quarta-feira, 17 de setembro de 2014

MARINA ATENDE INTERESSES DAS PETROLEIRAS ESTRANGEIRAS





Campanha de Marina endossa lobby internacional contra indústria brasileira no pré-sal


Por Helena Sthephanowitz, na RBA 

"Coordenador de campanha 
[de Marina], Walter Feldman, endossa críticas de lobistas ao marco regulatório do pré-sal, sinalizando que a legislação precisaria mudar. 

O Brasil atingiu recorde de 2,9 milhões de barris/dia em julho. E o pré-sal ainda nem começou.

O primeiro dia da "Rio Oil & Gas", maior conferência petrolífera do país, foi marcado segunda-feira (15) por forte lobby de companhias estrangeiras e privadas nacionais de petróleo contra a exigência de compra de componentes na indústria nacional e contra a Petrobras ser operadora única no pré-sal.

Ainda na segunda-feira, o coordenador de campanha de Marina Silva (PSB), Walter Feldman, endossou as críticas dos lobistas ao marco regulatório do pré-sal sinalizando que a legislação precisaria mudar. Segundo ele, emissários de Marina se encontraram com executivos privados do setor de petróleo na semana passada e ouviram queixas da política de conteúdo local.

Mark Shuster, vice-presidente executivo de exploração e produção para as Américas da Shell, disse na Rio Oil & Gas que a legislação e a tributação reduzem a atratividade do pré-sal brasileiro, citando o México como alternativa, pois "flexibilizou" suas leis para atrair investimentos.

O que Shuster não disse é que o México não tem nenhum grande campo com o grau de certeza que existe no pré-sal brasileiro e a própria Shell participou do consórcio encabeçado pela Petrobras para exploração do campo de Libra sob o novo marco regulatório.

É do jogo esse tipo de pressão. "Quem não chora, não mama", diz o ditado popular. E empresários e investidores, por mais ganhos que tenham, nunca param de chorar para ver se ganham mais um pouco.

O problema é a candidatura de Marina Silva cair nessa conversa fiada e se submeter ao lobismo. Depois, não adianta reclamar, nem querer se fazer de vítima, quando seu programa é criticado por sinalizar um governo privatista, [entreguista] e que oferece risco de ceder aos interesses das grandes corporações [estrangeiras].

Governos devem, sim, dialogar com empresários de todos os setores e atrair investimentos, mas precisam saber separar o que converge com o interesse nacional e do povo daquilo que apenas vise a lucros privados, sem contrapartida para a prosperidade popular.

Segundo o argumento adotado pelos coordenadores de Marina, idêntico ao dos tucanos [com Aécio], a Petrobras estaria muito endividada, sobrecarregada por ser a operadora única do pré-sal obrigada a participar com no mínimo 30% na exploração, e a indústria naval brasileira e de componentes deveria ser sacrificada para atrair mais investimentos estrangeiros na extração do petróleo.

Argumentos pífios. A Petrobras tem um cronograma de investimentos para dobrar a produção até 2020. A dívida é grande porque a empresa é gigante, e é usada para investimento com retorno [certo] lucrativo. Tanto é assim que ninguém no mundo, por mais capitalista que seja, deixa de comprar ações da empresa apenas por causa de sua dívida.

Quanto a estar "sobrecarregada", é um argumento tão risível como dizer que uma indústria de automóveis estaria sobrecarregada por ampliar a fabricação de carros que estão vendendo muito. Ora, quando se produz muito, aumentam-se as receitas, investe-se em expansão e contrata-se mais gente. Não existe empresa no mundo que ceda voluntariamente fatias de mercado para concorrentes por estar "sobrecarregada".

Pior é o argumento de sacrificar a cadeia produtiva de componentes da indústria naval e petrolífera [brasileira], apenas para trazer mais investimentos de petroleiras estrangeiras [e gerar mais empregos e riqueza nos países deles]. A economia brasileira ganharia pouco e perderia muito, se petroleiras estrangeiras simplesmente trouxessem equipamentos prontos para ancorar em nossa costa, com tecnologia e trabalhadores estrangeiros, se tirassem o petróleo e o vendessem no mercado mundial, deixando apenas uma pequena participação financeira para o país.

O Brasil seria um mero produtor da commodity petróleo, sem desenvolver uma indústria local, sem dominar a tecnologia, sem criar empregos, inclusive qualificados, sem descobrir patentes que sempre surgem onde se produz tecnologia. Tudo isso vale tanto ou mais do que o petróleo em si. Como se não bastasse, campos de petróleo hegemonicamente dominados por empresas estrangeiras, sobretudo países com histórico de intervenção militar, colocam em risco a própria soberania nacional.

Além disso, apesar de haver cobiça pelo domínio das reservas, não há interesse da maioria das grandes petroleiras estrangeiras em produzir aqui na mesma escala que a Petrobras planeja, pelo simples motivo de que interessa a seus acionistas manter o preço do barril de petróleo nos patamares que assegurem maiores lucros do que uma superprodução poderia proporcionar. Tanto é assim que os países da "Organização dos Países Produtores de Petróleo" (OPEP), seguindo a mesma lógica das petroleiras privadas que atuam em escala global, estudam cortar a produção em 500 mil barris ao dia, no momento em que houve uma queda de preço.

