamear o PT e o presidente Lula. O que queria mesmo era derrubar Lula. Não podendo fazê-lo. Interessava-lhe desmoralizar o presidente da República, da mesma forma como os meios de comunicação haviam feito com Getúlio Vargas e João Goulart.

PRESSÃO IRRESISTÍVEL

A pressão foi tão intensa que o presidente da República demitiu seu chefe da Casa Civil, José Dirceu, que teve tratamento muito menos leniente que o dado ao tucano Azeredo. Passou a ser chamado “chefe da quadrilha”, embora não houvesse nenhuma acusação de enriquecimento pessoal dele. Uma delas era de que arranjara emprego de dois mil reais de psicóloga para a ex-mulher, formada na USP, no banco de um amigo. Contra Delúbio Soares, tudo se disse. Até os 25 mil reais com que ele entrou na quota de irmãos para ampliar a fazendola de seu pai foi considerado roubo, crime hediondo.

Marco Valério viu que uma coisa é ajudar o PSDB, outra, ajudar o PT. Por causa do último, foi para a cadeia. O STF se apressou em receber a denúncia, levando um ministro a dizer ao telefone a um amigo: "Estávamos com a faca no pescoço".

VINTE MIL

Lembro que um dos vice-líderes do PT, professor Luizinho, foi execrado como criminoso vil porque recebeu vinte mil reais para pagar os custos de pesquisa eleitoral. Parecia, pelo clamor dos meios de comunicação, que ele saqueara todo o recurso do Tesouro Nacional.

DOIS PESOS

O que é errado nos tucanos é silenciado ou escondido pela mídia nacional. O que se supõe errado nos petistas, ganha alto-falantes com alcance internacional.”

FONTE: escrito pelo jornalista Lustosa da Costa e publicado em sua coluna no Diário do Nordeste (http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1018109&coluna=1).

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