terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A COMPLEXA LÓGICA DOS EUA POR TRÁS DOS CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO, ÁFRICA E EUROPA




SETE PAÍSES EM CINCO ANOS

Do "The Vineyard of the Saker" -- http://vineyardsaker.blogspot.com.br/2015/02/Sete-países-in-five-years.html. (Orig. Observer). Traduzido por "Vila Vudu"

"Sete países em cinco anos, e o dólar dos EUA começa a renascer dos mortos. A Ucrânia serviu àquele objetivo, o ISIL conquistando Iraque e Síria, conquistando a estratégica Kobani [tb grafado “Cobani” (NTs)]. Turquia faz-se de morta, o Curdistão festeja. Assad ainda não caiu, mas está quase, depois vem o Irã, e o “Novo Oriente Médio” estará acabado, e o dólar, salvo. Ou, varridas do mundo a Rússia e a China, o petrodólar continua dependente do dólar. Tão simples!

Mas, primeiro, sobre como todas essas pedras encaixam-se num mosaico.

A manchete que se lia, em dezembro de 2014, em todos os veículos da imprensa-empresa pró-ocidente, era uma celebração do rublo esquálido. Preços baixos do petróleo e as sanções dos EUA, com robusto apoio europeu, fizeram o serviço e puseram a Rússia na posição na qual se queria que ela estivesse: de joelhos.

Só me pergunto como a situação ter-se-ia desenrolado, se Yanukovych tivesse assinado o acordo de associação [da Ucrânia] à União Europeia. Aparentemente, os EUA teriam “apenas” construído bases da OTAN na fronteira russo-ucraniana, e o processo de atacar para enfraquecer a Federação Russa teria continuado de modo “moderado” – pela via ‘clássica’ das revoluções coloridas para derrubar Putin (esforço que prossegue, e enfraquecer o rublo também obra nessa direção).

Mas Yanukovych não assinou o acordo e o plano “Ucrânia” prosseguiu, pela via mais sangrenta que se pudesse imaginar. Hoje, ninguém nos EUA ou na UE sequer quer pensar que a Ucrânia está a um passo da bancarrota; ninguém por ali nem remotamente se interessa mais por meter a Ucrânia na OTAN; isso, porque nunca antes, em momento algum, a coisa ali teve algo a ver com a Ucrânia. A Ucrânia só tem uma serventia: separar a Rússia da Europa, impedir que a Rússia negocie com países europeus, mas, sobretudo, cortar para sempre a dependência energética em que vive a Europa, e que a une umbilicalmente à Rússia. Como se verá adiante, esse sempre foi o objetivo mais importante. E porque esse objetivo tem de ser alcançado a qualquer custo, a Ucrânia terá de pagar o preço em vidas e em sangue, por sua localização estratégica.

Digo “pagar o preço”, porque, ao unir-se à UE, nenhum país faz qualquer bem a si próprio, e a Ucrânia seria especialmente prejudicada (basta lembrar os termos do Acordo de Associação, para nem falar do fato de que a Ucrânia seria convertida em território para o qual seriam movidos todos os ciganos europeus).

Mas, afinal, a ação em Maidan foi ainda mais diretamente ao mesmo ponto, que se Yanukovych tivesse assinado o acordo. Maidan tornou-se um trunfo nas mãos de EUA e UE, e o resto foi ajeitado pelos veículos & profissionais da imprensa-empresa. E o mundo convenceu-se de que a Rússia é ‘do mal’, e Putin ‘é Hitler’ e, portanto, é necessário proteger-se contra ele e andar para o mais longe dele que seja possível. Houve mais uma razão para as sanções anti-Rússia (garantidas, até, pelo Boeing [estranhamente] derrubado).

Um ano depois de Maidan, e estamos onde estamos – a Rússia está quase separada da Europa, vende petróleo a preço de banana e o rublo está fracassando. Graças a isso, o dólar norte-americano está recebendo algumas gotinhas de água da vida, e considerando-se os planos em andamento, também algum otimismo, nas veias. Mas ainda não é hora de festejar, que muito mais ainda vem a caminho. É preciso observar também outras notícias e outras fontes, que parecem dizer coisa diferente mas, de fato, só falam e falam eloquentemente sobre o agonizante dólar norte-americano. E há muitos anos que se trata, sempre e exclusivamente, do dólar norte-americano.

Sete países em cinco anos

Há anos foi traçado um plano para manter a hegemonia do dólar norte-americano, e agora o plano chega aos toques finais. A Ucrânia é parte desse 'finale', como o ISIL, o Curdistão, a Turquia, atualmente a cidade de Kobani. Antes foram vários outros países, o que se vê se se examina o ponto em que se inserem no grande mosaico. Até o 11/9 deve ser visto de ponto de vista muito diferente, e estou convencido de que foi também uma espécie de pedra que, devidamente atritada, gerou a fagulha necessária – um evento que obtivesse apoio público, para começar. Esse plano, desde o primeiro dia, teve objetivo bem claro, como se ouviu no discurso a seguir:

Em 1991, tive uma reunião com Paul Wolfowitz (ex-presidente do Banco Mundial e, naquele momento, segundo vice-secretário da Defesa dos EUA, posição importantíssima) e disse a ele que, com certeza, deveríamos estar satisfeitos com a 'Operação Tempestade no Deserto' [orig. Operation Desert Storm] (Kuwait). E ele respondeu: Bem, sim, sim, mas não totalmente, porque a verdade é que queríamos nos livrar de Saddam Hussein e fracassamos. Mas uma coisa, sim, aprendemos – aprendemos que podemos usar nossa força militar no Oriente Médio, e os soviéticos não conseguirão nos deter. Agora, temos cerca de cinco, dez anos, para limpar a área de toda influência soviética, antes de que surja alguma nova grande superpotência e que possa nos desafiar. Subverter todo o Oriente Médio, desestabilizar toda a região, repintar o mapa – essa era a estratégia já planejada!

Dez dias depois do 11/9, eu caminhava pelo Pentágono (e onde mais estaria, naqueles dias?) quando fui convocado pelo comandante das águas costeiras dos EUA, que me chamava para a sala dele. Ali me disse que queria que eu soubesse que íamos atacar o Iraque. ‘Por quê?’, perguntei; ‘tem alguma conexão com os ataques terroristas?’ ‘Infelizmente, é ainda pior. Acabo de receber esse Memorandum do Ministério da Defesa. Diz que temos de atacar e destruir os governos de sete países em cinco anos. Começamos pelo Iraque, depois vamos à Síria, Líbano, Somália, Sudão e Irã.’ ‘Trata-se de um plano oficial de combates?’, perguntei. E ele: ‘Sim, senhor, é isso.’

É um trecho de entrevistas em 1991 e do final de setembro de 2001, como narradas pelo general Wesley Clark dos EUA, em discurso de outubro de 2007. O comentário pode ser ouvido, repetido, num vídeo conhecido pelo título não oficial de “Sete países em cinco anos“.

Permitam-me repetir mais uma vez as palavras do ex-presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz: “Mas uma coisa, sim, aprendemos – aprendemos que podemos usar nossa força militar no Oriente Médio, e os soviéticos não conseguirão nos deter. Agora temos cerca de cinco, dez anos, para limpar a área de toda influência soviética, antes que surja alguma nova grande superpotência e que possa nos desafiar.” E, repito: são palavras de 1991! Não é objeto deste artigo, mas – vocês realmente sentem que os EUA precisavam do 11/9? Já em outubro, depois do ataque às torres do WTC, o Afeganistão foi atacado (e até hoje os EUA tentam firmar lá o seu controle. É chamado de ‘baixo ventre macio da Rússia, quer dizer, ponto muito sensível para a Rússia), e dali em diante tudo prosseguiu como sabemos.

Depois do Kuwait (uma tentativa para derrubar S. Hussein em 1991 e confirmar que os EUA realmente podiam confiar em Gorbachev, e os soviéticos realmente deixaram os EUA fazerem o que quisessem nesse campo), veio o Afeganistão (outubro de 2001). Na sequência, Iraque (2003 e a derrubada de Hussein); Síria (2011 e uma guerra civil), o Líbano (território estratégico para Israel e Síria, e a eterna disputa na Revolução do Cedro em 2006). Além disso, os EUA envolveram-se em lutas na África: Sudão (ataques em 1996 porque bin Laden esteve na região; levante em 2003). Sob o rótulo de “Primavera Árabe”, mais países africanos foram atraídos para o mesmo palco: Líbia (2011, derrubada de Gaddafi), Egito (2011, derrubada de Mubarak). E, também, não se pode esquecer Argélia (1991, derrubada do presidente, até hoje sob lei marcial e governo militar) e Marrocos (desde 1999 governado por um rei, Maomé IV, que mantém boas relações com os EUA, motivo pelo qual nada se ouve contra o Marrocos). A Etiópia também é amiga dos EUA (em 1991, rompeu com os soviéticos e tornou-se guarda de segurança de interesses dos EUA nas guerras contra a vizinha Eritreia). A Somália, vizinha, também é posto avançado dos EUA (o exército dos EUA entrou lá em 2007), e do outro lado está o próprio Paquistão, vizinho do Afeganistão e especialmente da Rússia (Al-Kajida assassination of Buth [??] em 2007).

Por muito tempo não consegui entender o contexto do engajamento dos EUA nesses países. Tinha a explicação clássica que fala das "fontes de energia em países ricos em petróleo", mas de Somália, Sudão, Etiópia e outros meu conhecimento era mínimo. Mas basta dar uma boa olhada num mapa.

A União Europeia e a Primavera Árabe existem para os mesmos objetivos – para expandir a influência dos EUA na direção leste.

Esqueçam por um momento e petróleo, e consegue-se ver outro objetivo estratégico nos citados países. Falo das fronteiras que os EUA passaram a controlar, exatamente de acordo com os planos de fechar o cerco contra a Rússia de todos os lados. Assim sendo, o que está acontecendo na Europa, desde a queda do muro de Berlim na UE, África e Oriente Médio, acontece ao mesmo tempo que a Primavera Árabe. E quando, depois de uns poucos anos desde o lançamento do plano, dá-se uma olhada no mapa, do norte da Europa ao sul da África, quase todos os países inclusive mares muito importantes, estão já sob controle dos EUA.

