domingo, 8 de novembro de 2015

DERROTA AMERICANA NO AFEGANISTÃO




Afeganistão: a guerra sem fim

De Havana, no "Prensa Latina" 

"Centenas de milhares de mortos, o país devastado pela violência e maior beligerância da oposição armada são os únicos resultados de 14 anos de ocupação militar estrangeira no Afeganistão.

A aventura “afegã”, como a qualificam alguns políticos e militares em Washington, é a guerra mais longa na história dos Estados Unidos e até o momento consumiu 600 bilhões de dólares e 2.200 vidas norte-americanas.

Supostamente, a do Afeganistão era uma “guerra nobre”, para terminar com a organização "Al Qaeda", uma intervenção que, diferentemente da guerra no Iraque, conseguiu a aprovação da comunidade internacional.

No entanto, no decorrer do tempo, a opinião pública nos Estados Unidos começou a aperceber-se a verdadeira dor de cabeça em que se converteu o conflito, segundo Michael Kugelman, especialista em relações internacionais do laboratório de ideias "Wilson Center".

O ponto de virada -acrescenta Kugelman- chegou quando o presidente Barack Obama decidiu aumentar o contingente de tropas até 100 mil homens, ainda que a beligerância dos talibãs não tenha decaído, mas saltou a vista dos olhos”.

De acordo com o pesquisador Dominic Tierney, do "Foreign Policy Research Institute", tanto entre os cidadãos como entre a sociedade política estadunidense se observa uma sensação de fadiga, como se a guerra afegã fosse um ônus que o país quisesse que lhe fosse retirado.

Também existe um sentimento de soberba entre os políticos e militares norte-americanos, que pretendem uma saída honrosa e não reconhecer outra partida perdida contra a oposição armada afegã.

Segundo Tierney, a recente ofensiva talibã contra a cidade de Kunduz (norte), levantou ante o mundo o fantasma dos belicosos guerrilheiros islâmicos, como se não fosse suficiente para os Estados Unidos com suas malogradas manobras contra a Síria, o ápice do Estado Islâmico (EI) e a crescente influência da Rússia na região.

A ofensiva do movimento Talibã contra Kunduz começou em setembro e terminou com a ocupação da cidade, um fato sem precedentes em 14 anos de guerra.

Na tentativa de socorrer as tropas governamentais, aviões estadunidenses bombardearam um hospital da organização "Médicos Sem Fronteiras" (MSF) e causaram a morte de 22 pessoas inocentes e deixaram 35 feridas.

Um comitê internacional avalia se o fato foi um erro - como usaram de pretexto os altos comandos norte-americanos- ou uma ação intencional.

De qualquer forma, o caso provocou protesto internacional, já que não é essa a primeira vez que as forças da OTAN matam civis no Afeganistão.

Para Kugelman, o acontecimento mancha ainda mais a reputação de Washington, pois além de ser um ataque contra uma instalação não militar, ocorreu precisamente no mês em que se cumpriram 14 anos de iniciada a guerra.

Depois do bombardeio, cresceram vozes críticas contra a violência, a longa ocupação, o desastre econômico e o crescimento dos novos grupos armados.

Entre elas, destaca a do ex-presidente afegão Hamid Karzai, quem, em um inesperado giro, declarou no dia 18 de outubro que a ocupação estrangeira teve como única consequência a intensificação da insurgência.

Karzai acrescentou que, por volta de quase uma década e meia, os Estados Unidos descumpriram o objetivo proposto de 2001 -acabar com a Al Qaeda – e abriu o caminho à violência com o auge de novas forças no país.

O ex-mandatário fez referência assim ao autodenominado Estado Islâmico (EI), presente em 25 das 34 províncias afegãs e com não menos de dois mil integrantes, segundo revela um relatório da ONU publicado no dia 22 de setembro.

As Nações Unidas calculam que, durante os seis primeiros meses deste ano, morreram 1.600 civis e mais de 3.300 ficaram feridos; somados aos 100 mil mortos e 150 mil feridos desde a intervenção da OTAN em 2001 sob o pretexto da "guerra contra o terrorismo".

Para o representante do organismo internacional máximo no país asiático, Nicholas Haysom, o fim do conflito parece estar cada vez mais distante desde que fracassaram as conversas de paz entre a insurgência e o governo, patrocinadas pela China e pelo Paquistão em julho deste ano.

De acordo com Haysom, a captura de Kunduz demonstrou que a oposição armada está destinada a expulsar os ocupantes estrangeiros, na consideração do chefe supremo do Talibã, Ajtar Mansur, em um comunicado divulgado a 26 de setembro."

