“O novo “escândalo Sarney”, divulgado nesta quarta-feira (22) por O Estado de S.Paulo e repercutido acriticamente pela grande mídia em geral, não muda nada.
Permanece injustificável que problemas institucionais sejam fulanizados a esse ponto, apenas porque uma associação de quatro ou mais jornais e revistas decidiu derrubar o presidente do Senado, desestabilizar o governo Lula e enfraquecer a candidatura Dilma Roussef.
De que se trata agora? Da publicação de conversas gravadas em que uma filha de Fernando Sarney pede emprego para o namorado dela, Fernando aciona o pai, e Sarney e o próprio Fernando tratam do assunto com o famigerado diretor-geral Agaciel Maia. A nomeação é feita com autorização do senador Garibaldi Alves (PMDB), então presidente da casa.
A vaga tinha sido aberta pela auto-exoneração de outro protegido do senador, que conseguira um emprego melhor.
Que é que prova isso?
1) Que no Senado, como na Câmara dos Deputados, nas Assembleias e nas Câmaras municipais, assim como em muitos setores do Serviço Público, há uma enorme e exagerada quantidade de “cargos de confiança”, preenchidos sem concurso. Isso já se sabia.
2) Que os beneficiários são indicadas por políticos ou altos funcionários ou por amigos de uns e de outros. Também já era sabido.
3) Que a família José Sarney, como a família Jackson Lago e a família João Castelo Ribeiro Gonçalves, entre outras no Maranhão e alhures, adora um emprego público, especialmente se não for necessário trabalhar. Tampouco isso é novidade.
4) Que Fernando é o sogro putativo que todo malandro sonharia ter. Aqui só os íntimos podiam saber.
FOQUISMO
Impossível é não ver que a grande imprensa do Sudeste lidera uma escandalosa articulação midiática que tenta demonizar o senador Sarney como único responsável pelas mazelas tradicionais do Senado. Focando as denúncias exclusivamente nele, passando de leve pelo que atinge adversários como o líder tucano Artur Virgílio e ignorando também o que se passa na Câmara e noutras casas legislativas. Até o ouvidor da Folha de S.Paulo já condenou esse "foquismo".
É assim que um casinho sem maior importância como esse — nomeação do apadrinhado de um senador para cargo público — é alçado à condição de escândalo nacional e assim recebido até por blogueiros que se imaginam alternativos.
Os quais blogueiros acham normal a violação dos direitos constitucionais de quem teve o telefone grampeado pela Justiça porque supostamente se envolveu em trambicagens licitatórias e outros delitos graves (caso de Fernando Sarney) e de repente vê as conversas com a filha sobre emprego, celulares e até sobre o velório da mãe de um amigo exibidas sem o mínimo escrúpulo, nos maiores saites de notícia do país.
Arranjar emprego público para o namorado da filha ou da neta, por mais feio que se possa achar, não é crime nem falta de decoro. Crime é violar o sigilo das comunicações.”
FONTE: texto de Walter Rodrigues em seu blog, reproduzido em 23/07/2009 por Jussara Seixas no blog “Por um novo Brasil”
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