O sul da Europa pode ser visto sob luz completamente diferente, e é claro o motivo pelo qual Espanha e Grécia nunca foram deixadas sair, mas, em vez disso, tornaram-se vassalos muito dependentes. Assim também o Norte da África (Marrocos, Argélia, Líbia, Egito), como também o Leste (Sudão, Etiópia, Somália – e é impossível não registrar que não é coincidência que o Sudão tenha sido o segundo país africano no qual o Ebola apareceu e que uma conferência para a unificação da África na luta contra o Ebola tenha acontecido na aliada Etiópia. (É muito fácil fazer povos primitivos obedecerem e considerarem os norte-americanos como ‘do bem’ sempre, porque, casualmente, os EUA têm cura para o Ebola).

Quando examinamos a costa do Mediterrâneo, então, praticamente todos os países estão sob controle dos EUA (ou UE) e não se vê nem vestígio de quaisquer interesses soviéticos ou russos. Contudo, ainda restam dois (e hoje, de fato, três) países: o Líbano, a Síria e, pode-se dizer, também a Turquia. Além de sinais de que haja reservas de gás e petróleo significativas nas águas que cercam Grécia e Chipre, o Mar Negro é considerado estratégico para o trânsito e área militar na qual os planos dos EUA só são atrapalhados por Líbano e Síria (e voltaremos, adiante, sobre essa questão).

Se se prossegue adiante na direção do Leste da África, vê-se que os EUA controlam todo o Mar Vermelho, porque a outra margem é controlada por Arábia Saudita e IsraelControlando o Mar Vermelho, também controlam o Mar da Arábia e o Canal de Suez!

Os projetos “Novo Oriente Médio” e “Sete países em cinco anos” estão avançando conforme o plano, e antes de haver um 'grand finale', que será Iraque, Síria e depois o Irã, os EUA tentam desarmar a Rússia levando bases da OTAN para bem perto das fronteiras russas (daí o envolvimento de Ucrânia, Afeganistão e Paquistão), além de trabalhar para impedir que a Rússia cresça economicamente, embora a melhor opção, de longe, seja levar a Rússia ao total colapso econômico. E tudo isso para impedir a qualquer custo que a Rússia se imponha como superpotência concorrente. Essa a razão do conluio com os sauditas, para baixar os preços do petróleo...

O mapa seguinte mostra claramente por que a Ucrânia é tão importante e por que Putin avançou tanto, ao permitir que a Crimeia se unisse novamente à Rússia. O plano era tomar conta da Ucrânia e, com ela, de mais um mar, dessa vez do Mar Negro, cheio de bases da OTAN, ganhando uma parte da fronteira EUA-UE e Rússia. A Ucrânia seria “completada”, antes de chegar a vez da Turquia. A Turquia, segundo os planos, terá papel de imagem especular da Ucrânia, próxima de Síria e Iraque. Quando se anda pelo mapa de norte para o sul, usando as lentes dos estados membros da UE e a ótica da Primavera Árabe, vê-se que o plano avançou muito, desde que foi lançado.

Toda a Europa, incluindo os países da ex-União Soviética, está unida, e a UE está hoje militar e economicamente sob a influência dos EUA, da Noruega até a Geórgia e o AzerbaijãoUcrânia e Crimeia, e todo o Mar Negro está sendo trabalhado. Todo o norte e todo o oeste da África estão sob controle dos EUA, mas o único obstáculo para controlar todo o Mediterrâneo e todo o Oriente Médio é agora Síria e Iraque. E a Turquia, que é país de imensíssima importância estratégica! A Turquia é vizinha de Síria, Iraque e Irã; e tem boas relações com a Rússia. E a Crimeia é muito próxima dali, só atravessar o Mar Negro (e uma Crimeia russa, não uma Crimeia da OTAN). Eis porque Putin fez aquilo por que não será jamais perdoado (‘inventou’ uma Nova Ordem Mundial). O Mar Negro, assim, se converteu em obstáculo muito maior do que jamais se esperara em relação ao papel da Turquia.

A Turquia é sabidamente um ponto fundamental mediante o qual ou a Europa deixará de depender da energia da Rússia, ou para pôr as fontes russas de energia bem longe do alcance dos europeus. Seria como matar dois pássaros com uma pedra só, porque os dois objetivos são desejáveis.

Putin cancelou o gasoduto Ramo Sul, o petrodólar subiu

Comecei o artigo citando uma manchete famosa de dezembro de 2014, sobre o rublo enfraquecido. Mas a manchete realmente importante deveria ser outra – a que anunciava que Putin estava cancelando o projeto do gasoduto Ramo Sul. Em outras palavras – a Rússia não mais levaria gás até a Europa pela rota sul (via o Mar Negro) (a rota norte, o gasoduto Ramo Norte, pelo quão o gás russo chega à Alemanha, está pronto e operante). Esperava-se que o Ramo Sul cruzaria o Mar Negro até a Bulgária, via Sérvia, Hungria, Eslovênia e Áustria no nordeste da Itália, com conexões para Croácia, Macedônia, Grécia e Turquia. A construção foi decidida em 2010 e deveria ter sido concluída no ano seguinte.

