quarta-feira, 17 de setembro de 2014

AS PERIGOSAS ESCOLHAS DE MARINA NA POLÍTICA EXTERNA




Política externa: As escolhas de Marina

Por Mauro Santayana, em seu blog:

"A política, assim como o futebol, é uma caixinha de surpresas.

Lembrando isso, recomenda-se avaliar com atenção as que, parece, pode estar nos reservando a candidata do PSB à Presidência da República.

Marina Silva precisa tomar cuidado para não querer ser “mais realista que o rei” com relação ao “mercado”. Uma entidade etérea, inefável, incongruente e contraditória, alçada, pela incompetência estratégica dos últimos governos e vontade de parcela da mídia convenientemente azeitada para fazê-lo, a invisível fiador, diríamos quase um condutor, do processo político brasileiro.

Ansiosa por agradar ao sistema financeiro e aos especuladores, que estão fazendo fortuna na bolsa com o jogo de expectativas em torno das eleições de outubro, a senhora Marina Silva apressou-se a divulgar, entre outros pontos de seu programa de governo, sua intenção de rever o Mercosul – citando, para isso, a Aliança do Pacífico (AP)- e também a política de empréstimos do BNDES.

Com relação a tratados comerciais, o mundo já aprendeu que é melhor negociar em grupo do que separadamente.

A Europa, que por aqui costuma ser apresentada - junto com os EUA - como paradigma de "livre comércio", até agora não conseguiu fechar sua proposta para o Mercosul, porque o viés protecionista de muitos setores de sua economia, especialmente a agricultura, não lhe permitiu fazer isso.

Quanto ao BNDES, vários segmentos do empresariado nacional já declararam, em alto e bom som, que sem o apoio da instituição não é possível concorrer, nem aqui, nem no exterior, com empresas multinacionais que contam com generosos subsídios de bancos estatais de fomento semelhantes, em seus respectivos países.

Afinal, vender perfume, como fazem bem sucedidos empresários do setor no exterior - não é o mesmo que vender aviões, foguetes de saturação, serviços de engenharia de bilhões de dólares para outros países. Isso, ninguém faz sem ajuda, e quem acreditar no contrário, ou é ingênuo, ou não tem a menor noção de estratégia nacional.

A "Aliança do Pacífico" não é um acordo de "livre comércio", mas um factoide e um mito.

Não dá para tratar como nações de um bloco comercial à parte, e antagônico politicamente ao Brasil e ao Mercado Comum do Sul [Mercosul], países como o Peru e o Chile, que são membros associados ao próprio Mercosul, e que já possuem, na prática, uma aproximação tão grande conosco na área comercial, que somos nós, e não o México, o seu principal parceiro comercial latino-americano.



O comércio entre os países da Aliança do Pacífico é tão “significativo”, que há 15 dias, em uma primeira rodada de negócios da AP, realizada na Colômbia, o volume de acordos fechados não chegou a pífios 100 milhões de dólares.

O Brasil quer aprofundar sua integração comercial com todos os países sul-americanos – o intercâmbio brasileiro com o Peru, por exemplo, aumentou em 8 vezes nos últimos 10 anos – e já propôs a Santiago, Lima e Bogotá um tratado de livre comércio a partir de 2016.

Só não podemos fazer a mesma coisa com o México, nação que está amarrada [submissa] por tratado aos Estados Unidos, e que seria utilizada como plataforma de exportação por Canadá e EUA para colocar produtos com isenção de impostos em nosso território, como já o fez no caso da indústria automobilística.

Há estudos mexicanos que mostram que há carros fabricados naquele país que têm apenas 30% de peças locais, enquanto no Brasil o conteúdo local médio quase chega a 60%, e há veículos em que alcança 90%.

Para se ter uma ideia do que ocorre com o comércio exterior mexicano, esse país importa tantas peças da China, que seu déficit com Pequim chegou a 51 bilhões de dólares no ano passado.

O segredo do “avanço” industrial mexicano está na localização das “maquiladoras”, do outro lado da fronteira de um dos maiores mercados do mundo; em proventos miseráveis – um salário mínimo mexicano equivale a 10,99 reais por dia – e em uma carga tributária de 12%, o que, segundo a CEPAL e o FMI, não permite que esse país responda minimamente a suas graves demandas sociais ou de infraestrutura.

