Em 11 de janeiro deste ano, quatro dias após a inauguração deste blog, escrevemos o artigo “ESQUERDA OU DIREITA?”, cujo texto foi:
“Relendo o texto sobre IOF e CPMF postado anteriormente neste blog, lembrei-me de uma definição (não me lembro o autor) que pode ser acusada de simplista, mas que ajuda a melhor compreender a realidade brasileira.
Trata-se da diferença entre esquerda e direita, na política e na economia.
Em problemas nos quais somente haja soluções que prejudiquem ou o interesse social ou o econômico, a direita prefere diminuir o benefício social e proteger o interesse econômico. A esquerda privilegia o social.
(...) Um exemplo de atitude típica da direita:
No governo FHC, quando a CPMF ficou interrompida por apenas um semestre, preferiu-se fazer cortes nos investimentos e no Programa de Combate à Pobreza".
Este tema me veio à memória ao ler hoje o artigo de Phydia de Athayde, a seguir transcrito, da Carta Capital desta semana que passou.
A CHIADEIRA DE SEMPRE
“O Bolsa Família distribui renda sem porta de saída. É bom por um lado, mas não é bom habituar as pessoas à dependência”, critica o senador José Agripino. O líder do DEM também não vê com bons olhos o reajuste no repasse ao programa. “O governo aumenta o Bolsa Família para exibir um crescimento artificial do PIB. À medida que ofereceu renda àqueles que nunca puderam ter uma geladeira, um microondas, criou uma escalada de consumo baseada numa capacidade artificial de compra”, diz.
O senador Cristovam Buarque defende um repasse ainda maior aos beneficiados, mas critica a gestão do programa pelo MDS, e diz que o vínculo com a escola é fraco: “Sem melhorar a qualidade do ensino, não se vai emancipar as famílias da pobreza”.
Na Câmara dos Deputados, Nazareno Fonteles (PT-PI) tenta costurar a aprovação de um projeto de lei que influenciará diretamente os beneficiados do Bolsa Família, pois trata da merenda escolar. Além de estender a merenda ao ensino médio, visa aproximar o produtor do comprador.
“Isso favorece o produtor local, produz renda, valoriza a cultura e a agricultura familiar”, diz o deputado. Ele explica que tem de haver uma hierarquia de necessidades e, por isso, é favorável ao aumento no repasse do Bolsa Família. O PL da Merenda tramitará em uma comissão especial. Até o momento, no entanto, está parado, pois o DEM e o PSDB insistem em não indicar seus representantes.
A cientista política Lúcia Avelar, da Universidade de Brasília, tem uma tese para a má vontade. Em uma análise acadêmica das últimas três eleições municipais (de 1996, 2000 e 2004), ela verificou o avanço dos partidos de esquerda a partir de 2000, e o recuo constante dos partidos de direita. “A transferência de renda cria um vínculo do eleitor com o Estado, sem intermediários, e este é o primeiro passo para um sentimento de cidadania”, diz. Entre os municípios com pior índice de desenvolvimento humano predominam o DEM e os partidos considerados de direita. “São locais tradicionalmente controlados pela elite financeira local. Por isso há tanta chiadeira”, conclui. “
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