Depois da reunificação Rússia-Crimeia, os EUA-UE decidiram punir Putin pelo Ramo Sul. O quanto, desde a reunificação Crimeia-Rússia, a UE esbravejou que o Ramo Sul seria errado! O quanto a UE ameaçou Áustria, Hungria e Bulgária, repetindo que a construção teria de ser suspensa! A Hungria foi a mais criticada por esperar a suspensão até o último instante, enquanto a Bulgária anunciava o fim já em junho: “O governo da Bulgária, a pedido de Bruxelas, suspendeu o trabalho no Ramo Sul” – até que o projeto foi afinal cancelado pelo próprio Putin.

Agora, em conferência de três horas, Putin diz que a crise russa durará ainda mais dois anos, e que, na sequência, outra vez o mundo precisará dos recursos russos de energia. Putin compreendeu que absolutamente não se tratava do gasoduto ou de transportar gás pelo território ucraniano, mas que, desde o começo, sempre se tratou de impedir que gás e petróleo russos chegassem aos mercados europeus.

Significa que o fio de água que mantém a vida do dólar norte-americano não é só o rublo enfraquecido, mas principalmente a retirada da Rússia das linhas de fornecimento de gás adicional para a Europa!

Os EUA precisam de que a Europa dependa da energia de qualquer origem, menos da Rússia; e querem manter a Rússia afastada dos mercados de energia e, assim, economicamente deprimida.

Tudo isso implica zombar aberta e declaradamente da posição que a União Europeia (EU) abraçou, liderada por A.Merkel.

Foi ela quem mais exigia a rápida conclusão das obras do Ramo Sul; foi ela quem ordenou que as obras fossem concluídas, e quando Putin declarou que o projeto seria cancelado (alguns analistas falam de responder provocação com provocação, outros falam de punição contra a Europa, que não tem outras fontes de fornecimento e não as terá em 2015), foi Merkel, mais uma vez, que ordenou à Bulgária que exigisse que as obras continuassem! E também ameaçou a Rússia com tribunais e processos por não cumprimento de compromissos assinados não só com a Bulgária, mas com toda a União Europeia!

Quer dizer: depois de a Rússia estar economicamente enfraquecida pelas sanções econômicas e baixos preços do petróleo, ainda foi ameaçada por não cumprir contratos!

O dólar continua respirando e começa a renascer dos mortos. Quem suponha que a causa disso seja o petróleo de xisto norte-americano (com o qual a Europa conta), engana-se completamente. O cancelamento do Ramo Sul aproxima-se de um plano que está sendo executado pelo ISIL e à tarefa que se supõe que a Turquia venha a completar. O mapa seguinte mostra a área que está sendo controlada pelo ISIL. Essa área estende-se por Iraque e Síria (mais uma vez, dois pássaros com uma só pedra?). E prestem atenção também à cidade de Kobani na fronteira com a Turquia. Deem uma olhada nessa cidade síria e na Turquia, a partir de outros pontos chaves.

Os matadores em Maidan, Ucrânia, e no ISIL cumprem a mesma missão – petróleo e gás

Em 2013, a Ucrânia teria de assinar um acordo de integração com a União Europeia. Yanukovych foi pressionado de todos os lados, e acreditava-se que a coisa estaria resolvida até o final do ano.

Agora, é preciso examinar o ponto final do plano – Síria e Iraque. E a Turquia.

O Estado Islâmico já existe desde 1999, mas só se tornou movimento radical em 2013. Por algum ‘acaso’, depois de uma visita, em maio de 2013, que o senador McCain, Republicano dos EUA, fez aos futuros líderes do ISIL, durante a qual foi fotografado com eles. Voltem a examinar o mapa acima e observem os pontos em que o ISIL é mais radical: Síria e Iraque (no Iraque, principalmente nas áreas de onde extraem petróleo) e a fronteira com a Turquia – cidade de Kobani.

Ao longo de 2014, os principais eventos cobertos pela imprensa-empresa comercial foram sempre o ISIL – a expansão e a conquista e ocupação de terminais petroleiros. E, porque Yanukovych não assinara o acordo, também começamos, imediatamente, a ouvir notícias de Maidan na Ucrânia, que se estenderam por todo o ano.

Mas caso é que, nesse mesmo tempo, a missão “Ucrânia” foi-se complicando, porque o acordo de integração não havia sido assinado (no momento [o artigo foi escrito em dezembro de 2014], esse processo está sendo concluído a qualquer custo, mesmo ao custo de levar neonazistas ao governo da Ucrânia). A missão “Síria, Iraque, Turquia” também foi iniciada conforme o plano e prossegue independentemente do plano Ucrânia “ainda não concluído”. E, isso, apesar de o ano de 2014 ter trazido complicação extra, que os EUA não previram: que perderiam a Crimeia.

Seja como for, a Ucrânia e também o ISIL são assunto de fronteiras, têm a ver com a esfera de influência sob controle dos EUA, sobre pôr a Rússia de lado e tomar conta de todos os recursos ocidentais de energia.