FONTE: da "Prensa Latina"  (http://www.patrialatina.com.br/afeganistao-a-guerra-sem-fim/).

COMPLEMENTAÇÃO

INVASÃO DOS EUA NO AFEGANISTÃO FOI PELO "MERCADO" DA HEROÍNA


    Soldado dos EUA em plantação de papoulas

[OBSERVAÇÃO deste blog 'democracia&política':

O MUITO ESTRANHO GRANDE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE HEROÍNA NO AFEGANISTÃO APÓS A OCUPAÇÃO PELOS EUA

Este blog já abordou, em artigo próprio, esse intrigante fato em postagem de 22/03/08, intitulada:

"FATOS MUITO ESTRANHOS NA GUERRA DOS EUA CONTRA O AFEGANISTÃO"

Reescrevo e amplio o tema:

"Muito antes do ataque terrorista às torres gêmeas de Nova Iorque em 11/09/2001, já era claramente previsto pela imprensa nos EUA que o Afeganistão seria invadido por tropas norte-americanas em futuro próximo. Porém, o motivo explícito era somente o petróleo.

O PETRÓLEO

O motivo daquele ataque então já prenunciado foi o fato de a região da Ásia Central abrangida pelos países Azerbaidjão, Cazaquistão, Usbequistão e Turcomenistão ter sido identificada como possuidora de reservas de petróleo e gás maiores que as do Golfo Pérsico.

No Afeganistão, país vizinho àquela rica região petrolífera e caminho natural para o melhor escoamento da futura produção de petróleo e gás, os EUA, com interesse geopolítico na área, já haviam "ajudado" com armas e informações o regime Taliban e Osama Bin-Laden a combaterem a União Soviética.

O Afeganistão é importantíssimo como solução geográfica mais barata para o transporte daquelas riquezas. Seria muito menos custoso passar oleodutos e gasodutos por seu território, até o porto na área marítima do Paquistão, junto ao Oriente Médio, do que a solução manifestada pelos russos, de estendê-los pelo Mar Cáspio, até o Mar Negro e de lá alcançar o Mar Mediterrâneo.



Segundo a imprensa da época pré-11 setembro 2001, vários grupos dos EUA (Chevron, Conoco, Texaco, Mobil Oil e Unocal) já estavam, na década de noventa, com negociações e investimentos adiantados no Afeganistão para aquela exploração.

O regime afegão Taliban, todavia, veio a se negar a autorizar a passagem pelo Afeganistão do oleoduto e do gasoduto, os quais já estavam iniciados pela empresa norte-americana Unocal [adquirida depois pela Chevron e na qual trabalhava Hamid Karzai que veio a ser "eleito" presidente do Afeganistão pós-ocupação pelos EUA]. Essa negação dos talibans causou a interrupção da obra em 1998. "Coincidentemente", naquele ano, em 20/08/1998, de surpresa, à noite, os EUA atacaram, com mísseis de cruzeiro e aviões, uma região daquele país “suspeita de abrigar possíveis terroristas”...

Desde então, volta e meia surgiam mais e mais artigos em jornais e revistas dos EUA e em várias partes do mundo, abordando novo e iminente ataque militar dos EUA ao Afeganistão.

O posterior ataque "terrorista" [atentado ou autoatentado, ou lá o que seja, executado por sauditas] de 11/09/2001, em Nova Iorque, veio a ser valioso e oportuno pretexto para aquela já esperada e planejada ação militar norte-americana.

COISAS MUITO ESTRANHAS - O NARCOTRÁFICO

Sempre achei que naquele atentado de NY e naquela invasão do Afeganistão havia no ar coisas muito estranhas, incoerentes. Muitas delas até hoje perduram e se amplificam. Porém, foi surpresa quando algo por trás do petróleo, econômica e financeiramente muito mais importante, começou a se revelar. Não era assim facilmente previsível ou imaginável. Nos últimos anos, a "lógica" da invasão ficou mais clara.

Antes da invasão norte-americana, o regime Taliban havia banido do Afeganistão o cultivo da papoula, da qual se obtém o ópio, do qual é extraída a heroína. Por ação dos talibans, a produção caiu praticamente a zero em julho de 2001 (dois meses antes do estranho atentado às torres gêmeas de Nova Iorque).

