Foto: Divulgação CNBB
Bispos católicos divulgam duro manifesto contra golpe
Bispos denunciam que “propaganda derrotista” gera “pessimismo contaminador”
“É inadmissível alimentar a crise econômica com uma crise política irresponsável e inconsequente”, diz a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em nota.
Por "Adital" (via "Revista Forum"). Postado por Miguel do Rosário no "O Cafezinho"
"Os bispos do Brasil apontam dificuldades e oportunidades na atual conjuntura social e política.A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na semana passada uma nota sobre “A realidade sociopolítica brasileira: dificuldades de oportunidades”. O texto foi aprovado pelo Conselho Permanente da instituição, que esteve reunido em Brasília, de 27 a 29 de outubro.
Na nota, a CNBB manifesta-se a respeito do momento de crise na atual conjuntura. “A permanência e o agravamento da crise política e econômica, que toma conta do Brasil, parecem indicar a incapacidade das instituições republicanas, que não encontram um modo de superar o conflito de interesses que sufoca a vida nacional, e que faz parecer que todas as atividades do país estão paralisadas e sem rumo”, declaram os bispos.
Para a entidade católica, a frustração presente e a incerteza no futuro somam-se à desconfiança nas autoridades e à propaganda derrotista, gerando um pessimismo contaminador. “Porém, equivocado, de que o Brasil está num beco sem saída”. Os bispos alertam para que a população não se deixe tomar pela “sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre” (Papa Francisco – Alegria do Evangelho, 85).
Os bispos chamam a população a garantir a governabilidade do país, que implica no funcionamento adequado dos três poderes; recuperar o crescimento sustentável; diminuir as desigualdades; exigir profundas transformações na saúde e na educação; ampliar a infraestrutura; cuidar das populações mais vulneráveis, que são as primeiras a sofrerem com os “desmandos e intransigências dos que deveriam dar o exemplo”.
Para a CNBB, cabe à sociedade civil exigir que os governantes do Executivo, Legislativo e Judiciário recusem, terminantemente, mecanismos políticos que, disfarçados de solução, aprofundam a exclusão social e alimentam a violência, entre os quais o estado penal seletivo, as tentativas de redução da maioridade penal, a flexibilização ou revogação do Estatuto do Desarmamento e a transferência da demarcação de terras indígenas para o Congresso Nacional.
Os bispos defendem que a superação da crise passa pela recusa sistemática de toda e qualquer corrupção; pelo incremento do desenvolvimento sustentável e pelo diálogo que resulte num compromisso comum entre os responsáveis pela administração dos poderes do Estado e a sociedade. “O Congresso Nacional e os partidos políticos têm o dever ético e moral de favorecerem a busca de caminhos que recoloquem o país na normalidade. É inadmissível alimentar a crise econômica com uma crise política irresponsável e inconsequente”.
Leia a nota na íntegra:
"Presidência da CNBB apresenta temas discutidos pelo Conselho Permanente
CNBB
Em entrevista coletiva à imprensa, bispos divulgaram nota sobre realidade sociopolítica do Brasil
Encerrada a reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na quinta-feira, 28, a Presidência da entidade concedeu entrevista coletiva à imprensa. Atenderam a imprensa o arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, dom Sergio da Rocha; o arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente, dom Murilo Krieger; o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral, dom Leonardo Steiner. Na ocasião, foram apresentados os temas abordados durante o encontro e divulgada a nota sobre “A realidade sociopolítica brasileira – dificuldades e oportunidades”.
Assembleia Geral
O arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, dom Sergio da Rocha, falou sobre a preparação para a 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência, que será realizada, em Aparecida (SP), de 6 a 15 de abril de 2016. O Conselho Permanente definiu que a temática central a ser debatida na AG será sobre os Cristãos Leigos e Leigas. “Nós não temos ainda a formulação definitiva do tema central, mas a temática é ‘Os cristãos leigos e leigas’”, explicou dom Sergio.
Laudato Si’ e CFE 2016
O Conselho Permanente da CNBB também refletiu durante a reunião a respeito da encíclica do papa Francisco, Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum. Os bispos falaram das iniciativas voltadas à preservação do planeta e cuidado com a vida que estão sendo desenvolvidas nas dioceses de todo o Brasil. Dom Sergio considerou que o tema já havia entrado na pauta de outra reunião do Conselho, realizada em junho, por ocasião do lançamento do texto. “Desta vez mais para saber o que já está se fazendo, quais são as iniciativas que estão em andamento nas comunidades e eventualmente as sugestões, já que o alcance desta encíclica é muito grande e não se resume, não se reduz, àquilo que já conseguimos até agora”, disse.