Já existia um projeto par levar petróleo e gás para a Europa e excluía completamente a Rússia; já estava em andamento desde 2002: o projeto do gasoduto Nabucco.

O carvão do Cáspio para a Europa passa por Turquia e Oriente Médio e vai para a Europa pela Turquia. Há uma grande Maidan no horizonte.

Durante muito tempo, acreditei que o objetivo de inventar uma Europa independente da energia russa, promovido pelos EUA e seus escravos europeus, seria tornar a Europa dependente dos xistos norte-americanos. Com certeza aconteceria, porque não haveria alternativa para a Europa, senão a de comprar a energia norte-americana mesmo que muito mais cara – sobretudo depois de Putin renunciar ao Ramo Sul e Nabucco ter acabado em fiasco. Mas fato é que não há xistos norte-americanos suficientes para fornecer energia à Europa; a Europa continua dependendo do petróleo do Cáspio e, em particular, do Oriente Médio. Fato é, também, que a energia dos xistos norte-americanos e do Oriente Médio será paga pelos dólares norte-americanos.

Por isso, em 2002, inventou-se o "projeto Nabucco". Continua até hoje como oleogasoduto não construído, que teria reduzido a dependência da Europa do gás e petróleo russos, e que traria gás do Cáspio, do Azerbaijão, para a Europa. A Rússia envia 120 bilhões de metros cúbicos de gás por ano para a Europa pela Ucrânia; a capacidade do Nabucco foi planejada para alcançar, no máximo, 31 bilhões de metros cúbicos. Mas, se se acrescentasse o ramo iraniano, a capacidade poderia ser integralmente coberta só com recursos do próprio projeto. Dado que os recursos iranianos não estão ao alcance da Europa, e o fornecimento do Cáspio seria insuficiente, a Europa, em seu próprio benefício, continua a adiar a construção do Nabucco – muito contra o desejo dos EUA.

Mas o maior problema para o Nabucco foi a Turquia, que exigia que até 15% do gás fosse bombeado para atender às necessidades do próprio país. Depois de anos de negociações com a UE, a Turquia afinal desistiu dessa exigência. (Nota: Vocês acham que seriam pura coincidência, no que tenham a ver com unir-se à UE, essas semelhanças entre Turquia e Ucrânia?)

Em 2009, quando se fizeram arranjos de transporte entre Bulgária, Romênia, Hungria e Áustria, foi assinado um acordo para a construção do oleogasoduto Nabucco. O primeiro-ministro turco falou de “momento histórico”; e a UE esperava que o primeiro gás não-russo chegaria à Europa no início de 2014. E isso apesar do fato de que – como então se dizia – “ainda há alguns pontos, dos quais o mais importante é de que locais serão bombeado o gás para Nabucco.” Contava-se de início, com fontes no Azerbaijão; depois, com o fato de que haveria outras grandes reservas de petróleo e gás no Mar Cáspio, de tal modo que o volume seria gradualmente aumentado. Até que, no verão de 2013, chegaram notícias as mais chocantes: fiasco do projeto concebido por EUA e UE, fim do projeto Nabucco, a Europa continuava a depender do gás russo.

Em vez de usar o gasoduto Nabucco, o Azerbaijão escolheu transportar gás natural para a Europa pelo gasoduto TANAP-TAP (Trans-Anatólia e Trans-Adriático) [orig.Trans Anatolian Natural Gas Pipeline (TANAP)-Trans Adriatic Pipeline (TAP)], que levaria à fronteira turca via Grécia e Albânia e à Itália. A principal razão por trás da mudança era o custo mais baixo do capital e preços mais altos do gás, no sul. A União Europeia e os EUA ficaram muito gravemente chocados quando Putin aprovou a ideia. Minha opinião é que a construção do gasoduto Ramo Sul, decidida em 2007 e selada em 2010 – sem considerar o Nabucco – só foi aprovada porque os recursos do Cáspio não são suficientes para a Europa; serviria por algum tempo, até que o Nabucco fosse conectado a outras fontes de petróleo (Iraque, Irã, Egito). Só depois disso é que estaria ‘ratificada’ a total dependência de recursos russos.

Além do mais, o Ramo Sul consagrava o fato de que a russa Gazprom só teria 50% das ações, com os outros divididos entre empresas alemãs, italianas e austríacas. Claro que o Ramo Sul foi aprovado sob influência de altas expectativas geradas pelo projeto Nabucco. De repente, já não havia projeto Nabucco e tudo murchou como balão furado.

Sob influência dos EUA, mesmo depois de cancelado o projeto Nabucco, a União Europeia ainda não desistira de encontrar meios para expulsar da Europa todo o gás russo. Mais uma vez, depois de longas negociações com a Turquia que acabaram um mês antes de Putin anunciar o cancelamento do Ramo Sul, o presidente Erdogan da Turquia afinal assinou os documentos necessários para a construção do oleogasoduto TANAP-TAP. No final de outubro de 2014, ficou decidido que a construção do TANAP-TAP podia começar. O primeiro gás do Cáspio a ser transportado por essa via para a Turquia deve chegar lá em 2018; da Turquia para a Europa, em 2019. O gasoduto TANAP-TAP foi projetado para contornar a Rússia e é essencialmente similar ao projeto Nabucco.

