terça-feira, 8 de julho de 2008

POLÍCIA FEDERAL PRENDE DANIEL DANTAS, NAJI NAHAS, CELSO PITTA E OUTROS

O portal UOL publicou na manhã de hoje essa notícia. Transcrevo trechos:

OPERAÇÃO SATIAGRAHA

“As investigações da operação da Polícia Federal denominada Satiagraha, deflagrada nesta terça-feira com a finalidade de combater um esquema de desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro, tiveram início há cerca de quatro anos.

A operação, que tem seu nome numa palavra que significa resistência pacífica e silenciosa, cumpre 24 mandados de prisão e 56 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, e em Brasília. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

A "grande mídia" brasileira transmitiu essa notícia sempre associando as investigações com o caso do "mensalão". O "blog do Noblat" esclarece essa confusão (certamente dolosa):

"Estão misturando por aí o escândalo do mensalão, o pagamento de propinas a deputados para que em 2005 votassem na Câmara como mandava o governo, com a operação que resultou, hoje, na prisão do banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Oportunitty, do especulador Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, entre outros.

O que havia sido apurado antes sobre o mensalão está na origem da investigação da Polícia Federal que mandou Dantas, Nahas e Pitta para a cadeia. Mas é só. A operação de hoje nada tem a ver com o mensalão, nada avançou em relação a ele, até porque esse não era seu objetivo. Portanto, falando em termos de governo, o anterior é que tem razão para se preocupar."

Vejaos um pouco sobre cada um dos três principais presos hoje noticiados (texto do UOL e Estadão):

DANIEL DANTAS

Daniel Dantas, que é dono do grupo Opportunity, é preso pela Polícia Federal quase três meses depois de vender suas participações da Brasil Telecom e Telemar (Oi) por cerca de 1 bilhão de dólares, no que ficou caracterizado como um dos maiores negócios do mercado de telecomunicações brasileiro. O banqueiro conseguiu um acordo com os fundos de pensão, e conseguiu se livrar de todos os processos que existiam contra ele.

Dantas respondia a ação penal decorrente da Operação Chacal, deflagrada pela PF em setembro de 2004. Foi acusado de supostamente ter praticado os crimes de violação de sigilo de informação reservada e corrupção, ao contratar a empresa Kroll para ter acesso a dados de pessoas e empresas em órgão públicos, os quais são considerados reservados.

Acrescento, sobre Daniel Dantas, as seguintes informações obtidas no jornal O Estado de São Paulo de hoje:

"O engenheiro e economista Daniel Dantas, de 54 anos, entrou para cena nacional durante a privatização do sistema Telebrás, em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso. Como dono do Banco Opportunity, liderou o bloco que arrematou a Brasil Telecom, operadora de telefonia que atua nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul.

O empresário começou a carreira ligado ao PFL e aproximou-se do senador Antonio Carlos Magalhães por indicação de Mário Henrique Simonsen. Foi conselheiro do partido e do governo federal nas sugestões para tentar salvar o banco Econômico.

Durante dez anos, foi sócio do também baiano Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9. Dantas fez doutorado no Massachusets Institute of Technology, nos EUA. De volta ao Brasil, empregou-se no Bradesco.

Conheceu Antônio Carlos de Almeida Braga, ex-presidente daquele banco. Braga o convidou para trabalhar no banco Icatu, do qual foi presidente.

Dantas foi citado como possível ministro da Fazenda no governo Fernando Collor (1990-1992). Antes do confisco, investiu em café e soja e fez bom dinheiro com exportações. O banco Opportunity começou a operar em 1996.”

NAJI NAHAS

O megainvestidor Naji Robert Nahas, libanês naturalizado brasileiro que fez história no mercado acionário com jogadas de altíssimo risco, tornou-se nacionalmente conhecido depois de ter sido acusado como responsável pela quebra da Bolsa de valores do Rio de Janeiro, em 1989.

Segundo reportagens da época, Nahas tomava dinheiro emprestado de bancos e aplicava na Bolsa, fazendo negócios consigo mesmo por meio de laranjas e corretores, inflando as cotações.

Diante de grandes valorizações das ações, os bancos pararam de lhe emprestar dinheiro, causando quebra em cascata na Bolsa do Rio.

Após todos os processos referentes a este caso terem sido julgados, o empresário foi absolvido de todas as acusações.

CELSO PITTA

Apadrinhado por Paulo Maluf, o economista e político Celso Roberto Pitta do Nascimento foi prefeito da cidade de São Paulo de 1997 a 2000. Seu mandato foi marcado por denúncias de corrupção, deflagradas principalmente por sua ex-mulher, Nicéa Pitta.

Em 2000, ao sair da prefeitura, Pitta era réu em treze ações civis públicas. O valor das denúncias somadas alcançou 3,8 bilhões de reais na época.

Em 2004, quando prestava depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito do Banestado, acabou preso por desacato à autoridade, ao discutir com o senador Antero Paes de Barros (PSDB).

Já em 2006, o Ministério Público do Estado de São Paulo pediu, por meio de ação cível por má administração pública, a devolução de 11,8 milhões de reais aos cofres da prefeitura paulistana.

Neste ano, a Justica Federal considerou Pitta culpado pelo "escândalo dos precatórios", imputando-lhe uma pena de quatro anos de prisão.”

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