"RAMALLAH (Palestina) - Em frente ao hotel Jacir Intercontinental de Belém, no qual se hospedou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um muro exibe uma pintura que vale mais que dez livros sobre o sentimento dos palestinos.
Mostra um soldado israelense com as mãos na parede, sendo vistoriado por uma menina palestina, véu à cabeça. É a completa inversão do cotidiano dos palestinos, meninos e meninas inclusive: para sair de seus territórios ["sair" é eufemismo, pois o correto seria "para entrar no território palestino invadido e ocupado à força por Israel"], são permanente submetidos à apalpação de segurança, talvez o menor dos tormentos que afetam a vida deles.
O olhar da menina não carrega ódio. Parece distante, como se a rotina a entediasse, como certamente entendia uma menina de verdade submetida a controles que, não raro, são abusivos. Dou um exemplo pessoal: para entrar na segunda-feira no palácio presidencial de Jerusalém, tive que, literalmente, abaixar as calças e exibir a cicatriz da operação para colocação de prótese no quadril (uma peça de titânio que apita sempre que passo nos escâneres de segurança).
É um abuso burro: a cicatriz existe, mas poderia ter sido provocada por um tiro, uma facada, outra operação. Não prova que eu tenho uma peça de metal no quadril.
É esse o drama dos palestinos: precisam provar, uma e mil vezes, que não são terroristas, embora alguns dentre eles o sejam ["terrorista" é como são designados por Israel os patriotas palestinos que resistem à invasão militar de sua pátria]. Mas sofrem todos a "punição coletiva" do jargão diplomático-jurídico internacional e que tanto horroriza os adeptos da legalidade.
Não deu tempo de fazer uma pesquisa ampla para saber se a maioria dos palestinos incorporou o tédio/conformismo da menina pintada no muro. Os incidentes dos últimos dias, no entanto, dão razão a Avi Issacharoff e Amos Harel, do "Haaretz", quando dizem que 'parece que outro substancial choque israelo-palestino, com Jerusalém no meio, está se tornando crescentemente próximo'."
FONTE: escrito por Clóvis Rossi e publicado hoje (18/03) na Folha de São Paulo [entre colchetes colocados por este blog].
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2 comentários:
Ouçam os heróis de Israel
por John Pilger
http://resistir.info/pilger/pilger_25fev10.html
Oi Maria Tereza, espero que você tenha lido o artigo anterior que eu postei "Ouçam os heróis de Israel", de John Pilger, para você ver que TODOS, o mundo INTEIRO quer PAZ, só que não quer é a ultra-conservadora israelense.
INDICO:
Finkelstein: Em Gaza, Israel foi longe demais
"A devastação de Gaza pelos israelenses, contra uma população civil cercada – e usando bombas, dinheiro e cobertura diplomática dos EUA – foi tão brutal e horrenda que mudou para sempre o modo como o mundo vê o conflito no Oriente Médio"
Glenn Greenwald, blogueiro de Salon.com, durante a guerra de Gaza.
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/finkelstein-em-gaza-israel-foi-longe-demais.html
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