Seja pelo projeto Nabucco, Ramo Sul ou TANAP-TAP, a União Europeia continua sem satisfazer todas as ordens e desejos dos EUA, para que a Europa se livre completamente da dependência de energia russa. Além do mais, com Nabucco ou TANAP-TAP, a Europa continua a precisar da Turquia. A Turquia sabe disso e põe-se a ditar condições, enquanto a UE joga xadrez com a Turquia (assim se explica por que a Turquia ainda não é membro da União Europeia, mas também explica as recentes [em 2014] tentativas de promover por lá uma ‘revolução colorida’). Petróleo e gás entregues da Arábia Saudita à Europa têm de chegar pela Síria.

A Síria é protegida por interesses russos, por um lado, o que assegura que o fluxo de energia não passe pelo Mar Mediterrâneo; e por outro lado assegura que não passe pela Turquia. A Síria, com o Líbano, representa o único ponto de resistência na costa mediterrânea, e o único país que a que a Rússia não deixou com a influência pós-soviética e antissionista. O mesmo problema é o Iraque, aliado da Síria (superrrico em petróleo) e também o Irã (o maior país antidólar-norte-americano e cheio de petróleo que, contudo, quer autogovernar-se, não só alimentar o petrodólar).

E assim, afinal, se compreende, de repente, por que surge um ramo tão ‘radical’ como o Estado Islâmico. É tão radical, mas exclusivamente para conquistar Síria e Iraque; só conquista terminais de petróleo, e só corre diretamente para cidades insignificantes, como Kobani na Síria, exatamente sobre a fronteira com a Turquia. E por que a Turquia (o segundo maior exército na OTAN) repentinamente virou barata morta no que tenha a ver com dar combate ao ISIL. E por que repentinamente se tornou aliada, não apenas da Rússia, mas também do ISIL. A Turquia finalmente compreendeu o que muitos sabiam há muito tempo – que fora jogada ao mar. E que há uma Maidan pronta para a Turquia (comparada à qual a ucraniana não passa de ‘virose’ leve). 

Quero acrescentar que países que servem como rota de passagem para petróleo e gás têm sorte idêntica à de países que têm petróleo e gás – nos dois casos, os EUA arrancam dos países todos os lucros e todas as vantagens.

Todos os caminhos levam a Kobani e Ceyhan. Aliança da OTAN ao lado do Curdistão

Batalha de Kobani pode reescrever a história do Oriente Médio” – diz a manchete de um blog. No texto, dentre outras coisas, o autor escreve que “Kobani – cidade que há algumas semanas ninguém conhecia, além dos curdos e de alguns habitantes da Síria. Hoje, esse nome provoca a imprensa de todo o planeta, a começar pela CNN, até a chinesa CCTV. Mas por que os aliados estão empregando tanto esforço que custa diariamente milhões de dólares a Washington e outros países, para resultado absolutamente incerto?”

Há várias respostas. Kobani, cidade rural onde viviam 45 mil habitantes antes do início dos combates, é de fato o último bastião dos curdos, e, se for conquistada pelo Estado Islâmico, estará aberto o caminho para que ocupem o território ao longo dos 1.200 km da fronteira sírio-turca. As consequências seriam fatais, pois, principalmente para os curdos, se os jihadistas atirarem sobre tudo que se mova e cortarem todas as cabeças que lhes cruzem o caminho.

A vitória fortalecerá também a posição do EI, para mandar mais e mais combatentes para a cidade de Kobani. O mundo terá comprovado que não é capaz de deter raids que envolvam os mais avançados combatentes pró-EUA. Finalmente, o EI terá obtido controle sobre áreas que serão usadas para contrabandear quantidades muito superiores de petróleo, e recolher muitos milhões a mais, de dólares.

A hipocrisia turca – milhares de refugiados curdos, ao lado de soldados turcos, assistem diariamente à luta em Kobani. Os canhões de seus tanques estão apontados para posições do EI, mas não abrem fogo. Ankara, no passado uma das aliadas chaves da OTAN, recusa-se a ajudar os curdos e atacar os jihadistas.

A tenacidade com que os turcos recusam-se a retirar-se já gera especulações. Por que o EI libertou dúzias de prisioneiros turcos, enquanto jornalistas norte-americanos, britânicos e iraquianos são decapitados e vídeos das execuções são espalhados pelo mundo? Por que libertaram até parentes do Califa do Estado Islâmico, que eram mantidos prisioneiros ou em hospitais? E por que 180 radicais islamistas viram-se repentinamente postos em liberdade, alguns deles com passaportes britânicos, suíços e macedônios, e todos imediatamente engajados em combates no Iraque e na Síria?

Ankara praticamente não respondeu aos pedidos de ajuda dos curdos sírios. Nem os EUA conseguiram persuadir Ankara a, pelo menos, ceder suas bases aéreas para ataques contra o EI. Até o presente, os ataques partem do Bahrain, Qatar e de outros países da Península Árabe.

