As sementes da guerra árabe foram plantadas pelo Ocidente, que finge estar chocado
Por Fernando Brito
"O governo militar (pró-americano, pero no mucho) lançou hoje um ataque aéreo contra supostas posições do Estado Islâmico na Líbia.
A Líbia, como se sabe, depois da deposição e assassinato de Muammar Gaddafi, é palco de guerra tribal crudelíssima.
A Síria, depois de uma guerra civil francamente apoiada pelos americanos- com armas, inclusive – virou outro campo de batalha do ISIS.
O Iraque, totalmente dominado e reorganizado ao gosto dos EUA, tem um quarto do território dominado pelos ditos extremistas islâmicos.
Convenhamos, manter exércitos, territórios e domínio territorial em – pelo menos – três países é muito para, simplesmente, um grupo de fanáticos que resolveu proporcionar ao mundo espetáculos de selvageria.
Vejam o relato que faz hoje, na "Folha", a repórter Patrícia Campos Melo, no Curdistão iraquiano:
“Desde que proclamou seu “califado” em junho, o EI já conquistou um terço do território iraquiano, incluindo Mossul –a segunda maior cidade do país–, e agora tenta tomar Kirkuk.
A luta dos curdos contra o EI é desigual. Os cerca de 30 mil extremistas do EI dispõem de alguns dos mais modernos armamentos americanos. Quando o grupo terrorista tomou cidades como Mossul, o Exército iraquiano fugiu e deixou armas e tanques.
Já os cerca de 150 mil peshmerga (soldados curdos) têm que se virar com armas ultrapassadas e insuficientes. “À noite, desce um nevoeiro e fica muito difícil enxergar os militantes do EI que cruzam o rio, porque não temos óculos de visão noturna para todos”, disse o general Barzan Qasab, comandante da base de Gwer, a 15 quilômetros de Mossul.
Lá, eles improvisaram seu próprio tanque “made in Curdistão”: caminhonetes Toyota LandCruiser adaptadas com placas de ferro para montar a metralhadora DShK 1938 (metralhadora soviética da 2ª Guerra, nota do "Tijolaço") que eles chamam de “Doshka”.
Como é que os “fanáticos” estão armados com "equipamento americano"?
O ISIS, para falar a linguagem cinematográfica americana, são a "Al-Qaeda, parte II".
As suas armas e apoio organizacional, tal como ocorreu com Osama Bin Laden no Afeganistão, chegaram dos americanos, diretamente, ou pela Arábia Saudita, onde cortam-se cabeças sem escândalo e se finge condenar o ISIS, sunitas como a Casa de Saud.
Observe isso e você vai entender porque os sauditas forçam a queda do preço do petróleo.
O alvo continua sendo o Irã, única potência regional “não-amiga” e, claro, suas alianças com a Rússia e a China.
O mundo, definitivamente, não é para tolos.
Ou, talvez, seja mesmo para imbecis."
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=24824).
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