segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

1º SATÉLITE BRASILEIRO COMPLETA 20 ANOS EM ÓRBITA

Satélite SCD-1
Por Pedro Antônio Cândido, dos Blogs do Portal LN [transcrito no portal de Luis Nassif]

SATÉLITE SCD-1 COMPLETA 20 ANOS EM ÓRBITA

“O primeiro satélite brasileiro totalmente projetado, desenvolvido e integrado pelo INPE, concluiu ontem, às 14h42, 105.577 voltas em torno da Terra, nestes 20 anos desde seu lançamento em 9 de fevereiro de 1993.

Parabéns a todos os antigos e atuais funcionários do INPE, em especial aos da Engenharia Espacial, que nestes 20 anos de lançamento do SCD-1 fica a demonstração da sua capacidade de projetar, construir e operar um satélite.

Que esse feito seja um marco na insistência de continuarmos na luta contra a tentativa de "destruição" da Engenharia Espacial do INPE, principalmente durante a "gestão" do diretor imediatamente anterior.

Ministro homenageia os 20 anos do satélite SCD-1 e visita Centro de Previsão do Clima Espacial

Para conhecer o “Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial” (EMBRACE) e homenagear os 20 anos de operação do SCD-1 (Satélite de Coleta de Dados), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, esteve no “Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais” (INPE), em São José dos Campos (SP), nesta sexta-feira (8/2). Embora distintas, ambas as atividades trazem a marca do pioneirismo e dedicação dos engenheiros e cientistas brasileiros.

Impressionado com os resultados do monitoramento do clima espacial, uma aplicação mais recente do INPE, o ministro lembrou que também o desenvolvimento do SCD-1, há mais de duas décadas, foi resultado da dedicação de equipes de todos os setores do instituto.

“Este satélite foi o primeiro sucesso na área de engenharia espacial e prova que, quando existem condições, as coisas acontecem rápido”, disse Raupp, antes de descerrar a placa alusiva ao aniversário do SCD-1, no Centro de Controle de Satélites do INPE. “É sempre um exemplo de que a mobilização efetiva, aliada à criação de infraestrutura e à formação de equipes competentes, traz resultados para o país”.

Para o diretor do INPE, Leonel Perondi, a celebração dos 20 anos de operação do SCD-1 é um reconhecimento ao trabalho tanto dos grupos de engenharia, que projetaram os equipamentos, como às equipes que mantiveram a operação do satélite durante todos esses anos.

“É um tributo à engenharia nacional e à competência do INPE. Hoje, também, significa uma homenagem a este ex-diretor do instituto, porque durante sua gestão a MECB (Missão Espacial Completa Brasileira) teve grande impulso”, disse Perondi, fazendo referência ao período em que Raupp foi diretor do INPE, de 1985 a 1989.

O SCD-1, primeiro satélite brasileiro, foi totalmente projetado, desenvolvido e integrado pelo INPE. Quando lançado em 9 de fevereiro de 1993, a expectativa era de apenas um ano de vida útil. Contudo, o SCD-1 se mantém operacional e retransmitindo informações para a previsão do tempo e monitoramento das bacias hidrográficas, entre outras aplicações. O SCD, pilar do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais, atende a mais de 80 usuários, entre empresas e instituições governamentais. Os dados estão disponíveis no endereço http://sinda.crn2.inpe.br.

CLIMA ESPACIAL

Ao conhecer as modernas instalações do Centro de Informação e Previsão do Clima Espacial do INPE, Raupp elogiou a capacidade de monitorar a atividade do Sol e gerar alertas úteis para operação de satélites, sistemas de navegação de aeronaves, linhas de transmissão de energia e até plataformas de petróleo. No INPE, diariamente são avaliados os fenômenos solares que afetam o meio entre o Sol e a Terra, e o espaço em torno da Terra.

Para o ministro, é cada vez mais importante que o conhecimento científico se traduza em aplicações úteis para a sociedade. “Este programa tem capacidade de gerar resultados para os mais diversos setores. Considero isso da maior importância, porque a marca do MCTI é a transversalidade”, disse Raupp.

O EMBRACE oferece em tempo real, na internet, informações sobre fenômenos solares que podem causar interferências em sistemas como o GPS, além da possibilidade de induzir correntes elétricas em transformadores de linhas de transmissão de energia e afetar a proteção de dutos para transporte de óleo e gás.

Fenômenos como tempestades geomagnéticas, por exemplo, que consistem em tumultos na alta atmosfera provocados por erupções do Sol, são capazes de interromper momentaneamente o trabalho de satélites. Outras áreas também podem sofrer perdas por causa desse fenômeno, como o setor de telecomunicações, a estabilidade de usinas nucleares, sistemas de defesa nacional, entre outros.