Neste contexto da proposta da encíclica, houve aprofundamento sobre a Campanha da Fraternidade de 2016, que será ecumênica, realizada em parceria com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. O tema “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5, 24) nortearão as reflexões a respeito do saneamento básico, foco da campanha. Dom Sergio destacou o apoio da obra episcopal da Igreja Católica da Alemanha para a cooperação ao desenvolvimento, a Misereor.
Ano da Misericórdia
Na pauta do Conselho Permanente, o Ano da Misericórdia suscitou reflexões e indicações de atividades. “São muitas as iniciativas que estão sendo propostas. Algumas em andamento e que depois serão revalorizadas durante o Ano da Misericórdia”, salienta dom Sergio. O Ano da Misericórdia iniciará em 8 de dezembro e prosseguirá até 20 de novembro de 2016. Será marcado também pela abertura das Portas Santas nas dioceses de todo o mundo, na data de 13 de dezembro. O tema é “Sede misericordiosos como o Pai”.
Análise de Conjuntura
A análise de conjuntura deste Conselho Permanente, no dia 27, foi conduzida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Dom Sergio lembra que a presença foi uma resposta ao convite da CNBB. “Ele veio nos ajudar a entender melhor o momento que nós estamos vivendo, mas sobretudo, ressaltando este trabalho grande que tem sido feito pelo Ministério Público Federal no combate à corrupção”, conta.
Segundo o arcebispo de Brasília, Janot tratou do combate à corrupção, das medidas e de iniciativas em andamento. "Sempre muito solícito para os esclarecimentos que os senhores bispos quiseram fazer. Nós agradecemos publicamente a presença e a colaboração que ele prestou a nós, foi valiosa, nos ajudando no nosso Conselho permanente”, declara.
Sínodo
A 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos ocorreu de 4 a 25 de outubro. Na reunião do Conselho Permanente, dom Sergio e o bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, que participaram da Assembleia com padres sinodais de todo o mundo, apresentaram um relatório com suas impressões a respeito dos debates que ocuparam o Vaticano nos últimos dias.
Dom Sergio indicou a leitura do documento publicado ao final do Sínodo com as propostas oferecidas ao papa. Ele esclareceu, ainda, que em alguns temas os padres sinodais apontaram para as realidades das famílias o discernimento, a integração, a acolhida e a orientação como as ações para serem tomadas e promovidas pela Igreja, mas também pediram ao papa uma palavra decisória a respeito das diversas realidades que envolvem aquelas em situações mais delicadas.
Nota
Ao final da entrevista foi divulgada a nota sobre a realidade sociopolítica brasileira – dificuldades e oportunidades. O texto manifesta, mais uma vez, o comprometimento da Conferência “com a vivência democrática e com os valores humanos, consciente de que é dever da Igreja cooperar com a sociedade para a construção do bem comum”.
Partindo do momento de crise na atual conjuntura social e política brasileira, a nota fala em assegurar a governabilidade do país, o que implica, segundo o texto, o adequado funcionamento dos três poderes, recuperar o crescimento sustentável, diminuir as desigualdades, exigir profundas transformações na saúde e na educação, ampliar a infraestrutura e cuidar das populações mais vulneráveis.
O texto fala, ainda, que é necessário aprofundar as conquistas sociais e, aos membros dos poderes, recusar “terminantemente” os mecanismos políticos que, “disfarçados de solução, aprofundam a exclusão social e alimentam a violência”.
O texto, que pode ser acesso na íntegra aqui, ressalta a busca pelo diálogo “entre todos os segmentos que legitimamente representam a sociedade”, de modo que condicionem “a superação dos discursos de ódio, vingança, punição e rotulação seletivas que geram um clima de permanente animosidade e conflito entre cidadãos e grupos sociais” e a atuação dos órgãos de combate à corrupção. “A contraposição eficaz à corrupção e à sua impunidade exige, antes de mais nada, que o Estado cumpra com rigor e imparcialidade a sua função de punir igualmente tanto os corruptos como os corruptores, de acordo com os ditames da lei e as exigências de justiça”, afirma a nota.
Conselho Permanente
Participaram da reunião do Conselho Permanente a presidência da CNBB, os presidentes das doze Comissões Episcopais Pastorais e os representantes dos Conselhos Episcopais Regionais."
FONTES: publicado por "Adital" (via "Revista Forum"). Postado por Miguel do Rosário no blog "O Cafezinho" (http://www.ocafezinho.com/2015/10/31/bispos-catolicos-divulgam-duro-manifesto-contra-golpe/) e (http://www.cnbb.org.br/imprensa/noticias/17572-presidencia-da-cnbb-apresenta-atividades-do-conselho-permanente.html).
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