sábado, 21 de março de 2009

POLARIS E ITA CONCLUEM PROTÓTIPO DE TURBINA PARA AERONAVES CIVIS

O jornal Valor Econômico ontem publicou a seguinte reportagem de Virginia Silveira, de São José dos Campos:

“O Brasil já está migrando para o rol de países que desenvolvem e certificam turbinas Aeronáuticas. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em conjunto com a empresa Polaris Tecnologia, finalizou o desenvolvimento do primeiro protótipo de um turboreator de 350 quilos de empuxo, equivalente a uma potência de 1300 HP. Agora os pesquisadores trabalham no desenvolvimento de um motor turboélice de 1000 HP para equipar veículos aéreos não tripulados.

Um dos méritos desse projeto, segundo o diretor de Empreendimentos do Comando-geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), brigadeiro Venâncio Alvarenga Gomes, foi descobrir as competências que o Brasil possui para fabricar partes e componentes da turbina no próprio país. "Atividades como a usinagem do compressor, ignitor a plasma, a fusão do disco da turbina em liga especial e o balanceamento exigido pelas normas internacionais, são alguns dos exemplos dessa competência adquirida pelas indústrias brasileiras", explicou.

Trata-se de um projeto estratégico, na medida em que existem hoje apenas cinco países no mundo com o domínio da tecnologia de desenvolvimento e certificação de motores aeronáuticos. "Numa segunda etapa, a turbina, batizada de TR3500, poderá equipar futuros projetos de aeronaves civis", disse Alberto Carlos Pereira Filho, diretor da empresa Polaris.

As turbinas que equipam as aeronaves da Embraer são fornecidas por empresas estrangeiras, caso da canadense Pratt & Whitney (linha de jatos executivos e Supertucano), a americana GE (jatos 170 e 190) e a inglesa Rolls Royce (ERJ 145, Legacy 600). Os motores representam em torno de 20% a 30% do valor de uma aeronave.
"A TR3500 demonstra que podemos progredir rápido. Diferentemente do que ocorreu com relação ao desenvolvimento de turbinas em outros países, não precisaremos de décadas para atingir um produto autóctone e competitivo", comenta Homero Santiago Maciel, coordenador geral do projeto no ITA.

O projeto do motor aeronáutico brasileiro teve início em 2003 com o desenvolvimento de uma turbina a gás para a Petrobras. "O objetivo desse projeto era dominar o processo de fabricação da câmara de combustão, a vibração do motor e o desenvolvimento do sistema de controle da turbina", explica. A Petrobras apoiou a ideia e investiu R$ 850 mil na sua execução.

Na fase de preparação do protótipo da turbina Aeronáutica, foram investidos R$ 3 milhões, dos quais R$ 1,7 milhão através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); R$ 750 mil do ITA e R$ 550 mil da Polaris. "A próxima etapa do projeto, avaliada em R$ 116 milhões, prevê a construção de 11 laboratórios avançados na área de testes para turbinas, infraestrutura necessária para garantir o processo de homologação dos motores". Segundo o diretor da Polaris, esse tipo de laboratório ainda não existe no Brasil. Os recursos estão sendo negociados com a Finep.

A tecnologia envolvida no projeto das turbinas do ITA também gerou frutos para a Vale Soluções em Energia (VSE). A empresa patrocinou o desenvolvimento do protótipo de uma turbina a gás estacionária, na faixa de potência de 1 MW, para geração de energia elétrica. Batizada de TVRD 1000, a turbina a gás da VSE foi testada em maio de 2007. O sucesso da operação motivou a empresa a apostar na construção de uma base fabril no Parque Tecnológico de São José dos Campos.

Segundo o coordenador do programa de interface entre as empresas e o CTA, Homero Santiago Maciel, o objetivo da VSE é o desenvolvimento de uma família de turbinas para minitérmicas, com potencial para competir no mercado de energia.

A Petrobras, de acordo com Pereira Filho, também é parceira da Polaris no desenvolvimento de uma turbina a gás acima de 3 MW, um projeto orçado em R$ 80 milhões. "Hoje, a Petrobras possui cerca de 180 turbinas importadas e gasta aproximadamente US$ 300 milhões na manutenção desses equipamentos".

As turbinas brasileiras, segundo Pereira Filho, seriam usadas pela Petrobras na geração de energia elétrica para suas plataformas e para manter a pressão na linha de bombeamento de petróleo. "A empresa usa compressores gigantescos que são acionados por turbinas a gás".

Criada por engenheiros do ITA, a Polaris é uma empresa de alta tecnologia que funciona como incubada da Petrobras, nas instalações da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos. Além da turbina a gás, a Polaris desenvolve para a estatal de petróleo um queimador que gera fonte térmica de calor para que a empresa possa utilizar óleo pesado sem poluir o meio-ambiente.”

4 comentários:

iurikorolev disse...

Thereza
Esta noticia é simplesmente sensacional !

Unknown disse...

Até que enfim, estamos caminhando para a autonomia no campo aeronáutico com a turbina polaris, que nos dará agora subsidios para pesquisa de outros motores aeronáuticos e mesmo de propulsores de foguetes lançadores de satélites movidos por combustivel líquido.
Temos mercado para tais motores, só precisamos agora, de vontade politica para atingirmos esse objetivo.
Obs: Há um garoto que estuda no Senai no interior de São Paulo, que esta desenvolvendo um prototípo de turbina "flex", isso poria o Brasil na vanguarda dos turboreatores, com modelos mais ecológicamente corretos.
Agora posso dizer " ...Este é umn país que vai prá frente..."

Unknown disse...

Prezados Iurikorolev e Elias,
Obrigado pela visita.
Também achei sensacional. Dá-nos orgulho ver que, apesar dos obstáculos, o brasileiro persiste nos seus ideais e chega lá. Imagine com seríamos se tivéssemos uma política governamental consistente por décadas e coerente com a grande dimensão geopolítica do Brasil!
Maria Tereza

eduardo de azevedo disse...

nossa! nosso pais carece de empregos digo, com bom nível técnico e esta é uma execlente oportunidade de aumentarmos este nincho e garantirmos uma grande fatia deste mercado embarcando na carência por petorléo, e usando-o para obtermos conhecimentos que nos suprirão ao término da era do petróleo a fab e a marinha precisam muito deste tipo de equipamento nacional para seus aviões e navios assim como a própria petrobras que os usa para manter a pressão de oléo de suas plataformas e que também podem ser ultilizadas na geração de energia elétrica hoje milhões e milhões digo, de dolares saem de nosso pais para a manutenção deste tipo de equipameneto seria muito melhor que fossem investidos aqui né!