domingo, 22 de novembro de 2015

MÍDIA TUCANA CENSUROU LISTA DE PASSAGEIROS DO "AEROAÉCIO"



A lista de passageiros do “Aeroaécio” estava cortada na [tucana] "Folha"

Por FERNANDO BRITO

"A 'Folha' publicou, no dia 8 de novembro, alguns dos belos tipos faceiros que foram ilustres passageiros dos vôos dos aviões do governo mineiro nos dois governos de Aécio Neves, com a qual o genial Aroeira fez a charge [acima] que tomei a liberdade de revisitar.

Porque, revelou o Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo, da lista da "Folha" estavam ausentes vários VIPs e uma informação relevante: o número de voos de e para o Aeroporto de Cláudio, pista privê da fazenda que o senador chama de seu “Palácio de Versalhes”:

O uso que Aécio fez dos dois jatos, um Citation e um Learjet, um helicóptero Dauphin e um turboélice King Air, pertencentes ao Estado, é um caso de estudo em matéria de patrimonialismo.

Foram 1430 viagens ao todo, 110 com pouso ou decolagem no famoso aeroporto de Cláudio, construído [com dinheiro público] nas terras do tio Múcio Toletino, que ficou com a chave por um bom tempo.

Pelo menos, 198 vezes ele [Aécio] não estava a bordo. Um decreto de 2005 estabelece que esse equipamento destina-se “ao transporte do governador, vice-governador, secretários de Estado, ao presidente da Assembleia Legislativa e outras autoridades públicas” e serve “para desempenho de atividades próprias dos serviços públicos”. A linha entre o interesse público e o privado é tênue.

Parte desses empréstimos de aeronave foi objeto de matéria da "Folha" do início de novembro. Parte.

A lista completa, no entanto, traz muitas outras surpresas.

Fernando Henrique Cardoso usou os aviões e o helicóptero em pelo menos dez ocasiões, sem a presença do governador. A maioria em 2006 (três, uma delas com uma “comitiva”) e 2008. Em quatro viagens, o pacote foi completo: de Belo Horizonte direto para São Paulo.

Roberto Irineu Marinho, um dos donos da "Globo", foi de BH a Brasília em 11 de setembro de 2007. No dia seguinte, da capital mineira a Diamantina. Esteve acompanhado do então senador Sérgio Guerra, do PSDB [denunciado na Lava Jato por exigir e receber R$ 10 milhões para abafar CPI].

Leia o restante da reportagem no DCM : http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-publico-e-o-privado-na-lista-completa-dos-emprestimos-de-aeronaves-de-minas-por-aecio-por-kiko-nogueira/.

Aqui eu fico só na pergunta sobre com quem é mesmo que a "Folha" tem o rabo preso. Porque, segundo sua reportagem, a fonte das informações foi a mesma de Kiko Nogueira.

Ou será que FHC e Roberto Irineu Marinho "não vêm ao caso" do avião?"


FONTE: escrito por FERNANDO BRITO em seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/a-lista-de-passageiros-do-aeroaecio-estava-cortada-na-folha/). [Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

COMPLEMENTAÇÃO

AeroAécio e as páginas amarelas da 'Veja'



As reportagens da "Veja" eram pagamentos de favores com dinheiro público, e não sabíamos...

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

"A edição da revista 'Veja' que chegou às bancas em 3 de abril de 2010 dedicou três páginas em espaço de destaque de entrevistas da publicação, chamado de páginas amarelas, ao atual senador Aécio Neves (PSDB-MG). Foi uma entrevista em que todas as perguntas eram elogiosas ao tucano, e sob medida para atacar os principais adversários políticos. Observando o texto, nota-se que o objetivo era a promoção da candidatura de Aécio ao Senado naquele ano.

O subtítulo começou com um conveniente anúncio político: "O tucano Aécio Neves confirma que concorrerá ao Senado (...)". O uso da palavra anúncio pode ser empregado mais no sentido de propagandear do que de novidade jornalística, já que desde dezembro do ano anterior o tucano repetia em todas as declarações e entrevistas que se candidataria a senador.

O que a revista e o entrevistado não informaram ao distinto público é que uma semana anterior o tucano, ainda no cargo de governador, promoveu uma farra aérea com dinheiro público do contribuinte de Minas Gerais para o casal Roberto Civita, dono da revista, falecido em 2013 – que teve até a presença de Aécio chorando no enterro.

