sábado, 15 de janeiro de 2011
“RISCO BRASIL” JÁ É MENOR QUE “RISCO EUROPA”
“EUROPA PAGA MAIS CONTRA CALOTE QUE BRASIL
CUSTO DE SE PROTEGER CONTRA MORATÓRIA EM PAÍSES EUROPEUS, COMO GRÉCIA E ESPANHA, CHEGA A SER ATÉ NOVE VEZES MAIOR
ESPANHA E ITÁLIA TÊM SUCESSO EM VENDA DE TÍTULOS, MAS PAGAM JUROS MAIS ELEVADOS EM COMPARAÇÃO COM BRASIL
Pelo segundo dia seguido, o pessimismo dos mercados financeiros em relação ao futuro dos países europeus em crise diminuiu, a reboque de leilões de títulos públicos feitos por Espanha e Itália. Anteontem (12), Portugal já havia conseguido levantar recursos via emissão de dívida.
Ainda assim, investidores continuam apostando em risco de calote muito maior em alguns países europeus do que em emergentes como o Brasil.
Instrumentos financeiros que oferecem seguro contra calote -os chamados CDSs ("credit default swaps")- mostram isso claramente.
Embora tenha caído nos últimos dias, o custo de se proteger contra o perigo de moratória em um prazo de cinco anos de Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha era ontem, respectivamente, nove, seis, cinco e três vezes maior do que do Brasil.
Tanto Grécia como Irlanda -que tiveram de recorrer à ajuda oficial em 2010- oferecem prêmio de risco medido pelo mesmo instrumento superior ao da Argentina, que decretou "default" em 2002.
O fato de Portugal, tido como a "bola da vez" na crise europeia, Espanha e Itália terem conseguido emitir dívida em leilões nos últimos dois dias trouxe certo alívio à região. Isso se refletiu nos preços de ativos: ações e euro em alta e queda de juros.
Mas prevalece a opinião de que Portugal dificilmente escapará de um resgate oficial.
RESERVAS
Existe especulação de que autoridades da região decidirão aumentar o tamanho das reservas disponíveis para operações de socorro em encontro de ministros de Finanças na próxima semana.
Embora tenham conseguido levantar financiamento via emissão de dívida, os juros altos que Portugal, Espanha e Itália (cuja situação fiscal é considerada menos preocupante) terão de pagar nesses empréstimos confirmam que a percepção de risco permanece elevada.
A Itália terá de pagar juros anuais de 3,67% aos detentores dos títulos emitidos em 13 jan com vencimento em 2015, o que significa prêmio de risco de 1,6 ponto percentual em relação aos juros pagos pelo governo da Alemanha (país considerado porto seguro da região).
A Espanha terá de arcar com juros anuais de 4,54% nos papéis que expiram em 2016, o que representa prêmio de risco de 2,34 pontos sobre os títulos da dívida alemã de mesma duração.
No caso da dívida portuguesa emitida anteontem com vencimento em 2014, o prêmio de risco foi de 4,1 pontos sobre os títulos públicos da Alemanha.
Nos três casos, os prêmios de risco superam os pagos pelo Brasil. Títulos do país emitidos em euro com vencimento em 2017 eram negociados pelo mercado em 13 jan com prêmio de risco de 1,32 ponto percentual sobre a dívida alemã.
JURO ALTO, NOTA ALTA
Apesar da percepção do mercado de que o perigo de investir no Brasil é menor do que nas nações europeias em crise, a nota da dívida soberana conferida por agências de classificação de risco permanece pior do que a da maior parte desses países.
Todas as principais agências consideram baixo o risco de investir no Brasil: o país está numa faixa de nota chamada "grau de investimento", que reflete isso.
No entanto, para as principais agências, o risco de investir no Brasil ainda é um pouco maior do que em Portugal, na Irlanda e na Espanha. Já a nota da Grécia é menor que a do Brasil.”
FONTE: reportagem de Érica Fraga publicada na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me1401201103.htm) [título e imagem adicionados por este blog][imagem do google adicionada por este blog]
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