quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ARGENTINA DIVULGA "MEGARRESERVA" DE GÁS

“A petrolífera argentina YPF, hoje [após a política neoliberal de Menem nos anos 90] controlada pela espanhola Repsol, anunciou a descoberta de uma "megarreserva" de gás não convencional na Bacia de Neuquén (oeste do país).

A jazida tem reservas estimadas em 127 bilhões de metros cúbicos. De acordo com a YPF, as reservas de gás da empresa, que durariam apenas mais seis anos, agora aumentaram para 16 anos com a nova descoberta. Muitos analistas, porém, colocaram em dúvida a viabilidade comercial e os custos de extração do combustível, além de terem criticado o grau de imprecisão do anúncio.

Desde o fim de semana, quando vazaram as primeiras informações, havia forte expectativa quanto à divulgação de uma nova "megarreserva". O panorama energético da Argentina é cada vez mais complicado. Com a queda da produção, o país tem enfrentado cortes no abastecimento às indústrias durante o inverno, quando sobe o consumo residencial. Em uma década, de 2000 a 2009, o total de reservas comprovadas diminuiu 51%, e o horizonte de autossuficiência passou de 17 para 7,8 anos.

A expectativa disparou porque funcionários do governo argentino e da Província de Neuquén afirmaram, na segunda-feira, que as novas reservas poderiam abastecer o país por "mais de 50 anos". A YPF convocou uma cerimônia pomposa para fazer o anúncio, com a presença de quase todo o gabinete de ministros, de vários governadores e da presidente Cristina Kirchner.

No fim das contas, o que se anunciou foi uma descoberta importante, mas de dimensões mais discretas. Convertidas em óleo equivalente, a jazida anunciada pela YPF tem 775 milhões de barris. Para efeito de comparação, as reservas estimadas de Tupi, na camada pré-sal, são de 5 a 8 bilhões de barris de óleo equivalente.

O vice-presidente da YPF, Sebastián Eskenazi, disse que a produção da nova jazida poderá alcançar "entre 4 milhões e 5 milhões de m³ por dia". Ele não mencionou prazos. Um alto funcionário da YPF explicou ao “Valor” que esse não é um teto para a produção e o volume poderá subir no futuro. E acrescentou que o campo explorado tem potencial para novas descobertas.

"Os anúncios são muito genéricos. Não se sabe se são reservas comprovadas, prováveis, se são simplesmente recursos, nem quanto custa colocar esse gás no mercado", disse Jorge Lapeña, ex-secretário nacional de Energia, ao jornal "La Nación". "Se tudo isso não se definir, estamos falando de um projeto com um grau de imprecisão que não merece ser considerado concreto", completou.

Os custos de produção do gás de xisto, muito mais complexo de ser extraído do que o convencional, também geram dúvidas sobre a viabilidade do empreendimento. As petrolíferas instaladas na Argentina recebem cerca de US$ 2 por milhão de BTU (unidade térmica britânica) pelo gás vendido. Um acordo fechado ontem mesmo entre o Ministério do Planejamento e a Província de Neuquén reajustou o preço para uma faixa entre US$ 4,5 e US$ 7,5 - o último é o valor pago pela importação de gás da Bolívia. Uma nova política de preços é essencial para desenvolver o potencial da região, que, segundo calcula o secretário de Energia de Neuquén, Héctor Mendiberry, é de 257 trilhões de pés cúbicos - o suficiente, se confirmado, para fazer do país um dos maiores produtores mundiais.”

FONTE: publicado no portal “Vermnelho” com informações do jornal “Valor Econômico” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=143208&id_secao=2)[trecho entre colchetes colocado por este blog].

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