segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ISRAEL QUER RASGAR OS ACORDOS DE OSLO (QUE ASSINOU E NÃO CUMPRIU)


ISRAEL COGITA REVOGAR OS ACORDOS DE OSLO

“O gabinete do primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu] confirmou que o Conselho Nacional de Segurança [de Israel] está discutindo alternativas com vistas a antecipar-se a setembro, quando a Autoridade Palestina tentará obter o reconhecimento de Estado [Palestina] independente na Assembleia Geral da ONU.

Uma resolução [da ONU] convocará as Nações Unidas para reconhecer um estado palestino com base nas fronteiras de 1967, como membro pleno da ONU.

Um grupo liderado pelo conselheiro de Segurança Nacional [de Israel], Ya’akov Amidror, está querendo revogar os Acordos de Oslo em resposta ao plano palestino.

Por Barak Ravid, no jornal israelense “Haaretz”

Um grupo liderado pelo conselheiro de Segurança Nacional, Ya’akov Amidror, está querendo revogar os Acordos de Oslo em resposta ao plano 'unilateral' da Autoridade Palestina de obter o reconhecimento de um estado independente [é chamado de 'unilateral' porque Israel não concorda com nenhum plano negociado com os palestinos, a não ser o imposto por Israel que considere, entre outras medidas draconianas, as terras palestinas invadidas, com forte apoio militar e político dos EUA, como sendo definitivamente israelenses] .

O gabinete do primeiro ministro confirmou, dia 24 de julho, que o NSC [Conselho Nacional de Segurança, na sigla em inglês] estava discutindo várias alternativas para antes de setembro, e as estaria apresentando, assim que elaboradas, aos representantes políticos, para tomada de uma decisão.

Membros do governo israelense confirmaram que discussões recentes lideradas por Amidror tinham mencionado a opção de invalidar os Acordos de Oslo. No entanto, essa não é considerada a principal alternativa, disseram. “É uma das opções que serão apresentadas aos representantes do governo”.

Enquanto isso, a Autoridade Palestina (AP) continua suas preparações para a Assembleia Geral da ONU em setembro. Os embaixadores que se encontraram em Istambul durante dois dias foram informados de que um encontro, assim que a versão final do esboço da resolução da ONU estiver pronta, teria lugar em Doha, no Qatar, em 4 de agosto, com representantes da AP, do Qatar, do Egito e da Arábia Saudita.

A resolução convocará as Nações Unidas para reconhecer um estado palestino com base nas fronteiras de 1967, como membro pleno da ONU.

Os diplomatas palestinos foram instruídos a lançarem campanha de relações públicas dentre as comunidades judaicas no exterior, numa tentativa de explicar a importância desse movimento.

Enquanto isso, Israel está trabalhando para agregar apoio de estados que se opõem ao movimento da ONU. E também está se preparando para “o dia seguinte”.

Um membro sênior do governo israelense disse que, há três semanas, o primeiro ministro Benjamin Netanyahu falou para Armidror que começasse a redigir esboço dos planos para o dia seguinte, com outros organismos do governo. Isso inclui a recomendação de potencial resposta política israelense.

EVITANDO O CONSELHO DE SEGURANÇA

Os representantes do governo acreditam que os palestinos vão adotar postura evasiva em relação ao Conselho de Segurança [da ONU], a fim de evitar potencial veto estadunidense [de acordo com os antecedentes, o veto é 100% provável]. A proposta palestina tem expectativa de receber o apoio de mais de 140 membros da ONU.

Outro representante do alto escalão de Israel disse que Amidror deu início a discussões no CNS [Israel] com ministros de relações exteriores, da defesa, de finanças, da indústria e do comércio, da justiça, assim como com o Gabinete de Planejamento das Forças de Defesa de Israel e com o advogado militar do Departamento de Direito Internacional.

O Conselho Nacional de Segurança pediu a vários gabinetes de governos que considerem as implicações para Israel em caso deste anunciar que considera os Acordos de Oslo nulos, dado o movimento 'unilateral' dos palestinos, e se a Assembleia Geral aprovaria o movimento israelense.

Israel está preocupado que os palestinos possam usar a resolução da Assembleia Geral [da ONU] para dar início a uma luta legal na Corte Internacional de Justiça em Haia, ou tentar alterar os acordos econômicos e de segurança obtidos ao longo dos últimos 18 anos.

Representantes do CNS disseram a vários governos e a organismos militares que Israel não iniciaria um movimento como esse, mas pode fazê-lo 'em resposta' às ações palestinas. Os vários organismos foram solicitados para que apresentem suas perspectivas e opiniões legais e a oferecerem possíveis respostas. O assunto ainda não foi discutido pelos ministros.

Netanyahu se opõe a ações como [continuar a invadir terras palestinas e] anexar assentamentos a Israel 'em resposta' aos passos palestinos na ONU”, disse uma fonte militar israelense que tem familiaridade com as discussões. “Portanto, o CNS está avaliando outras possibilidades, sendo uma delas declarar nulos os Acordos de Oslo. Em todo caso, não há decisão, ainda”.

"Perda de terras" é eufemismo para as contínuas invasões e ocupações à força por Israel dos territórios palestinos. O mapa acima indica até 2000. Porém, as "perdas" [sic] continuaram nesses últimos 11 anos. 

Os Acordos de Oslo entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina –OLP– foram celebrados entre 1993 e 1995, e compõem o marco legal para a relação entre Israel e a Autoridade Palestina, em matéria de segurança, economia e infraestrutura.

Abandonar os Acordos implicaria [Israel] 'reexaminar' questões-chave, principalmente o status da Autoridade Palestina na Cisjordânia.

O ministro relações exteriores Avigdor Lieberman tinha mencionado o abandono dos Acordos de Oslo num encontro com a Alta Representante da União Europeia Catherine Ashton, em 17 de junho.

Embora Lieberman apoie uma resposta como essa a um 'movimento unilateral' por parte dos palestinos, membros do seu gabinete consideram esse tipo de ação “contra produtiva”.

FONTE: escrito por Barak Ravid e publicado no “Haaretz” (הארץ, "O País"), jornal diário israelense fundado em 1919, publicado em hebraico, com versão condensada publicada em inglês como anexo à edição do International 'Herald Tribunel'. Tem também página de Internet em hebreu e em inglês. Transcrito no site “Carta Maior” com tradução de Katarina Peixoto (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18127) [trechos entre colchetes e mapa adicionados por este blog 'democracia&política'].

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