“O cenário da batalha na América Latina está nítido: de um lado, elites conservadoras e grupos de mídia que querem manter seu poderio econômico e político; de outro, governos progresssitas empenhados em reverter a exclusão social provocada por décadas de neoliberalismo. Pela primeira vez, está sendo contestada a absurda concentração dos setores de informação e entretenimento nas mãos de um reduzido número de corporações.
Os governos da Venezuela, da Bolívia e do Equador estão travando duras pelejas contra as violentas campanhas orquestradas, cujo objetivo é o de impedir mudanças nas regras de concessão de canais de rádio e televisão, as joias da coroa em termos de faturamento.
No Brasil, as turbulências entre mídia e governo federal são menos intensas, o que talvez se explique pela hesitação do presidente Lula em alterar a anacrônica legislação de radiodifusão. Lula parece temer a artilharia dos grupos midiáticos.
Quando resolveu enfrentar os surrados argumentos contra um suposto dirigismo que afetaria a liberdade de expressão, conseguiu criar a TV Brasil. Nem a programação depecionante da TV Brasil faz diminuir as resistências, pois, no fundo, o que os adversários desejam desqualificar é um tipo de comunicação não mercantilizada e mais favorável à diversidade cultural.
FONTE: artigo de Dênis de Moraes, publicado na coluna de Maurício Dias, na revista Carta Capital desta semana, e reproduzido no site “Vi o mundo”. O autor acaba de lançar o livro “A Batalha da Mídia”, pela editora Pão e Rosa.
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