Se com quatro tuítes do pastor Silas Malafaia, Marina Silva “revisou” o programa de governo, o que a poderosa indústria do petróleo mundial conseguiria mudar no marco regulatório do petróleo, caso Marina fosse presidenta?"


FONTE: escrito por Helena Sthephanowitz no seu blog no portal "Rede Brasil Atual"  (http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2014/09/campanha-de-marina-endossa-lobby-contra-industria-brasileira-no-pre-sal-1794.html). [Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política']. 

COMPLEMENTAÇÃO

Campanha de Marina admite entregar pré-sal para multinacionais 




"Em encontro com empresários na segunda-feira (15), em São Paulo, o coordenador de campanha de Marina Silva (PSB), Walter Feldman, criticou o modelo adotado de exploração do pré-sal, baseado no "regime de partilha", em que a exploração de todas as áreas é controlada pela estatal brasileira, a Petrobras. Explicitamente, o guru aponta que o modelo de partilha será mudado em um possível governo Marina.


Feldman salientou, em encontro com executivos do setor na semana passada, 
que  eles se queixaram da política de conteúdo local, ou seja, 60% dos componentes feitos no Brasil, e defendeu os interesses das multinacionais como no "regime de concessão" [muito dadivoso para as petroleiras estrangeiras] , concretizado no governo neoliberal de FHC/PSDB. Para Feldman, esse é modelo mais apropriado. Nele, as empresas [estrangeiras] passariam a explorar e obter a maior parte dos lucros da riqueza extraída de mares brasileiros, indicando ainda que a exigência tem que ser alterada.

Na opinião do especialista na área, Haroldo Lima, ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), voltar ao regime de concessões "seria um grave erro para o interesse dos brasileiros", pois, segundo ele, a alteração "contraria os interesses nacionais", uma vez que procuraria "satisfazer os interesses das multinacionais" na exploração de grandes áreas de petróleo.

Aprovado em 2010, durante o governo Lula, o "regime de partilha" determina que a exploração de todas as áreas do pré-sal seja controlada pela estatal. A Petrobras tem que ser sócia com, no mínimo, 30% de cada área. O objetivo [dentre outros benefícios] é garantir que a riqueza seja extraída por uma empresa brasileira.

Em recente artigo, Haroldo reafirmou que as “imensas acumulações de óleo e gás descobertas em 2006 e anunciadas em 2007, conhecidas como ‘pré-sal’, constituem, a ‘joia da coroa’, a maior jazida do gênero encontrada no mundo nas últimas décadas. Sua importância movimentou o Executivo e o Legislativo de nosso país durante dois anos, na busca da melhor forma de explorá-la”.

Para Haroldo, foi uma vitória do povo e do Brasil, o governo conseguir introduzir o modelo de partilha como núcleo do novo marco regulatório e “pôs-se em lei que 75% dos royalties do petróleo extraído no país irão para a educação, além de 50% do Fundo Social do pré-sal, e que 25% desses royalties irão para a saúde. No total, esses recursos podem chegar a mais de R$ 1 trilhão no curso de três décadas e meia”, ressaltou.

Na defesa do pré-sal e da Petrobras, na segunda-feira (15), mais de 10 mil trabalhadores realizaram uma manifestação no Rio de Janeiro, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, petroleiros, centrais sindicais e movimentos sociais.

Em claro aviso ao povo contra a verdadeira intenção de Marina, Lula afirmou que prefere não falar mal de outros políticos, mas que não pode deixar de defender Dilma, sua sucessora. "Mas posso dizer que sou contra a candidata que faz oposição a Dilma. Porque ela vai terminar mostrando as inconsistências de um programa de governo feito a 500 mãos", disse.

Lula fez ainda a defesa da estatal. “Desde a data que descobrimos o pré-sal até agora, estamos tirando mais petróleo do que o país tirou nos primeiros 31 anos de existência da Petrobras. Quem é que não quer que continue esse planejamento? Quem está incomodado com uma empresa brasileira para gerenciar esse petróleo? Quem está contra o fato de termos aprovado os 75% royalties do pré-sal para a educação? Com certeza não é nenhum trabalhador brasileiro, não é quem ama o Brasil. Sem o petróleo, não haveria possibilidade de o filho do trabalhador estudar numa universidade, sendo chamado de doutor. Imaginem quando estivermos tirando milhões e milhões de barris de petróleo do pré-sal.”


Em vários discursos sobre o tema, a candidata Marina Silva tenta mascarar os seus reais objetivos, dizendo que "o pré-sal não é prioridade" e que "pretende reduzir os investimentos destinados a ele". Marina diz que dará preferência às fontes renováveis ao invés do petróleo, justamente para burlar a mensagem de que um possível governo dela seguiria a cartilha neoliberal de “dar de mão beijada” as riquezas de nosso país aos estrangeiros, como de fato foi escancarado por seu coordenador de campanha."

FONTE da complementação: da Redação do Portal "Vermelho", com informações das agências de notícias  (http://www.blogdadilma.com/eleicoes/2115-admite-entregar). [Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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