Para analisar o comportamento do Sol e seus efeitos na Terra, são monitorados parâmetros físicos como características desta estrela, do espaço interplanetário, da magnetosfera, ionosfera e da mesosfera. As informações do EMBRACE estão disponíveis no endereço www.inpe.br/climaespacial.

O monitoramento do clima espacial é resultado de décadas de pesquisas no INPE, que, criado no início da década de 1960, teve suas primeiras atividades voltadas para as ciências espaciais e atmosféricas. O pioneirismo nos estudos dos processos básicos da interação Sol-Terra, realizados através de observações e abordagem teórica e simulação computacional, resultou nos últimos anos na criação do EMBRACE. “O Programa de Clima Espacial do INPE é um caso de fronteira da aplicação da ciência”, definiu o diretor Leonel Perondi.

O diretor do INPE, Leonel Perondi, o gerente do Programa EMBRACE, Clezio De Nardin, o pesquisador Haroldo Fraga de Campos Velho, o ministro Marco Antonio Raupp e o pesquisador Hisao Takahashi, no Centro de Informação e Previsão do Clima Espacial do INPE.

O ministro Marco Antonio Raupp e o chefe do Centro de Rastreio e Controle (CRC), Pawel Rozenfeld, ao lado do diretor do INPE, Leonel Perondi, no descerramento da placa comemorativa dos 20 anos do SCD-1, realizada no prédio do Centro de Controle de Satélites/CRC.

O ministro e membros de equipes de pesquisadores, técnicos e engenheiros do projeto de desenvolvimento e operação do SCD-1.

FONTE: por Pedro Antônio Cândido, dos Blogs do Portal LN [transcrito no portal de Luis Nassif]  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/primeiro-satelite-brasileiro-completa-20-anos).

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COMPLEMENTAÇÃO DESTE BLOG ‘democracia&política’:


A POSIÇÃO NORTE-AMERICANA CONTRA PROJETOS ESPACIAIS BRASILEIROS

“No final dos anos 80 e na década de 90, a crescente e forte pressão do exterior, especialmente dos EUA, contra projetos espaciais do Centro Técnico Aeroespacial (DCTA/FAB) era fato concreto, claro, documentado.

Os Estados Unidos, por diversos meios, já haviam explicitado, escrito, assinado e carimbado que não aprovavam o desenvolvimento espacial brasileiro quanto a foguetes de sondagem científicos e a lançadores de satélites. Documentos formais do Departamento de Estado daquele país isso claramente manifestavam. Até mesmo, aqueles que nos foram enviados justificando como “razões de Segurança Nacional” (sic) deles as suas negações aos pedidos do CTA de importação de rudimentares e inofensivos componentes de uso comum, “de prateleira”, que o CTA pretendia aplicar em produto espacial.

Quando esses e outros itens embargados eram conseguidos pelo CTA correta e oficialmente, em outros países, alguns políticos brasileiros da base do governo demotucano, bem como a nossa americanófila “grande” imprensa, diziam, errada, acusativa e pejorativamente, e em estranha coincidência com a posição norte-americana, que a Aeronáutica estava “comprando no mercado negro”.

Pelo menos, os EUA não colocavam semelhantes obstáculos para o desenvolvimento brasileiro de satélites pelo INPE. Quiçá, porque já soubessem que ganhariam muito dinheiro com a colocação em órbita daqueles pequenos, leves, simples e inofensivos satélites destinados à coleta de dados ambientais (SCD) (os SCD-1 e 2 eram refletores de sinais desses dados ambientais enviados de pontos de medição em terra), cujos lançamentos para a órbita certamente seriam (como foram) comprados pelo Brasil (AEB) no exterior, na ausência do embargado lançador nacional VLS. Realmente, os EUA vieram a ganhar, e muito, no lançamento deles.

A suspeita de haver ações dos EUA, lícitas e ilícitas, contrárias aos nossos projetos de veículos espaciais fora reforçada, nos anos 80, por outro fato. Fora contratada pelo CTA uma empresa norte-americana para efetuar tratamento térmico em tubos-envelopes dos motores do primeiro estágio do foguete de sondagem científico suborbital Sonda IV. Aqueles tubos tinham sete metros de comprimento por um metro de diâmetro (tubos idênticos aos dos seis motores, de três dos quatro estágios do VLS).

Motor do Sonda IV e do VLS (que utiliza 6 deles)
Eram feitos com inovador aço especial de ultra-alta-resistência desenvolvido pelo CTA/FAB com apoio de indústria nacional. Aço que veio a ser comercializado pela empresa brasileira que participara do desenvolvimento. Foi exportado até para os EUA fazerem trens de pouso dos aviões Boeing.

