Por Fabio Soares
Comentário ao post "Considerações sobre o partido de Marina Silva"
“Sobre Marina Silva e sua nova agremiação - ainda postulada - acabo de ver a entrevista que deu ao “Roda Viva”. Algumas coisas chamaram-me a atenção:
1. A simpatia geral dos entrevistadores para com a entrevistada. Assim como sói ocorrer quando FHC é o entrevistado, praticamente não houve perguntas incômodas ou réplicas e tréplicas às muitas contradições entre seu discurso e mesmo sua biografia. Foram quase sempre todos tão amáveis. Não me recordo de ter ouvido alguém interrompê-la no meio de suas respostas (como quando um Franklin Martins ou José Dirceu foi o entrevistado, sempre impedido de responder e aparteado por vezes por dois ou três). Tudo muito suave, quase um chá das cinco.
2. Em conexão ao item anterior, a quantidade de menções que a entrevistada e seus entrevistadores fazem aos "quase vinte milhões de votos de 2010". Parecia um círculo de levantadores ladeando uma atacante de volleyball sempre a cortar todas as bolas. De sua boca, contei ao menos seis vezes em que fez menção a esse número mágico: os vinte milhões de 2010.
Não ouvi em momento algum as perguntas incômodas que gostaria de ter-lhe feito sobre esse número cabalístico: "- A senhora acredita que esses votos lhe foram dados por convicção e, portanto, lhe pertencem, ou crê que possa ter havido uma manipulação midiática com a finalidade de tirar votos da então candidata Dilma Roussef e, assim, garantir um segundo turno entre ela e Serra? Crê que, caso tivesse avançado ao segundo turno - hipoteticamente - com José Serra, a mídia teria sido tão afável com a senhora como foi no primeiro turno? Crê que esses votos lhe pertençam ou pertencerão nas próximas campanhas?"
3. O discurso oco, vazio. Os circunlóquios. O uso de um jargão, de um politiquês misturado a ambientalês, desprovidos de sentido prático, com a única finalidade de conferir forma ao que não tem conteúdo. A desconexão entre a utopia do discurso redentor das mazelas políticas por meio da aglutinação de pessoas virtuosas e a realidade do sistema político, em nossa plutocracia travestida de democracia representativa. Fiquei me perguntando se são "sustentáveis" esse partido e a sua sobrevivência política como protagonista. Com o perdão do trocadilho...
4. A pusilanimidade em dar nome aos bois quando instada a se posicionar sobre a AP470. Espero que jamais seja vítima das mesmas manobras que, agora, não teve a coragem de criticar.
5. As notáveis idiossincrasias entre o discurso e a praxis. Quer dizer que na “Rede” não há lugar para um Renan Calheiros mas o há para um Roberto Freire? Certo...
Por tudo isso, eis aí mais uma agremiação que não terá meu voto. Ironicamente, numa passagem em que Marina cita seu pai - cearense - em que dizia aprovar o nome "Rede Sustentabilidade", pois nordestino entende de rede e espera que a rede embale a nova agremiação, não tive como não me lembrar de Patativa do Assaré que, salvo engano, já dizia da relação entre o nordestino e a rede. Rede como o objeto onde é concebido, onde vive, onde procria e, ao morrer, onde é embrulhado (ou seria "embalado"?) ao descer os sete palmos. Desconfio que o "embalado" do pai de Marina refira-se à mortalha de uma agremiação natimorta.”
FONTE: portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sobre-a-entrevista-de-marina-silva-no-roda-viva). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Comentário ao post "Considerações sobre o partido de Marina Silva"
“Sobre Marina Silva e sua nova agremiação - ainda postulada - acabo de ver a entrevista que deu ao “Roda Viva”. Algumas coisas chamaram-me a atenção:
1. A simpatia geral dos entrevistadores para com a entrevistada. Assim como sói ocorrer quando FHC é o entrevistado, praticamente não houve perguntas incômodas ou réplicas e tréplicas às muitas contradições entre seu discurso e mesmo sua biografia. Foram quase sempre todos tão amáveis. Não me recordo de ter ouvido alguém interrompê-la no meio de suas respostas (como quando um Franklin Martins ou José Dirceu foi o entrevistado, sempre impedido de responder e aparteado por vezes por dois ou três). Tudo muito suave, quase um chá das cinco.
2. Em conexão ao item anterior, a quantidade de menções que a entrevistada e seus entrevistadores fazem aos "quase vinte milhões de votos de 2010". Parecia um círculo de levantadores ladeando uma atacante de volleyball sempre a cortar todas as bolas. De sua boca, contei ao menos seis vezes em que fez menção a esse número mágico: os vinte milhões de 2010.
Não ouvi em momento algum as perguntas incômodas que gostaria de ter-lhe feito sobre esse número cabalístico: "- A senhora acredita que esses votos lhe foram dados por convicção e, portanto, lhe pertencem, ou crê que possa ter havido uma manipulação midiática com a finalidade de tirar votos da então candidata Dilma Roussef e, assim, garantir um segundo turno entre ela e Serra? Crê que, caso tivesse avançado ao segundo turno - hipoteticamente - com José Serra, a mídia teria sido tão afável com a senhora como foi no primeiro turno? Crê que esses votos lhe pertençam ou pertencerão nas próximas campanhas?"
3. O discurso oco, vazio. Os circunlóquios. O uso de um jargão, de um politiquês misturado a ambientalês, desprovidos de sentido prático, com a única finalidade de conferir forma ao que não tem conteúdo. A desconexão entre a utopia do discurso redentor das mazelas políticas por meio da aglutinação de pessoas virtuosas e a realidade do sistema político, em nossa plutocracia travestida de democracia representativa. Fiquei me perguntando se são "sustentáveis" esse partido e a sua sobrevivência política como protagonista. Com o perdão do trocadilho...
4. A pusilanimidade em dar nome aos bois quando instada a se posicionar sobre a AP470. Espero que jamais seja vítima das mesmas manobras que, agora, não teve a coragem de criticar.
5. As notáveis idiossincrasias entre o discurso e a praxis. Quer dizer que na “Rede” não há lugar para um Renan Calheiros mas o há para um Roberto Freire? Certo...
Por tudo isso, eis aí mais uma agremiação que não terá meu voto. Ironicamente, numa passagem em que Marina cita seu pai - cearense - em que dizia aprovar o nome "Rede Sustentabilidade", pois nordestino entende de rede e espera que a rede embale a nova agremiação, não tive como não me lembrar de Patativa do Assaré que, salvo engano, já dizia da relação entre o nordestino e a rede. Rede como o objeto onde é concebido, onde vive, onde procria e, ao morrer, onde é embrulhado (ou seria "embalado"?) ao descer os sete palmos. Desconfio que o "embalado" do pai de Marina refira-se à mortalha de uma agremiação natimorta.”
FONTE: portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sobre-a-entrevista-de-marina-silva-no-roda-viva). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Nenhum comentário:
Postar um comentário