terça-feira, 15 de dezembro de 2015

TEMER, TEU NOME É DESLEALDADE




Temer, teu nome é deslealdade

Por Daniel Quoist, 55, mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos

"A reunião entre a presidente Dilma Rousseff e seu vice Michel Temer, como só se poderia esperar, não produziu frutos. E, no entanto, o fruto maior que poderia florescer daquele encontro outro não era que a reiteração da "lealdade sincera e inequívoca do vice à presidente da República".

Mas, como oferecer algo que não se tem?

Michel Temer há muito já devia estar por trás de todos os desgastes envolvendo o governo, a presidente, o PT, a base aliada e o PMDB. Seu nome sempre esteve associado à nomeação de apaniguados e, a cada batalha congressual maior, era a fatura cobrada pelo vice à presidente do país. A verdade é que o cargo de vice-presidente da República mostrou-se muito maior que o político que a ocupa.

Com o conhecimento da carta imatura, infantil e sem noção enviada nas últimas 48 horas pelo vice à presidente se entrevia claramente sinais de mágoas e rancores. Contra Dilma? Não. Contra o destino que lhe reservou o papel de coadjuvante, de peça decorativa da República, de mero espectador do jogo político central que somente poderia ocorrer ou no Planalto ou no Alvorada, mas nunca no Jaburu.

À saída do encontro com a presidente Temer escandiu frases de apaziguamento, mas com o espírito de que havia selado uma espécie de paz armada: "Não farei nada a favor do impeachment, mas nada contra o impeachment". Alguém, minimamente informado dos temas nacionais, teria como acreditar na primeira parte da frase, esta que afirma que "nada farei a favor do impeachment"?

Tal intenção se tornaria realidade se Michel Temer não fosse Michel Temer.

Outra opção, bem mais factível e sincera, seria se o vice-presidente ficasse isolado no Palácio do Jaburu, incomunicável, sem receber visitas e monitorado por câmaras de vigilância e equipamento de imagem e áudio, mas como isso é de todo inviável, a opinião pública conhecerá pelo noticiário a movimentação golpista de um vice talhado para trair e para se superar nas artes da deslealdade e da traição.

Como isso é impossível, restá-nos entender que, doravante, o jogo da conspiração para derrubar a presidente Dilma Rousseff deverá alcançar velocidade de cruzeiro e crescerá de forma exponencial.

Além das mágoas do vice, tem muito mais razões para explicar seu imediato e quase automático alinhamento com seu correligionário, o encrencadíssimo deputado Eduardo Cunha.

Quem não lembra que, ao longo do segundo semestre de 2014, sempre que as labaredas da operação Lava-jato impedia voos maiores do presidente da Câmara, esse logo trazia o nome do Temer ao noticiário?

Agora, mais do que nunca, se torna indispensável que se investigue o vice-presidente no rastro das delações premiadas, a começar por Fernando Baiano, passando por Néstor Cerveró, Ricardo Pessoa, Alberto Yousseff e, caso se concretize, acesso ao "baú de notícias" chamado Delcídio do Amaral.


Somente esse caminho poderá revelar as reais motivações de um vide-presidente da República que deixa de ser leal a uma presidente honesta, contra quem nada pesa em desfabor de sua honra e aue foi legitimamente eleita para um mandato de quatro anos e, ao mesmo tempo, se alia a um político comprovadamente corrupto, contra quem abundam provas e evidências robustas de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e uso do cargo que ocupa - o de presidente da Câmara dos Deputados - em benefício próprio, o que inclui o patrocínio deslavado de manobras regimentais visando impedir o processo de cassação de seu mandato pelo Conselho de Ética da casa que preside.

Que avancem as investigações." 


FONTE: escrito por Daniel Quoist, 55, mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos. Publicado no portal "Brasil 247"   (http://www.brasil247.com/pt/colunistas/danielquoist/208921/Temer-teu-nome-%C3%A9-deslealdade.htm).

Nenhum comentário: