terça-feira, 2 de agosto de 2011

Emir Sader: “DIÁRIO DA NOVA CHINA: COM A PALAVRA, OS CHINESES”


Extratos da imprensa chinesa:

No auge da crise econômica dos países centrais do capitalismo, Cameron segue a Hillary e vai à África fazer propaganda do seu modelo e falar mal da China. Levou o troco:

“Durante a primeira visita do Primeiro Ministro britânico à África, obscurecido pelos escândalos que ele vive no seu pais, ele não se esqueceu de dar aula sobre a democracia ocidental e o livre comércio para os africanos na Nigéria. Ele enviou clara advertência aos países africanos: Não copiem o modelo chinês de desenvolvimento, que é um capitalismo autoritário. Apenas uma sociedade livre pode trazer estabilidade e desenvolvimento à África. Isto é, o sistema ocidental é a única opção para os países africanos.

É comum os ocidentais pregarem sobre os “males” da China nas suas visitas à África. O sermão de Cameron foi o segundo em um mês, seguida da mesma dura leitura feita pela Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton há poucas semanas. Ambos buscavam desacreditar o modelo chinês de desenvolvimento.

É o Ocidente modelo pelo qual devem ser medidos os méritos de um modelo de desenvolvimento? A resposta é não. Condições nacionais diferentes e a diversidade cultural determinam que não há medida comum para todos os sistemas sociais ou modelos de desenvolvimento.

O Ocidente, com orgulho e preconceito, gosta de louvar o seu modelo de desenvolvimento como a norma universal e desdenha qualquer outro modelo de desenvolvimento. Essa abordagem é a expressão da sua mente hegemonista e autoritária que é contrária ao espírito da democracia.

É o Ocidente realmente um modelo tão perfeito? Tendo em vista os resultados lamentáveis causados pela implementação forçada dos ajustes ocidentais nos sistemas políticos e econômicos da África durante os anos 1980 e 1990, ou o desastre humanitário produzido pelo bombardeios da OTAN na Líbia atualmente, mesmo um breve olhar para os escândalos nos países ocidentais mostrarão como é ruim o modelo ocidental.

As crises financeiras, as crises das dívidas, os escândalos das escutas telefônicas expõem as enfermidades e os problemas do sistema ocidental, e refletem o caráter das crises financeiras e da mídias gigantes que proclamam suas ações em nome da liberdade e da democracia.

O Ocidente não tem moral para dar lições para os países em desenvolvimento. A enorme riqueza acumulada pelas nações ocidentais se baseou na exploração das colônias. Sua verdadeira intenção, ao dar essas “lições”, é manter os países em desenvolvimento como vassalos eternos do Ocidente.

Pode alguma nação aprender lições da experiência chinesa de desenvolvimento? Nós, honestamente, dizemos que “sim”. A China tornou-se um dos países do mundo com desenvolvimento mais rápido, um dos países mais dinâmicos, que uma fenomenal promoção da qualidade de vida do seu povo ocorreu como resultado de 30 anos de desenvolvimento. E o desenvolvimento histórico da China está apenas começando. Há esplêndida história a realizar nos próximos anos.

Isso, é claro, é devido, em grande medida, ao modelo de desenvolvimento escolhido pela China e ao sistema socialista com suas características chinesas. Mesmo o próprio Cameron teve que admitir que a expansão da China propõe “novo caminho para o desenvolvimento”. Não importa que atitude o Ocidente tome em relação à China, o desenvolvimento do país tem e continuará a ter efeito positivo no mundo.

Atacar as relações entre a China e a África revela falta de confiança do Ocidente. Sua tentativa é a de desacreditar a China diante da África como meio para salvaguardar seu controle e seu monopólio sobre a África nos planos intelectual, político, econômico, cultural, e atacar a autoconsciência e o desenvolvimento autônomo da África.

Nesse sentido, Cameron, que apelou aos africanos para “sair das sombras do colonialismo”, continuou a promover o “capitalismo autoritário” do Ocidente.

A China espera que os africanos encontrem sua própria via de desenvolvimento de acordo com suas condições práticas e está feliz de compartilhar sua experiência com os países africanos.

A China não imporá, de forma alguma, seu modelo à África. O futuro da África está nas mãos dos próprios africanos, que é exatamente o que os países ocidentais não querem que ocorra.”

FONTE: postado por Emir Sader no site “Carta Maior” com texto de Liang Xiaoning (especialista em estudos africanos) no “ChinaDaily”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=728) [imagem do Google adicionada por este blog].

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