Nos últimos dez anos, o México cresceu menos de 30%, e o Brasil quase 50%, e acaba de cair 6 posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, ficando sete lugares atrás do Brasil. Na educação, para ficar apenas em um exemplo, segundo o ranking de Shangai, recentemente divulgado, os mexicanos têm apenas uma universidade entre as primeiras 200 do planeta, enquanto nós - que segundo aqui se fala estamos muito mais atrasados do que eles - temos 6 instituições superiores de ensino nessa lista, inclusive, uma, a USP, entre as primeiras 150 do mundo.

Nem a Aliança do Pacífico é uma maravilha, nem o Mercosul um inferno.

A Bolívia de Evo Morales, com baixíssima dívida externa e reservas internacionais que já chegam a metade do PIB, está virando exemplo de administração econômica bem sucedida, até do ponto de vista de certas "agências" e consultorias internacionais.

E a Argentina, com todos seus problemas, transformou-se na semana passada no primeiro país latino-americano a fabricar, com recursos próprios, um satélite geoestacionário de telecomunicações, que será lançado no dia 16 de outubro, pela Arianespace, em Kourou, na Guiana Francesa.

Com um custo de 270 milhões de dólares e fabricado pela estatal INVAP e a Empresa Argentina de Soluciones Satelitales, o ARSAT-1, de 1.300 quilos e 15 anos de vida útil, é o primeiro de uma série de três, e deverá fornecer serviços de telefonia, acesso á internet e transmissão de dados para a Argentina e países limítrofes, entre eles, o Brasil." [Sobre satélite brasileiro similar, ver "complementação" a seguir].


FONTE: escrito por Mauro Santayana, em seu blog. Transcrito no "Blog do Miro"  (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/09/politica-externa-as-escolhas-de-marina.html).[Trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

COMPLEMENTAÇÃO





Satélite de comunicação e defesa brasileiro será lançado em 2016

"O artefato irá garantir segurança total nas transmissões de informações estratégicas do país.

O Ministério da Defesa e a Telebrás assinaram na quinta-feira (11/09) contrato que autoriza o uso da banda X – voltada à comunicação militar – do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC).

Com previsão de conclusão para 2016, o novo satélite será o primeiro a ser 100% controlado por instituições brasileiras. Atualmente, os satélites que auxiliam a comunicação do país são controlados por estações de fora.

Quando estiver em órbita, o artefato terá uma banda de uso exclusivo militar, o que vai garantir segurança total nas transmissões de informações estratégicas do país.

Esse é um momento histórico, em que o Brasil irá comandar seu satélite e usá-lo de forma estratégica”, disse o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), General de Exército José Carlos De Nardi, durante a cerimônia de assinatura do contrato.

O General destacou que a novidade trará “vantagem enorme” para operações de proteção do país, como os projetos de implantação do "Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul" (SISGAAz), a cargo da Marinha, e do "Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras" (SISFRON), sob execução do Exército Brasileiro.

O projeto de construção e controle do satélite também prevê transferência de tecnologia, o que dará ao Brasil o domínio desse tipo de conhecimento, que poderá ser disseminado nas mais diversas áreas - em especial, no meio da indústria de defesa.

Além disso, a banda ‘Ka’ do satélite facilitará a execução do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), levando comunicação de qualidade às regiões mais afastadas do Brasil, que ainda dependem da construção de rotas de fibra ótica para terem acesso à internet.

É estratégico para a Telebrás fazer parte deste momento do país, de retomada do controle tecnológico, de operações de um satélite estratégico”, disse o presidente da empresa, Francisco Ziober. “Nós vamos levar cidadania às comunidades mais isoladas, por meio do satélite”, completou.

O investimento da área de Defesa no projeto será de R$ 489 milhões – o que equivale a 22% do custo total do satélite."

FONTE da complementação: do portal da FAB  (http://www.fab.mil.br/noticias/mostra/19917/ESPAÇO---Satélite-de-comunicação-e-defesa-brasileiro-será-lançado-em-2016).

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