Após árduas gestões, que consumiram muitos meses, o governo dos EUA, finalmente, autorizou o embarque dos tubos do Sonda IV para aquele país. O tratamento térmico foi realizado e pago, mas o governo norte-americano não permitiu a restituição ao Brasil... Novamente, difíceis negociações, inclusive diplomáticas. Outros longos meses foram consumidos até a devolução.

Recebidos e testados em laboratório pelo CTA, foram descobertos defeitos elementares nos serviços feitos nos EUA no metal de relativamente muito fina espessura, defeitos que causariam explosão quando se lançasse os foguetes. Então, com o intelecto e os recursos do CTA/FAB, foi capacitada tecnológica e industrialmente uma empresa nacional para não mais dependermos dos EUA naqueles serviços. Foi projetado e construído o maior e mais moderno forno vertical do hemisfério sul para tratamento térmico em metais em atmosfera controlada.

Aquele imprevisto e outros injustificáveis embargos dos EUA retardaram o programa espacial brasileiro completo (MECB) (satélite-lançador-centro de lançamento) em muitos anos.

Infelizmente, por culpa nossa, ocorreu posteriormente outra oportunidade perdida pelo Brasil: o estratégico e avançado forno teve que ser desativado por falta de demanda causada pela restrição quase total de recursos financeiros e humanos para a área espacial nos dois governos FHC/PSDB/DEM.

Houve o doloso drástico estrangulamento orçamentário com a quase extinção do setor espacial brasileiro nos anos 90 (Collor e FHC/PSDB/PFL-DEM) por ordens de origem (interna ou externa) ainda desconhecida. A asfixia atingiu, especialmente, as áreas de lançadores de satélites, foguetes de sondagem científica e centros de lançamento. O governo FHC passou a direcionar os poucos recursos brasileiros restantes para o projeto norte-americano da estação ISS e para pequenos e relativamente simples satélites do INPE (SCD-1 e 2), lançados em órbita pelos EUA a preços abusivos.


As saídas de pessoal dos projetos praticamente extintos chegou a quase um milhar. Grande parte dos poucos remanescentes engenheiros do projeto VLS (o governo proibia novas admissões) recebia congelados ínfimos salários. Os teoricamente 'estagiários' recebiam cerca de R$ 600 e, mesmo assim, era comum ficarem mais de seis meses sem receber. Os recursos governamentais foram, praticamente, zerados naquelas áreas (em 1999, o total do setor espacial no Brasil –INPE, CTA, CLA, CLBI etc--ficou abaixo de 10 milhões. Ver gráfico abaixo). Os projetos persistiam movidos com calote às indústrias fornecedoras e pelo patriotismo dos pesquisadores e técnicos que ainda sobreviviam ao caos no setor causado pelo governo. Cada um passou, também, a executar tarefas de outras especialidades onde surgiam as perdas de pessoal. Culminou com grave acidente. Em 2003, um explosivo incêndio na torre de lançamento, em Alcântara (MA), destruiu a estrutura do VLS, causando a morte de 21 técnicos e especialistas do IAE/FAB. O relatório da comissão da Câmara dos Deputados que investigou o acidente, relatado por deputado do próprio PSDB, concluiu que a causa do acidente e das mortes foi o drástico corte de recursos financeiros e humanos ocorrido nos anos anteriores (nos governos demotucanos).

Houve significativa recuperação dos investimentos a partir de 2003 (ver gráfico abaixo), porém não se forma em menos de dez, quinze anos novo quadro de cientistas especializados.
  

Gráfico dos recursos totais aplicados no setor espacial brasileiro (picos máximos em 1984 e 2010 e pico mínimo em 1999)

Gráfico do documento “A Política Espacial Brasileira”, elaborado pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação
Tecnológica – CAEAT da Câmara dos Deputados em 2010 (ver pág 133 em http://www2.camara.leg.br/a-camara/altosestudos/arquivos/politica-espacial/a-politica-espacial-brasileira).
Mesmo com o significativo aumento nos investimentos desde 2003, o Brasil ainda despende valores muito baixos em comparação com outros países de porte semelhante (China, Índia) ou até mesmo de economias bem menores:

INVESTIMENTO ESPACIAL NO MUNDO (2010)

PAÍS - ORÇAMENTO ANUAL (em US$ milhões)

EUA - 17.600
Europa - 5.350
França - 2.590
Rússia - 2.400
Japão - 2.100
China - 1.300
Índia - 1.010
Irã - 400
Brasil - 343

FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO: este blog ‘democracia&política’  (http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2011/10/eua-boicotaram-e-boicotam-o-programa.html) e (http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2012/04/politica-espacial-recebera-r-22-bilhoes.html).

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