sexta-feira, 7 de setembro de 2012

7 de setembro: CADA GOVERNO FAZ O SEU

[OBS deste blog ‘democracia&política’: nesta importante data nacional, vieram-me à memória os tempos dos governos FHC/PSDB/DEM.


Imersos na intensa propaganda da mídia, que propalava que nacionalismo, patriotismo, defesa nacional eram coisas de “milicos jurássicos”, que deveríamos abandonar esses sentimentos ruins ultrapassados, que o Brasil deveria caminhar para “o mundo moderno”, para a “globalização” (comandada e sob o interesse dos EUA), FHC culminou esses conceitos com uma pérola da “sua sabedoria de grande intelectual” [sic] antinacional, de beneficiador emérito dos interesses dos grandes grupos econômicos e financeiros estrangeiros. Reproduzo trecho de postagem do “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/09/05/fhc-o-sete-de-setembro-e-uma-palhacada/):

Numa entrevista à revista Piauí – aquela de banqueiros, por banqueiros, para banqueiros; aquela que trata o Daniel Dantas com especial deferência – em entrevista à revista ‘Piauí’, o Farol de Alexandria, também conhecido como Fernando Henrique Cardoso, disse que odiava as celebrações do Sete de Setembro quando era Presidente. “Aquilo é uma palhaçada”, disse ele. [...]. Se fosse o 14 Juillet ou Fourth of July ?”

Sobre esses tempos inglórios para o Brasil, selecionei este ótimo artigo de Saul Leblon, na "Carta Maior":

“Em setembro de 2002, nos estertores do governo do PSDB, o risco-Brasil atingia 2.443 pontos.

Medida de vulnerabilidade de uma economia --do ponto de vista dos credores-- cada 100 pontos de risco equivale a 1% de taxa adicional de juro. A chance de um calote brasileiro, então, era tida como muito alta.

Para quebrar as resistências ao passar o chapéu, o governo FHC via-se obrigado a pagar uma sobretaxa de quase 24,5% acima do juro vigente nos EUA. Numa operação externa feita esta semana pelo governo Dilma, esse plus registrou um recorde histórico de baixa: foi de apenas 1,1%.

O oposto vivido no governo do PSDB reduz a margem de soberania de um país a zero. A independência política é ornamental. Canta-se o Hino, hasteia-se a bandeira. Entrega-se tudo o mais que dá sustento à palavra Nação.

Sem o manejo endógeno das contas externas, é impensável fazer política de desenvolvimento ou articular a defesa da industrialização. Menos ainda avançar na defesa da principal fronteira da soberania no século XXI: a justiça social.

Delega-se a sorte e o azar aos banqueiros. Em setembro de 2002, depois de 8 anos nas mãos do PSDB, o Brasil era isso: um pangaré faminto tratado a sabugo e chicote de marmelo pelos mercados.

FHC cumpria exigências velhas, fazia concessões novas, arrastava a empáfia num tanque de areia movediça; a cada passo afundava mais a perna.

Em setembro de 2002, a lama já oscilava no estreito intervalo entre o lábio e o nariz.

Dez anos depois, neste setembro de 2012, o risco país é de 110 pontos. Sim, a 'herança pesada' de Lula, na douta avaliação do sociólogo encabrestado pelos banqueiros em 2002, permitiu que o Tesouro Nacional colocasse na 4ª feira (5) US$ 1,3 bilhão em títulos de 10 anos no mercado internacional, pagando apenas 1,1% acima do juro norte-americano.

O menor piso da história teve uma das maiores procuras do mercado. Diferente do calvário vivido em setembro de 2002, a demanda pelos papéis brasileiros foi quatro vezes superior à oferta.

O risco-país em si não define o destino de uma nação.

A Argentina tem risco elevado porque impôs um desconto de 70% da dívida aos seus credores em 2001. Usou a folga para melhorar substancialmente as condições de vida de seu povo e de seu crescimento.

Não foi essa a lógica que depositou a soberania brasileira nas mãos dos mercados em 2002.

Ao contrário. A taxa de juro havia disparado e beirava os 25% (hoje o Brasil tem uma taxa de juro real inferior a 2%); a inflação passava de 12%, com o desemprego igualmente rompendo esse patamar.

A dívida interna decolara. Mais de um terço dela estava dolarizada, o que restringia a margem de manobra para fomentar a exportação sem quebrar as contas fiscais.

O Brasil escorria na ampulheta da história.

As reservas disponíveis de US$ 36 bilhões (hoje são dez vezes maiores) cobriam apenas 1/6 do endividamento interno em dólares. O país fora esmurrado por equívocos estratégicos, socado pela ganância dos interesses unilaterais: estava quebrado por dentro e por fora.

O governo do PSDB já havia apelado ao guichê do FMI em 1999 para tomar US$ 40 bilhões em regime de urgência. Boa parte do patrimônio nacional fora privatizado.

Em dezembro de 2002, o estoque total da dívida externa líquida (pública e privada, menos reservas) era de US$ 189,5 bilhões.

O país devia quase 38% do PIB. Precisava de mais de três anos de exportações (então de US$ 60,4 bilhões contra US$ 256 bilhões em 2011) para pagar sua dívida.

Hoje, o estoque líquido da dívida externa é de US$ 50,4 bilhões e as exportações de US$ 256 bilhões. Ao contrário, no final do ciclo tucano o país não tinha mais nada a oferecer e nenhuma credibilidade a desfrutar.

O então candidato da coalizão demotucana à presidência, José Serra, tirou da gaveta o que lhe restava, ademais de ser a sua especialidade: o terrorismo para amedrontar os eleitores.

À falta de melhor argumento, ele alarmava a classe média: a vitória de Lula levaria a 'argentinização' do país -- isso, quando a Argentina afundava no pântano neoliberal criado por Menén e Cavallo.

A crise mundial hoje é mais grave, mais abrangente e corrosiva que a de 2002. A contabilidade do país, no entanto, nunca foi melhor.

Embora a desigualdade resista e cobre arrojo político para ser enfrentada, os índices de pobreza, fome, desemprego, informalidade, apartheid universitário e de crédito, entre outros, repousam em níveis inéditos.

40 milhões de brasileiros deixaram a pobreza desde 2003; outros 30 milhões ascenderam na pirâmide de renda. O Brasil é, hoje, o país menos desigual de sua história.

Altivez e soberania deixaram de ser adorno retórico da atuação do Itamaraty.

Como farsa, sobrevivências do passado batem na porta do presente com aspirações de influenciar o futuro.

Foi essa a pretensão de FHC com a patética tentativa de depositar uma 'herança pesada' de Lula no colo de Dilma.

A falta de pejo foi prontamente desmontada pela Presidenta. Em nota oficial, Dilma foi ao ponto e reavivou aos distraídos a realidade constrangedora daquele final de governo, quando o 7 de Setembro era uma contradição em termos espetada no calendário nacional.

"Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob ameaça de apagão”, disse a nota da Presidência da República na 2ª feira (3), antecipando em quatro dias os festejos, mas sobretudo o sentido da palavra 'independência' no Brasil de sete de setembro de 2012.”

FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1083). [Imagem obtida no google e trecho inicial entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

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