A Turquia é responsável pelo massacre de curdos conectados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, PKK, considerado banido e chamado de grupo terrorista na Turquia. A Turquia criticou o fornecimento de armas e munições, pelos EUA, aos curdos em Kobani. Mas Ankara deixa que os líderes da chamada ‘oposição’ síria, sejam membros da Frente al-Nusra, a al-Qaeda-na-Síria, ou, até, do Estado Islâmico, circulem livremente e tomem café nas cafeterias em Istanbul.

A Turquia como aliada da OTAN e do EI – eis a vergonha da aliança. O governo turco repetidas vezes indicou publicamente que não cooperaria com a OTAN no caso de possível ação contra o ISIL se os jihadistas não começassem a atacar as fronteiras turcas. E se alguém sente que o EI poderia invadir a Turquia, com certeza acabaria desapontado. A Turquia, ao contrário disso, reforçou sutilmente a aliança com o ISIL e não admitiu nenhuma base de forças móveis da OTAN em seu território. E se ainda parece pouco, para que a imprensa-empresa ocidental e as agências de inteligência comecem a investigar se a Turquia está cometendo crimes de guerra, com certeza é mais do que suficiente para verificar o que a Turquia pode fazer contra a própria OTAN.

Já há semanas a Turquia está libertando prisioneiros – muçulmanos ortodoxos e, até, membros conhecidos do Estado Islâmico, em troca de turcos capturados pelo EI. Dentre outros, libertaram um muçulmano que matou no norte da Europa e foi preso na Turquia. A Turquia, ainda tentando escapar do crime de genocídio no início do último século, pode estar manifestando sua gratidão, desse modo sutil.

O ISIL e a Turquia já acertaram a construção de uma embaixada na Turquia. Assim, a Turquia reconheceu o EI como nação oficial e legítima. As ações da Turquia que vão efetivamente contra a OTAN vão até mais longe. Nas fronteiras, a Turquia e o EI não permitem que curdos entrem na cidade de Kobani. Turcos e islamistas não permitem sequer que entrem comida e água para a cidade de Kobani. Reação adequada seria excluir a Turquia da aliança e suspender todas as negociações para que o país seja admitido ao clube da União Europeia.

A confusão é total e quem, de fato, compreenderia tudo isso? Mas é bem simples – os EUA decidiram sacrificar boa fatia de território turco em favor de um novo Curdistão. As fronteiras da Turquia como são não valem mais e os curdos vivendo aqui na Síria, aqui no Iraque e Irã, e também em grande parte da Turquia, devem ter seu novo e oficialmente reconhecido estado à custa de redução do território da Síria e especialmente da Turquia e uma divisão do Iraque. Criar o Curdistão é um objetivo. O Curdistão, que será grato pela expansão de seu território, não se oporá a que petróleo e gás transitem em qualquer direção, como era feito na Turquia – e certamente será subserviente aos EUA.

A Turquia está pagando, como a Ucrânia, por sua posição estratégica; assim como a Ucrânia enfrenta uma dura escolha: ou sacrifica uma parte do próprio território para que ali se estabeleça o Curdistão, ou prefere aliar-se ao ISIL. Com qual desses males a Turquia conseguirá lidar mais facilmente, para enfrentar os EUA, sempre a empurrar o país (como fazem na Ucrânia) na direção de ter de escolher a qualquer custo?

Talvez seja óbvio desde o início, para os líderes do Estado Islâmico, que eles têm de atender aos interesses dos EUA, e que, quando tudo estiver resolvido como os EUA desejam nos três países mencionados, a OTAN parará de fingir que não é capaz de derrotar o EI, e todos saberão que o que prometeu (inclusive a islamização da Europa) nunca passou de conversa fiada. Aliás, já agora se ouve de todos os lados que “a maior ameaça que pesa sobre o mundo é um estado islâmico”. E talvez o EI esteja jogando esse jogo para obter outras vantagens para si. E o EI talvez já saiba que é só uma questão de tempo até que a OTAN em aliança com o Curdistão ataque os mesmos islamistas que, hoje, a aliança hoje finge que não seria capaz de vencer militarmente.

O que foi aquela reunião amigável entre o senador McCain e futuros líderes do ISIL em maio de 2013... se hoje o principal problema da OTAN é derrotar o ISIL?

E não haverá algo muito estranho no fato de a OTAN, que ousa desafiar até a Rússia, ‘perca’ em combate contra qualquer ISIL e que, para ajudá-la na luta contra o Estado Islâmico mobilize e apoie os curdos? Muito, muito parecido, isso sim, com o apoio que a OTAN dá aos fascistas na Ucrânia. A Turquia até aqui, como a Ucrânia, vivia vida normal – em todos os pontos onde houvesse um gasoduto, a Turquia sempre teve laços com fontes russas e iranianas.

O ponto focal de fornecimento para a Turquia é a cidade de Ceyhan, cidade com rotas de trânsito concluídas do Oriente Médio. Ceyhan está localizada no Mar Mediterrâneo, a pequena distância da Allepo síria. Assim sendo, depois de dominada Ceyhan, bastaria remover do poder o presidente Assad... e o petróleo do Qatar e da Arábia Saudita poderia viajar livremente para a Europa. Ceyhan está na mesma linha de fronteira que a cidade síria de Kobani.

