quinta-feira, 3 de março de 2016

QUE LULA EM 2018?





Que Lula em 2018? 

Por Emir Sader,  sociólogo e cientista político

"A obsessão da campanha da direita contra o Lula revela o tamanho do pânico que ela tem diante da possibilidade do retorno do Lula como presidente do Brasil. Lula representou para a direita a perda do controle do Estado brasileiro, a que ela esteve sempre acostumada – via eleições, via ditadura ou via mercados.


Lula se dispõe a ser candidato em 2018, conforme seu discurso de sábado passado no Rio. Que Lula é o que será candidato daqui a dois anos?

Lula não poderá reeditar o Lula de 2003. As condições internacionais mudaram para pior. Não pode ser o presidente do, como ele dizia: “Nunca os ricos ganharam tanto, nunca os pobres melhoraram tanto”. As condições não permitem mais a situação em que todos ganham ao mesmo tempo.

Lula é o único politico que pode reunificar um pais dividido e enfrentado como é hoje o Brasil. Ele é o único politico de prestígio, que tem atrás de si dois mandatos que se constituíram no melhor momento da história brasileira. Que promoveu a imagem do Brasil no mundo como nunca tinha ocorrido. É quem pode recuperar para o governo a confiança que hoje falta, tanto da parte dos empresários, quando da parte da massa da população.

Está no cerne dos sentimentos do Lula a vontade de recuperação de um grande projeto nacional de desenvolvimento com distribuição de renda. Seu projeto para o Brasil será uma proposta de recuperação do crescimento econômico com a prioridade das politicas sociais como eixo, priorizando ainda mais a extensão do mercado interno de consumo de massas. Um projeto que reunifique o país, recupere a confiança no Brasil, a autoestima dos brasileiros, a imagem do Brasil no mundo.

Lula reiterará o apelo para que as divergências entre todos se traduza em visões e propostas distintas sobre o Brasil e não em ofensas e agressões. Que termine o clima de ódio e de vingança, que se instaure um grande debate nacional sobre os grandes temas e desafios que o país enfrenta.

Lula tem as melhores condições para realizar um projeto desse tipo, porque tem o patrimônio do seu governo, porque os empresários necessitam um governo com amplo apoio popular e projetos claros, porque os trabalhos requerem a retomada do desenvolvimento com criação de emprego e proteção dos salários. Lula é o único dirigente brasileiro com credibilidade para pilotar um projeto dessa ordem.

Ele conta com trânsito com o grande empresariado e com os sindicatos, conta com equipe de economistas em condições de formular as propostas de um projeto com essas características. Lula é o único dirigente nacional com capacidade de contar com a confiança dos movimentos populares.

Seu projeto buscará adequar as propostas do seu governo às condições nacionais e internacionais atuais. Ele ja adiantou sua opinião de fazer um grande acordo com a China em torno do pré-sal, assim como de utilizar algo em torno de 100 bilhões das reservas para fazer investimentos em infraestrutura.

Lula pode utilizar seu prestígio internacional para dar novo impulso nos processos de integração regional e nos intercâmbios Sul-Sul, em particular nos BRICS e no seu Banco de Desenvolvimento. Pode relançar os grandes debates sobre os problemas atuais do mundo, tanto os da busca de soluções pacificas para os conflitos bélicos, quanto os problemas de combate à fome no mundo, especialmente na África.

Um Lula na campana presidencial de 2018 será um Lula imbuído do espirito de recuperação do clima de intensos debates sobre os grandes problemas nacionais, econômicos, sociais, políticos e culturais. Um Lula que dialogará privilegiadamente com a juventude, com o compromisso de renovação politica do pais.

O tema da democratização dos meios de comunicação certamente será encarado por ele, porque estes anos o fizeram perceber a centralidade do tema para aprofundar a democratização do país e a politização da massa da população. Como uma mídia como a atual envenena ao invés de ajudar a esclarecer a real situação do país.

Lula não é um radical. Seu espirito é sempre o da agregação, não o da exclusão. Sua estada no governo, mas também estes anos fora da presidência, lhe fizeram amadurecer muito. Como se viu no seu discurso de sábado passado no Rio, ele está com muitas ganas de concorrer, ganhar e voltar a ser presidente do Brasil. Será um Lula que vai resgatar tudo o que deu certo e vai ser muito mais audaz e criativo."


FONTE: escrito por Emir Sader, sociólogo e cientista político. Publicado no portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/219286/Que-Lula-em-2018.htm).

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