Falseamentos no debate sobre a taxa de juros no Brasil
Por Diogo Costa
DEBATE MISERÁVEL SOBRE A TAXA DE JUROS
"Analisar os fatos e os dados como eles são é um pré-requisito para quem pretende falar ou escrever sobre um tema específico.
Atualmente, se vê inúmeras pessoas falando que o Brasil tem a "maior taxa de juros do mundo", e que a taxa real de juros (taxa real é a taxa nominal menos a inflação) também é a "maior do mundo".
Em primeiro lugar, o Brasil não tem a maior taxa de juros do mundo. Basta dar um pulinho na Argentina e na Venezuela para constatar que isso é ampla e absolutamente falso.
Em segundo lugar, o Brasil também não tem a maior taxa real de juros do mundo.
Aliás, nos quesitos taxa nominal e taxa real de juros, é preciso desmistificar alguns outros pontos.
A taxa nominal de juros do Brasil é hoje de 14,25% ao ano. Nos dois ajustes macroeconômicos anteriores, feitos em 1999 e em 2003, a taxa de juros era maior do que é hoje. Vejamos:
-Taxa de juros em agosto de 2015: 14,25%;
-Taxa de juros em agosto de 2003: 24,5%;
-Taxa de juros em agosto de 1999: 19,5%.
No quesito taxa real de juros, cumpre relembrar algo que é tão simples e óbvio que talvez seja por isso que as pessoas não se dão conta. Vejamos:
-Taxa real de juros em agosto de 2015: 4,8%;
-Taxa real de juros em janeiro de 2011: 4,8%;
-Taxa real de juros em janeiro de 2007: 10,1%;
-Taxa real de juros em janeiro de 2003: 12,4%;
-Taxa real de juros em janeiro de 1999: 27,3%.
Ou seja, a atual taxa real de juros é rigorosamente a mesma que existia em janeiro de 2011, quando Lula passou a faixa presidencial para a presidenta Dilma Rousseff.
Além disso, é nítida e cristalina a queda gradual na taxa real de juros do Brasil nos últimos 16 anos.
É preciso destacar que, entre o segundo semestre de 2012 e o primeiro semestre de 2013, o Brasil administrado por Dilma praticou a menor taxa nominal (7,25%) e a menor taxa real (1,4%) de juros de toda a sua história.
Isso não garantiu o crescimento econômico do país por uma razão bem simplória: a taxa de juros é apenas um dos vários elementos que impulsionam ou reprimem a economia de um país.
Visto de forma descontextualizada, a taxa de juros não quer dizer absolutamente nada. Isolado, o indicador se transforma em mero número solto no ar.
Notem que os EUA têm uma taxa de juros de 0,25% ao ano, de forma ininterrupta desde dezembro de 2008. O Japão está com uma taxa de juros de 0,1% ao ano e a Zona do Euro tem taxas ainda menores, de apenas 0,05% ao ano.
Segundo o pensamento mágico dos "juristas" brasileiros, os EUA, o Japão e a Zona do Euro deveriam estar crescendo vigorosamente, não é verdade?
Se o problema é única e exclusivamente a taxa de juros, nominal ou real, os países que têm juros próximos de 0% deveriam crescer mais do que a China!
No entanto, não é assim que tem acontecido. E não tem acontecido porque, como foi dito antes, a variável taxa de juros é apenas uma entre tantas outras.
E deve ser analisada em conjunto com as demais variáveis.
Querer analisar a economia brasileira ou qualquer outra sem levar em conta aspectos fiscais, monetários, creditícios, salariais e cambiais, entre outros, de forma conjunta, é pura perda de tempo e ilusionismo retórico.
O maior problema do Brasil não é a política monetária, mas sim a restrição fiscal oriunda do exaurimento da política econômica anticíclica, verificado cabalmente no ano passado (déficit fiscal em plena vigência da política econômica anticíclica, déficit este que não tínhamos desde o ano de 1997).
Esse exaurimento, combinado com a queda brutal no valor das commodities, é que está impactando sobremaneira o Brasil (e todos os países emergentes).
Outro fator de restrição econômica importante era o câmbio, que vinha se desvalorizando desde janeiro de 2011, ainda que de forma insuficiente. A maior desvalorização neste ano, no médio prazo, é positiva.
Os benéficos efeitos da desvalorização cambial ajudarão a reforçar a posição industrial do país e a geração de empregos. Os efeitos virão com mais força a partir do ano que vem.
Superada a restrição fiscal, a inflação acima da meta e o câmbio, as perspectivas de médio prazo são boas para o Brasil.
A inflação voltará para a meta já a partir do ano que vem. O câmbio está solucionado e tomara que o real se desvalorize ainda mais.
A grande questão não equacionada a contento é a fiscal. Solucionando essa restrição, a política monetária poderá ser bastante relaxada."
FONTE: escrito por Diogo Costa no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/blog/diogo-costa/falseamentos-no-debate-sobre-a-taxa-de-juros-no-brasil-por-diogo-costa).
Atualmente, se vê inúmeras pessoas falando que o Brasil tem a "maior taxa de juros do mundo", e que a taxa real de juros (taxa real é a taxa nominal menos a inflação) também é a "maior do mundo".
Em primeiro lugar, o Brasil não tem a maior taxa de juros do mundo. Basta dar um pulinho na Argentina e na Venezuela para constatar que isso é ampla e absolutamente falso.
Em segundo lugar, o Brasil também não tem a maior taxa real de juros do mundo.
Aliás, nos quesitos taxa nominal e taxa real de juros, é preciso desmistificar alguns outros pontos.
A taxa nominal de juros do Brasil é hoje de 14,25% ao ano. Nos dois ajustes macroeconômicos anteriores, feitos em 1999 e em 2003, a taxa de juros era maior do que é hoje. Vejamos:
-Taxa de juros em agosto de 2015: 14,25%;
-Taxa de juros em agosto de 2003: 24,5%;
-Taxa de juros em agosto de 1999: 19,5%.
No quesito taxa real de juros, cumpre relembrar algo que é tão simples e óbvio que talvez seja por isso que as pessoas não se dão conta. Vejamos:
-Taxa real de juros em agosto de 2015: 4,8%;
-Taxa real de juros em janeiro de 2011: 4,8%;
-Taxa real de juros em janeiro de 2007: 10,1%;
-Taxa real de juros em janeiro de 2003: 12,4%;
-Taxa real de juros em janeiro de 1999: 27,3%.
Ou seja, a atual taxa real de juros é rigorosamente a mesma que existia em janeiro de 2011, quando Lula passou a faixa presidencial para a presidenta Dilma Rousseff.
Além disso, é nítida e cristalina a queda gradual na taxa real de juros do Brasil nos últimos 16 anos.
É preciso destacar que, entre o segundo semestre de 2012 e o primeiro semestre de 2013, o Brasil administrado por Dilma praticou a menor taxa nominal (7,25%) e a menor taxa real (1,4%) de juros de toda a sua história.
Isso não garantiu o crescimento econômico do país por uma razão bem simplória: a taxa de juros é apenas um dos vários elementos que impulsionam ou reprimem a economia de um país.
Visto de forma descontextualizada, a taxa de juros não quer dizer absolutamente nada. Isolado, o indicador se transforma em mero número solto no ar.
Notem que os EUA têm uma taxa de juros de 0,25% ao ano, de forma ininterrupta desde dezembro de 2008. O Japão está com uma taxa de juros de 0,1% ao ano e a Zona do Euro tem taxas ainda menores, de apenas 0,05% ao ano.
Segundo o pensamento mágico dos "juristas" brasileiros, os EUA, o Japão e a Zona do Euro deveriam estar crescendo vigorosamente, não é verdade?
Se o problema é única e exclusivamente a taxa de juros, nominal ou real, os países que têm juros próximos de 0% deveriam crescer mais do que a China!
No entanto, não é assim que tem acontecido. E não tem acontecido porque, como foi dito antes, a variável taxa de juros é apenas uma entre tantas outras.
E deve ser analisada em conjunto com as demais variáveis.
Querer analisar a economia brasileira ou qualquer outra sem levar em conta aspectos fiscais, monetários, creditícios, salariais e cambiais, entre outros, de forma conjunta, é pura perda de tempo e ilusionismo retórico.
O maior problema do Brasil não é a política monetária, mas sim a restrição fiscal oriunda do exaurimento da política econômica anticíclica, verificado cabalmente no ano passado (déficit fiscal em plena vigência da política econômica anticíclica, déficit este que não tínhamos desde o ano de 1997).
Esse exaurimento, combinado com a queda brutal no valor das commodities, é que está impactando sobremaneira o Brasil (e todos os países emergentes).
Outro fator de restrição econômica importante era o câmbio, que vinha se desvalorizando desde janeiro de 2011, ainda que de forma insuficiente. A maior desvalorização neste ano, no médio prazo, é positiva.
Os benéficos efeitos da desvalorização cambial ajudarão a reforçar a posição industrial do país e a geração de empregos. Os efeitos virão com mais força a partir do ano que vem.
Superada a restrição fiscal, a inflação acima da meta e o câmbio, as perspectivas de médio prazo são boas para o Brasil.
A inflação voltará para a meta já a partir do ano que vem. O câmbio está solucionado e tomara que o real se desvalorize ainda mais.
A grande questão não equacionada a contento é a fiscal. Solucionando essa restrição, a política monetária poderá ser bastante relaxada."
FONTE: escrito por Diogo Costa no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/blog/diogo-costa/falseamentos-no-debate-sobre-a-taxa-de-juros-no-brasil-por-diogo-costa).
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