quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A BOLHA DO XISTO ESTOUROU !


Produção de petróleo nos Estados Unidos não para de crescer.

Colapso do petróleo

Colapso do petróleo e do sistema financeiro ameaçam expropriar os fundos de pensões

Por Marco Antonio Moreno, do "El Blog Salmón" (Traduzido por Luis Leiria, para o "Esquerda.net", de Portugal) 

"O otimismo do 'fracking' e a ilusão de um preço do petróleo em 110 dólares o barril mobilizou enormes recursos financeiros para a produção de 'crude' que acabaram por saturar o mercado. A nova bolha especulativa acabou por entrar em colapso, à luz do enfraquecimento da procura.

Os preços do petróleo caíram 40 por cento desde junho, ao ritmo do colapso dos títulos lixo do setor energético dos Estados Unidos, que apostou desmedidamente no apogeu do dispendioso "fracking". Desde que, em julho de 2008, o petróleo atingiu os 145 dólares por barril, a indústria do "fracking" dos EUA disparou e a produção de petróleo passou de 4 milhões de barris diários (mbd) a 9 mbd, competindo, em volume de produção, com a Arábia Saudita e a Rússia (10 e 9 mbd, respetivamente). Isso foi feito com base na especulação financeira, que agora será coberta com o confisco dos fundos de pensões.

Como afirmamos em julho do ano passado, a manipulação do preço do petróleo levou o ouro negro a um nível artificialmente alto. Nesse artigo afirmavamos que esse valor, se não fosse manipulado, andaria em torno dos 80-60 dólares o barril. Essa manipulação foi claramente fabricada pelos interesses financeiros que procuravam impulsionar a indústria do "fracking". O excesso de oferta da indústria petrolífera está agora a levar a 80 centavos de dólar as alavancadas posições dessas empresas, instalando novamente o epicentro da crise no sistema financeiro, pela sua facilidade para especular com os preços. Desta vez, no entanto, e graças a Jean-Claude Juncker, é o dinheiro do contribuinte que vai salvar essas empresas.

A bolha do "fracking"

Apesar de haver uma tendência para se pensar que a queda dos preços é sinónimo de baixa dos custos de produção e que o temido "pico do petróleo" está afastando-se, a verdade é que os preços de muitos recursos básicos estão diminuindo ao mesmo tempo pela queda da procura global. As commodities caem a pique, acentuando assim os problemas deflacionários que darão nova estocada nessa crise, no seu sétimo ano de desenvolvimento.

Os preços do petróleo foram manipulados longamente para dar folga e permitir o auge do "fracking", até que essa bolha rebentou. Enquanto o custo da extração de petróleo "normal" é de 30 dólares o barril, o custo do barril de petróleo obtido através da fraturação hidráulica é de 60 dólares. O estouro da bolha do "fracking" confirma a falácia de que a fraturação hidráulica constitui uma fonte energética para cem anos, como declarou o presidente Obama em 2012. Um artigo publicado na semana passada na revista "Nature" põe em dúvida o desmedido otimismo dessa indústria.

O otimismo do "fracking" e a ilusão de um preço do petróleo em 110 dólares o barril mobilizou enormes recursos financeiros para a produção de crude que acabaram por saturar o mercado. O "fracking" não fez mais do que criar uma nova bolha especulativa que acabou por entrar em colapso, à luz do enfraquecimento da procura. O colapso do preço do petróleo levou o seu valor ao nível mais baixo dos últimos cinco anos e a uma queda que pode arrastá-lo para os 50 dólares e até para os 40 dólares o barril, obrigando ao encerramento das extrações por "fracking" que operam com custos de 60 dólares.


Queda dos preços do petróleo é impulsionada pelo aumento de produção via "fracking" e pela redução do consumo

O novo risco para o sistema financeiro

Os alavancados empréstimos semeados no período da euforia do "fracking" provocam agora novos temores nos mercados financeiros pelos incumprimentos de dívidas que podem afetar todo o comércio internacional. Os baixos preços que se obtêm hoje para cada barril de petróleo levam as companhias petrolíferas a terem dificuldades de pagar os juros dos empréstimos financeiros contraídos no período de auge. E como os fluxos de caixa se reduziram, essa situação também põe a banca em apuros, começando a sofrer estrangulamento financeiro, e ver-se-á obrigada a elevar as taxas de juro desses empréstimos pelo aumento do risco, acelerando o incumprimento da dívida. Dessa forma, a enorme quantidade de dívida que as companhias petrolíferas adquiriram para investir na onerosa tecnologia do "fracking" converteu-se no novo risco do conjunto do sistema financeiro.


No entanto, o que está em risco agora não é só o fraudulento sistema financeiro, mas também as poupanças e os fundos de pensões de milhões de contribuintes em todo o mundo. Desde os resgates bancários do ano de 2008, houve grande debate sobre a necessidade de mudar o sistema e evitar esses monstros bancários "demasiado grandes para cair" que tinham de ser resgatados pelos governos. Agora, quer-se obrigar os depositantes e os fundos de pensões a cobrir as perdas do sistema financeiro, tal como se fez no Chipre. Como advertimos na altura, o Chipre foi o laboratório para pôr à prova o confisco dos depósitos dos poupadores e dos fundos de pensões.

Essa nova regra foi aprovada na cimeira do G-20 realizada na Austrália no passado mês de novembro e pode ser posta em prática a qualquer momento. Por isso, não devemos descartar que a violenta queda dos preços do petróleo seja uma estratégia destinada à apropriação, quanto antes, desses recursos. Se o preço foi manipulado com astúcia e precisão na subida, também pode ser manipulado na baixa para fazer uso, quanto antes, da nova disposição de Angela Merkel e Jean-Claude Junker. As contas bancárias e os fundos de pensões estão em risco de serem confiscados por essa nova agonia do sistema financeiro, ocasionada desta vez pela excessiva cobiça das empresas petrolíferas."


FONTE: escrito por Marco Antonio Moreno, do "El Blog Salmón" (Traduzido por Luis Leiria, para o "Esquerda.net", de Portugal)   (http://jornalggn.com.br/noticia/colapso-do-petroleo-por-marco-antonio-moreno).

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