terça-feira, 26 de julho de 2011

O QUE UM CIVITA ("Veja") TEM QUE O ABÍLIO DINIZ ("Pão de açúcar") NÃO TEM?

Presidente do BNDES, Luciano Coutinho

Por Brizola Neto

“Do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, num dos poucos momentos interessantes de sua entrevista à "Veja":

Ao financiarmos a criação de um gigante, como o que resultaria da fusão Pão de Açúcar/Carrefour, estaríamos proporcionando o surgimento de um gênero de empresa [brasileira] com capacidade para competir globalmente e até se tornar líder em seu setor no cenário internacional. Todas as grandes economias em desenvolvimento têm suas grandes multinacionais. Os Estados Unidos formaram as suas nos anos 50; os países mais ricos da Europa, na década de 60; o Japão, nos anos 70; e a Coréia do Sul, nos 80. Para a China e a Índia, o mesmo ocorre desde os anos 90. De modo que, no Brasil, esse fenômeno é até tardio. É justamente esse processo que estamos tentando acelerar. Agora, quem diz que o BNDES deixa de injetar capital nos pequenos e médios negócios passa ao largo dos fatos. A participação dessas empresas no total de financiamentos do banco vem crescendo de forma robusta –passou de 24% para 46% nos últimos três anos’.

O Dr. Coutinho, que diz que o acordo não seria feito sem a anuência do grupo francês Casino, não tocou em três pontos, essenciais para qualquer avaliação sobre o negócio.

Primeiro, o de que, com dois participantes “enforcados” –Abilio Diniz e o Carrefour– a forma e o preço eram atrativos, porque resultaria num controle diluído do capital, não de Abilio Diniz ou do Cassino.

Segundo, que o potencial de sinergia com a exportação de manufaturados –sobretudo no setor alimentícios– brasileiros seria importante para nossa economia.

E terceiro –mais importante– seria explicar que só o BNDES, via BNDESPAR, era quem tinha “bala na agulha”, dentro do Brasil, para viabilizar o negócio.

O que ele poderia ter explicado usando as palavras do próprio presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, quando foi ao BNDES –na gestão de Carlos Lessa– pedir que o banco ajudasse os grandes grupos de mídia a resolverem seu problemas de endividamento:

O BNDES é a única fonte de recursos de longo prazo do Brasil. Se todos os setores básicos da economia recebem recursos, não sei por que a mídia deveria ser excluída. O tratamento às empresas ‘sérias’ [sic!] não pode ser diferente de um setor para outro. [...] Se o BNDES exigir “full disclosure” [abertura total de informações] das empresas, não vejo problema. [...] Transparência de informações é bom. Mas acho que se está esperando demais do BNDES. Há gente sonhando, se iludindo”.

Ué, mas e aquela cantilena de que o BNDES era somente para emprestar aos pequenos e investir em setores de cunho social e de grande geração de empregos?”

FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço”  (http://www.tijolaco.com/o-que-um-civita-tem-que-o-abilio-diniz-nao-tem/).

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