A pergunta que se impõe é: atacar a Kobani síria será estratégia para tomar a Ceyhan turca e assim controlar a fronteira com Síria e Turquia para superar os dois obstáculos no caminho da energia do Oriente Médio para a Europa?

Afinal, por que esperar por um oleogasoduto TANAP-TAP, quando você pode cancelar Turquia e Síria no formato atual e estabelecer um Curdistão em partes daqueles territórios, e a via para o carvão do Oriente Médio até a Europa estaria praticamente completa? E por que não mandar o carvão do Qatar, Arábia Saudita e Israel diretamente para a Europa, bastando para tanto livrar-se de Assad e assumir o comando da cidade de Ceyhan, para que a rota até a Europa esteja praticamente concluída. Tudo o que acontece por ali só tem a ver com Kobani e Ceyhan, e a fronteira sírio-turca.

Encontra-se na internet um vídeo no qual se pode ver novamente o mapa das operações do ISIL em torno de Kobani e ouve-se o Pentágono declarar que ataques aéreos norte-americanos não salvarão Kobani de ser tomada pelo ISIL, apesar dos inenarráveis crimes contra a humanidade cometidos naquela país, até a vitória final do ISIL.

Síria, Irã e Turquia conhecem o plano desde 2006

Agora tenho de retomar o ponto onde comecei e voltar ao vídeo no qual Wesley Clark, em 2007, falou de “Sete países em cinco anos”. Há vários links, e sugiro dessa vez que se escute o trecho em que, mais ou menos em 5’55, W. Clark diz: “Essa é a razão pela qual estamos fracassando no Iraque. Porque Síria e Irã sabem do plano [de sete países em cinco anos].”

Não sei por que W. Clark, ex-escravo do Pentágono, pôs-se, de repente, a dizer essas coisas. Deve ter passado por mudança profunda, e ele fala com convicção. Mas a fala de Clark levanta dúvidas sobre o fato de ter vindo a público um ano depois que vazaram para a opinião pública os mapas de 2006 para redesenhar as fronteiras do Oriente Médio. Esses mapas também chegaram à Turquia, onde geraram choque profundo.

Encontram-se na internet os mapas que mostram as fronteiras do Oriente Médio. 

FONTE: do "The Vineyard of the Saker" -- http://vineyardsaker.blogspot.com.br/2015/02/Sete-países-in-five-years.html
(Orig. Observer). Traduzido por "Vila Vudu" e postado no "Patria Latina"     (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=cfa31d8130bef0e6643e5de9d0a0cac9&cod=15129).[Título acrescentado por este blog 'democracia&política'].

COMPLEMENTAÇÃO

EUA ajudou Estado Islâmico, denuncia ex-primeiro-ministro iraquiano
"O ex-primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, responsabilizou o presidente estadunidense, Barack Obama, pelo crescimento do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e pela entrada dos radicais no Iraque e em outros países da região.

Integrantes do Estado Islâmico nas ruas de Mossul, no Iraque

Al-Maliki, que chegou ao poder sob plena ocupação do Iraque pelas tropas dos Estados Unidos, refutou comentários de Obama nos quais o acusou de ter fomentado diferenças étnicas e sectárias no país durante seus oito anos de administração (2006-2014).

Os critérios do presidente norte-americano representam a confusão de Washington em lidar com os acontecimentos regionais, especialmente os que têm lugar na Síria e no Iraque”, replicou o ex-chefe de governo.

Os Estados Unidos ajudaram o EI a ganhar mais poder”, enfatizou para depois assinalar que a visão estadunidense "ignora deliberadamente fatos óbvios e (mostra) um esforço por confundir à opinião pública norte-americana e mundial".

Segundo Al-Maliki, a Casa Branca e seus aliados "cometeram um erro estratégico quando usaram o EI e a Frente Nusra para derrubar o sistema político na Síria e essa política jogou um papel no fortalecimento do EI no Iraque e em outras nações da região".

Depois de qualificar como "teatrais" os ataques aéreos da coalizão internacional encabeçada pelo Pentágono, o ex-primeiro-ministro considerou os comentários de Obama "irresponsáveis e injustificados" porque desencorajam as forças de segurança em suas batalhas decisivas contra os terroristas.

O presidente norte-americano sabe bem que o Iraque, desde o início, alertou do perigo dos grupos extremistas e a eclosão da convulsão em países árabes, bem como suas consequências para a segurança regional e mundial, mas os Estados Unidos ignoraram essas advertências”.

Assim mesmo, o ex-governante xiita, que deixou o cargo no verão de 2014, criticou a negativa estadunidense em entregar aviões militares, armas e munições, e sua vacilação em armar as forças iraquianas para enfrentar os "takfiristas" (terroristas islâmicos sunitas) do EI.

"Mosul (segunda cidade do Iraque e capital da província ao norte de Nínive) caiu nas mãos do EI em junho passado no meio da negligência de Washington e do entusiasmo de algumas capitais regionais", denunciou."

FONTE da complementação: do "Prensa Latina". Transcrito no portal "Vermelho"  (http://www.vermelho.org.br/noticia/259388-9).

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