quinta-feira, 19 de março de 2009

A HORA NUCLEAR

Li hoje no site “Direto da Redação” o seguinte artigo de José Inácio Werneck, jornalista, escritor e Intérprete Judicial do Estado de Connecticut (EUA):

“Bristol (EUA) – Os Estados Unidos e o Reino Unido vêm se preparando para reiniciar a construção de usinas nucleares. A França, que tem mais de 75% de sua eletricidade produzida pela energia nuclear, nunca abandonou o processo.

Os países escandinavos e a Alemanha, que haviam decidido iniciar uma gradual defasagem de suas usinas nucleares, estão revendo suas posições e as pesquisas de opinião mostram que contam com o apoio da população. Podemos ter certeza de que, no mínimo, não virão a “descomissionar” as atuais usinas nucleares, como estava previsto.( Isto é, fechá-las, ao fim de sua vida útil, sem substituí-las por novas.)

No Brasil, aproximamo-nos de 25 anos de tergiversações, adiamentos e procrastinações sobre a construção de Angra 3.

Tudo se tem feito para impedir o início das obras da usina e os adversários chegaram mesmo a fazer exigências absurdas, como a de só permitir a construção se Angra 3 se responsabilizasse por ítens totalmente fora de sua alçada, como a manutenção de um Parque Nacional e o “embelezamento” das cidades de Angra dos Reis e Parati.

Todas essas campanhas contra a energia nuclear no Brasil baseiam-se em crendices do tipo “não queremos uma experiência como a de Chernobyl”.

A tecnologia empregada numa usina nuclear moderna está para aquela usada pela falecida União Soviética em Chernobyl como a do e-mail está para a do antigo telex, em matéria de comunicações.

As notícias que me chegam do Brasil dão conta de que o IBAMA afinal deu licença para a construção de Angra 3. Faltam ainda, ao que eu saiba, a concordância da prefeitura de Angra dos Reis e da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Só espero que o governo Lula, que se aproxima do fim, não venha agora, na undécima hora, usar a tradicional desculpa de seus antecessores, alegando que “o problema é tão importante que precisa aguardar a posse do novo presidente”. É o inveterado lavar de mãos, famoso desde Pilatos. Assim passamos o último quarto de século.

Se Lula realmente for um estadista, assumirá a responsabilidade pela decisão. O Brasil precisa da energia nuclear e precisa da tecnologia que a acompanha.

Teremos também responsabilidades a assumir num novo tratado internacional para impedir ou ao menos reduzir o aquecimento global. A energia solar e a eólica, embora limpas, não chegam para tanto. A energia nuclear é indispensável para evitar que uma crescente quantidade de CO2 seja lançada à atmosfera.

Mesmo com Angra 3, apenas 6% da eletricidade gerada no Brasil serão de origem nuclear. Outras usinas se tornam crescentemente necessárias."

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