No final de semana de 27 e 28 de março de 2010, o então governador Aécio deu o helicóptero oficial do Estado de Minas exclusivamente para levar Roberto Civita e sua mulher de Belo Horizonte a Brumadinho, para o casal passear visitando o museu de Inhotim. Já publicamos aqui alguns detalhes sobre a inconveniência desse fato.

Após esse passeio, Aécio ciceroneou o casal de amigos em outro passeio a São João Del Rey, em outra aeronave oficial do governo mineiro, um jatinho Learjet. No domingo (28), o casal Civita voou no helicóptero oficial de volta ao Aeroporto Internacional de Confins. No sábado seguinte, dois jornalistas da revista assinaram a entrevista com o então candidato ao Senado.

Imagine se um diretor da Petrobras durante um governo petista emprestasse um avião da empresa, pago com dinheiro da empresa, para um empresário de mídia passear e depois ganhasse uma simpática entrevista na semana seguinte ao se lançar candidato a um importante cargo eletivo? Como os investigadores da Operação Lava Jato tratariam o caso?

A troca de gentilezas às custas do erário, o toma-lá-dá-cá, seria criminalizado, tratando-o como vantagem indevida?

Se não fosse Aécio, se não fosse tucano, e se não envolvesse a revista "Veja", é bem possível que, no mínimo, fosse aberta uma investigação e um processo para ressarcir os cofres públicos com o dano causado ao erário.

Em vez disso o que vemos é o filho e sucessor de Roberto Civita, Giancarlo Civita, anunciando que abrirá a palestra do juiz Sérgio Moro na "Associação Nacional dos Editores de Revistas".

Por ironia, Aécio disse na entrevista à "Veja": "Os gregos diziam que a política é a amizade entre vizinhos. Quando traduzimos para hoje, estamos falando da capacidade de construir, com alianças, o bem comum". Parece que Aécio levou bem a sério a política de "amizade" e aliança com os empresários de mídia, e o bem comum aos interesses empresariais e políticos de ambos.

Para quem não conhece o negócio de mídia, é comum empresas do setor fazerem permuta de anúncios em troca de serviços. Exemplo: um plano de saúde, em vez receber pagamento em dinheiro por um plano empresarial para os funcionários da empresa, troca por anúncios.

Escondido por trás da "liberdade de expressão", assistimos permutas constantes entre empresários de mídia e políticos. Bons negócios para empresários de mídia com recursos públicos aparecem refletidos na forma de uma linha editorial simpática a quem os atendem.

Antes do mensalão do DEM, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda também teve uma entrevista laudatória nas páginas amarelas da revista "Veja" logo após fazer assinaturas em massa da publicação para escolas estaduais. O governador Geraldo Alckmin também adotou essa prática de comprar assinaturas em massa tanto da revista "Veja" como de outros jornais e revistas da imprensa tradicional para escolas estaduais. Conta com uma blindagem editorial que sempre preserva sua imagem política, mesmo diante de escândalos de corrupção do tamanho do metrô paulistano, que afeta milhões de pessoas todo dia, mesmo diante de fracassos administrativos gritantes como o que levou ao racionamento de água não oficializado, e mesmo diante de decisões catastróficas para o futuro de gerações como fechar escolas estaduais e superlotar salas de aula.

O autor do livro "A privataria tucana", o jornalista Amaury Júnior, em um debate sobre o livro foi perguntado sobre novos projetos de jornalismo investigativo e disse ter tomado conhecimento de que havia governadores que incluíam nas negociações de incentivos fiscais para indústrias acordos informais para as empresas anunciarem na imprensa "amiga".

Hoje os veículos de mídia tradicional, em crise, se reposicionam para fornecer conteúdo jornalístico pago. Isto é, fazer matérias com a cara de reportagem, porém encomendadas por anunciantes visando atrair consumidores para seus produtos. Dizem os veículos que tais matérias terão aviso ao leitor que se trata de matéria paga.

Seria bom que a Justiça Eleitoral obrigasse que "matérias políticas pagas com favores" também fossem incluídas aí com honestidade e transparência. E que fossem contabilizadas nas prestações de contas dos respectivos partidos em vez pendurar nos cofres públicos."

FONTE: escrito por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual . Postado no "Blog do Miro"   (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2015/11/aeroaecio-e-as-paginas-amarelas-da-veja.html).

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