Com essa ação dos talibans, o "mercado" mundial daquele produto, que somente nos EUA movimenta a economia em muitos bilhões de dólares por ano, ficou enlouquecido, com preços incontrolavelmente disparando, inviabilizando a sua comercialização e causando gigantesco prejuízo aos seus empresários, comerciantes, grandes bancos, paraísos fiscais, bancos suíços como o HSBC com suas contas secretas, políticos do esquema, e o desespero aos consumidores norte-americanos. [OBS.: Um pouco antes, em 2008, o narcotráfico (heroína e outros) movimentara 1,75 trilhões de euros no mundo!!!].

Assim, alguns meses depois do 11/09, houve a invasão norte-americana, na alegada "caça ao terrorista saudita Bin Laden" [sic]. Os EUA devastaram o Afeganistão com poder destruidor impressionante, com milhões de toneladas de bombas e mísseis moderníssimos. Até o subsolo, as cavernas, as montanhas foram explodidos por novas e poderosas bombas que tudo esfarinhavam como grandes terremotos.

Um detalhe: aquela guerra foi, também, imenso negócio alavancador da poderosa e multibilionária indústria de armas e de serviços logísticos militares nos EUA. O então vice-presidente norte-americano Dick Cheney e sua empresa Halliburton lucraram muito. O PIB norte-americano cresceu significativamente.

O Afeganistão assim atacado (cujos progresso e infraestrutura antes já o assemelhavam ao interior do Piauí, e o seu centro comercial era semelhante a uma feira livre da periferia de Caruaru), foi completamente destroçado com armas moderníssimas, com dezenas de milhares de civis afegãos mortos. Até hoje, o país está ocupado pelas numerosas, modernas e poderosíssimas Forças Armadas dos EUA e de seus aliados.

Contudo, o mais surpreendente é o Afeganistão, mesmo policiado palmo a palmo por forças dos EUA e OTAN (que se intitulam com o nobre e ímpar direito de combater o terror e o narcotráfico e de implantar a democracia e a liberdade em qualquer país do mundo), ter rapidamente aumentado a lavoura, a produção e a exportação do ópio, hoje já respondendo de novo por mais de 95% da produção mundial de heroína. Para alívio do "mercado", os preços e o suprimento da heroína já estão normalizados nos EUA e nos demais grandes centros consumidores. O negócio está bombando.

Apenas para exemplificar esse absurdo quadro, relembro trechos de um artigo da insuspeita agência estatal britânica de notícias BBC, de 03/09/2006, que trata desse surpreendente e exponencial crescimento da produção de papoula, ópio e heroína após a invasão norte-americana:

CULTIVO DE ÓPIO NO AFEGANISTÃO AUMENTA 59% NO ANO” (2006)

“O cultivo de papoulas no Afeganistão - matéria-prima para a produção de ópio - deverá aumentar em 59% neste ano, já representando 92% da produção mundial da droga, de acordo com as Nações Unidas.”

(...) “O narcotráfico, para o Afeganistão, é estimado em US$ 2,7 bilhões, responde por cerca de um terço da economia do país.” (atualização deste blog: em 2008, dois anos depois dessa notícia, 57% do PIB afegão proveio da heroína (fonte: UOL Mídia Gobal, 02/04/2008).

Vejamos outro artigo, da "Folha Online", em 05/03/2007:

ONU RELATA AUMENTO DO TRÁFICO DE ÓPIO NO AFEGANISTÃO” (2007)

“O cultivo de papoula --matéria prima do ópio-- no Afeganistão poderá se expandir em 2007 após safra recorde em 2006, afirmou nesta sexta-feira a agência da ONU que investiga drogas. O relatório da ONU destaca o fracasso da iniciativa internacional que luta contra o tráfico de narcóticos crescente no país.

A Agência para Drogas e Crimes da ONU (UNDOC) prevê aumento da papoula em um círculo de Províncias afegãs, inclusive Helmand, no sul, onde há a mais extensa área de cultivo no país.”

(...) "A pesquisa deste inverno sugere que o cultivo de ópio no Afeganistão em 2007 poderá superar a colheita recorde de 165 mil hectares em 2006", afirmou o diretor executivo da UNDOC”.

CULTIVO

(...) Segundo a ONU, o cultivo de papoula ocorre em 100% dos vilarejos visitados na Província de Helmand e em 93% das vilas da Província vizinha de Candahar (ex-bastião do Taliban).”

Impressionante. Tudo isso com cada palmo de Afeganistão ocupado por soldados norte-americanos e aliados. Muito estranho..."

FONTE da complementação: reprodução de postagem deste blog em (http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2015/05/invasao-dos-eua-no-afeganistao-foi-pelo.html).

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