O jornal Folha de São Paulo de hoje nos traz um artigo de Kenneth Maxwell sobre o silêncio aprovador da comunidade internacional, por omissão ou dolo, de atos de violência de um país contra outro, mesmo quando há mensagens de aviso de que o ato ilícito de força será perpetrado.
Kenneth Maxwell é historiador britânico, com 67 anos, diretor do Programa de Estudos Brasileiros na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Ele escreve às quintas-feiras para a Folha.
Reproduzo parcialmente o artigo, acrescentando detalhes entre colchetes:
MENSAGENS IGNORADAS
[ATAQUE DE ISRAEL AO IRAQUE]
(...) “Eu fui testemunha de uma mensagem que passou incompreendida, em 1981. Meu escritório na Universidade Colúmbia ficava no Instituto de Pesquisa sobre Mudanças Internacionais, fundado por Zbigniew Brzezinski, que, até janeiro daquele ano, havia servido como assessor de segurança nacional do presidente Jimmy Carter.
Nós realizávamos um seminário semanal sobre assuntos internacionais, e um dos palestrantes foi Benjamin Netanyahu [Benjamin "Bibi" Netanhahu nasceu em Tel-Aviv em 21 de outubro de 1949. É um político israelense, foi ex-primeiro-ministro de Israel entre os anos de 1996 e 1998 e chefe do partido Likud].
Discretamente, enquanto respondia a uma pergunta sobre outro tópico, ele disse que os israelenses pretendiam atacar o centro de pesquisa nuclear iraquiano. Ninguém prestou atenção. O silêncio foi interpretado como aprovação. Uma semana depois, os israelenses bombardearam o Iraque.
[ATAQUE DE ISRAEL À SÍRIA]
Em setembro do ano passado [2007], um ataque aéreo israelense destruiu instalações nucleares na Síria. A reação internacional foi notável por seu silêncio. (*)
[ATAQUE DE ISRAEL AO IRÃ]
No começo deste mês [junho 2008], os israelenses executaram um grande exercício militar no leste do Mediterrâneo, com mais de cem caças F-15 e F-16, apoiados por aviões de reabastecimento aéreo e helicópteros de resgate. Uma operação dessa escala dificilmente pode ser vista como secreta por qualquer pessoa e teria requerido permissão para sobrevoar o espaço aéreo da Grécia e da Turquia. Era claramente uma simulação de um ataque à usina de enriquecimento nuclear do Irã em Natanz.
A operação israelense foi preocupante a ponto de levar o cauteloso diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, a advertir que um ataque ao Irã poderia transformar o Oriente Médio "em uma bola de fogo".
(*) ATAQUE DE ISRAEL À SÍRIA
Hoje (26/06), também, a Folha de São Paulo publicou um artigo da Associated Press informando que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) esteve na Síria e não conseguiu encontrar provas de que os motivos alegados pelos EUA e Israel para atacar a Síria [no ano passado] fossem verdadeiros. Tudo indica que o ataque fez parte da já conhecida estratégia dos EUA e de seu aliado Israel de tornar toda aquela rica região petrolífera (Iraque, Irã, Arábia Saudita etc) uma dócil e submissa fornecedora de petróleo para as grandes potências. Transcrevo:
“MISSÃO DA AIEA NÃO CONSEGUE PROVA DE REATOR”
“A missão de quatro dias que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) enviou à Síria foi inconclusiva para apurar a alegação dos Estados Unidos de que aquele país construía clandestinamente uma central nuclear, em local bombardeado por Israel em setembro último.
Porta-voz do organismo, Olli Heinonen, disse que "ainda há trabalho de inspeção a ser feito".
O vice-presidente sírio, Farouk al-Sharaa, declarou, no entanto, que seu país permitiu a missão dos inspetores para que eles comprovassem que as suspeitas americanas eram falsas. Segundo os serviços de inteligência dos Estados Unidos, os sírios estavam construindo um reator com componentes da Coréia do Norte.”
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