segunda-feira, 19 de setembro de 2011

HÁ 67 ANOS: A FEB NA ITÁLIA

Soldados da FEB em seu QG na Italia

HÁ 67 ANOS: 15 DE SETEMBRO DE 1944 - "A COBRA ESTÁ FUMANDO" - BRASILEIROS ENTRAM EM COMBATE NA ITÁLIA

“A Força Expedicionária Brasileira, conhecida pela sigla FEB, foi a força militar brasileira de 25.334 homens que lutou ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.

A FEB entrou em combate em 15 de setembro de 1944 no vale do rio Serchio, ao norte da cidade de Lucca. As primeiras vitórias da FEB ocorreram já em setembro, com as tomadas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano.

Somente no final de outubro, na região de Barga, a FEB sofreu seus primeiros reveses. Devido ao sucesso da campanha em setembro e início de outubro, no final de novembro a FEB foi incumbida de sozinha tomar o complexo formado pelos montes Castello, Belvedere e seus arredores no espaço de alguns dias.

Seu comandante alertou ao comando do V exército estadunidense que tal missão era inviável de ser executada pelo efetivo de apenas uma divisão, o que já havia sido demonstrado em tentativas fracassadas por parte de outros efetivos aliados, e que, para obter sucesso em tal empreitada, seria necessário o ataque conjunto de duas divisões e simultaneamente à Belvedere, Della Torraccia, Monte Castello e à Castelnuovo, o que, mesmo assim, alertava o comando brasileiro, não poderia ser levado a cabo em menos de uma semana.

No entanto, o argumento do comandante brasileiro só foi aceito após o fracasso de mais duas tentativas, dessa vez efetuadas pelos brasileiros, uma em novembro e outra em dezembro.

Durante o rigoroso inverno entre 1944 e 1945 nos Apeninos, a FEB enfrentou temperaturas de até vinte graus negativos, não contando a sensação térmica. Muita neve, umidade e contínuos ataques de caráter exploratório por parte do inimigo, que através de pequenas escaramuças procurava tanto minar a resistência física, quanto a psicológica das tropas brasileiras não acostumadas às baixas temperaturas. Condições climáticas e reações físicas se somavam aos mais de três meses de campanha ininterrupta, sem pausa para recuperação. Testou-se, ainda, possíveis pontos fracos no setor ocupado pelos brasileiros para uma contraofensiva no inverno.

Entretanto, nesse aspecto, a atitude involuntariamente agressiva das duas tentativas de tomar Monte Castello no final de 1944, somada à atitude voluntária de responder às incursões exploratórias do inimigo no território ocupado pela FEB, com incursões exploratórias da FEB realizadas em território inimigo, fez com que os alemães e seus aliados escolhessem outro setor da frente italiana ocupada pela 92ª divisão estadunidense, para sua contraofensiva.

Entre o fim de fevereiro e meados de março de 1945, como havia sugerido o comandante da FEB, se deu a “Operação Encore”, um avanço em conjunto com a recém-chegada 10ª divisão de montanha estadunidense. Assim, foram finalmente tomados, entre outras posições, por parte dos brasileiros, Monte Castello e Castelnuovo, enquanto os americanos tomavam Belvedere e Della Torraccia. Com essas posições no poder dos Aliados, pôde-se iniciar a ofensiva final de primavera, na qual, em abril, a FEB tomou Montese e Collecchio.

A conquista dessas posições pela divisão brasileira e pela divisão de montanha estadunidense nesse setor secundário, mas vital, possibilitou que as forças sob o comando do VIII exército britânico, mais à leste no setor principal da frente italiana, se vissem finalmente livres do pesado e constante fogo de artilharia inimiga que partia daqueles pontos, podendo, assim, avançar sobre Bolonha, ultrapassando as linhas de defesa nazifascistas no norte da Itália, a chamada “Linha Gótica”, após oito meses de combate.

Na 2ª semana de abril, iniciou-se a fase final da ofensiva de primavera com o intuito de romper definitivamente essa linha de defesas, que recuara, mas impedia o avanço das tropas aliadas na Itália rumo à Europa Central desde setembro do ano anterior.

No setor do IV corpo do V exército americano, ao qual a FEB estava incorporada, no 1º dia da ofensiva, após sem grandes dificuldades ter sustado o ataque aliado principal naquele setor efetuado pela 10ª Divisão de Montanha americana, causando expressivas baixas naquela unidade estadunidense; os alemães cometeram um erro ao considerar o ataque brasileiro à Montese (que no ataque utilizou seus carros de combate M8 e tanques Sherman M4 ) como sendo o principal alvo aliado naquele setor, tendo por conta disso disparado somente contra a FEB cerca de 1800 tiros de artilharia (64%) do total dos 2800 tiros empregados contra todas as 4 divisões aliadas naquele setor da frente italiana, nos dias de luta que se seguiram pela posse daquela localidade (no que foi o combate mais sangrento travado pela FEB). Com a fracassada tentativa alemã de retomar Montese e o consequente avanço das tropas das 10ª divisão de montanha e 1ª divisão blindada estadunidenses, efetivou-se o desmoronamento das defesas germânicas naquele setor central do ponto de vista geográfico, embora secundário estrategicamente, ficando clara a impossibilidade, por parte das tropas alemãs, de manterem, a partir daquele momento, a “linha gótica”, tanto no setor terciário à oeste, próximo ao Mar da Ligúria, quanto no setor principal à oeste, próximo ao Mar Adriático.

Ao final daquele mês, em Fornovo di Taro, numa manobra perfeita em jogada ousada de seu comandante, os efetivos da FEB que se encontravam naquela região em inferioridade numérica cercaram e, após combates oriundos da infrutífera tentativa de rompimento do cerco por parte do inimigo, obtiveram (após rápida negociação) a rendição de duas divisões; a 148ª divisão de infantaria alemã (com muitos soldados experientes em combate vindos do front russo), comandada pelo general Otto Fretter-Pico e os efetivos remanescentes da divisão ‘bersaglieri’ italiana, comandada pelo general Mario Carloni.

Isso impediu que essas unidades inimigas, que se retiravam da região de La Spezia e Genova, região que havia sido liberada pela 92ª divisão estadunidense, se unissem às forças ítalo-alemãs da Ligúria, que as esperavam para desfechar um contra-ataque contra as forças do V exército americano, que avançavam de forma rápida, porém difusa e descoordenada inclusive do apoio aéreo (como é inevitável nestas situações), tendo deixado vários clarões em sua ala esquerda e na retaguarda.

O comando alemão dos exércitos C, que já se encontrava em negociações de paz em Caserta há alguns dias, com o comando Aliado na Itália, esperava com isso obter um triunfo a fim de conseguir melhores condições para a rendição. Os acontecimentos em Fornovo di Taro, involuntariamente, impediram a execução de tal plano, tanto pelo desfalque de tropas, como pelo atraso causado, o que, aliado às notícias da morte de Hitler e tomada final de Berlim pelas forças do Exército Vermelho, não deixou ao comando alemão outra opção senão aceitar a rápida rendição de suas tropas na Itália. Em sua arrancada final, a FEB ainda chegou à cidade de Turim e, em 2 de maio de 1945, na cidade de Susa, onde fez junção com as tropas francesas na fronteira franco-italiana.

O Brasil perdeu, nessa campanha, quanto a mortos diretamente em combate, cerca de quatrocentos e cinquenta praças e treze oficiais, além de oito oficiais-pilotos da Força Aérea Brasileira. A divisão brasileira ainda teve cerca de duas mil mortes devido a ferimentos de combate e mais de doze mil baixas em campanha por mutilação ou outras diversas causas que os incapacitaram para a continuidade no combate.

Tendo assim, somadas as substituições, turnos e rodízios, dos cerca de vinte e cinco mil homens enviados, mais de vinte e dois mil participado das ações. O que, incluso mortos e incapacitados, deu média de 1,7 homens usados para cada posto de combate, um grau de aproveitamento apreciável se comparado à outras divisões que estiveram o mesmo tempo em campanha em condições semelhantes.

Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de vinte mil soldados inimigos, quatorze mil, setecentos e setenta e nove somente em Fornovo di Taro, oitenta canhões, mil e quinhentas viaturas e quatro mil cavalos.

Segundo o historiador norte-americano Frank McCann, o Brasil foi convidado a integrar a força de ocupação da Áustria.

Em 6 de junho de 1945, o Ministério da Guerra do Brasil ordenou que as unidades da FEB ainda na Itália se subordinassem ao comandante da primeira região militar (1ª RM), sediada na cidade do Rio de Janeiro, o que, em última análise, significava a dissolução do contingente. Mesmo com sua desmobilização relâmpago, o regresso da FEB após o final da guerra contra o fascismo precipitou a queda de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo no Brasil.

Em 1960, as cinzas dos brasileiros mortos na campanha da Itália foram transladadas de Pistoia para o Brasil, e hoje jazem no monumento aos mortos que foi erguido no Aterro do Flamengo, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, em homenagem e lembrança aos seus sacrifícios.”

FONTE: Wikipedia. Transcrito no site “defesaNet”  (http://www.defesanet.com.br/ecos/noticia/2786/15-de-setembro-de-1944-----A-cobra-esta-Fumando----Brasileiros-entram-em-combate-na-Italia).

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