Cameron e Obama
Mentes doentes
"O presidente de turno nos Estados Unidos da América pretende instalar mísseis de médio alcance com capacidade nuclear no Reino Unido e, ao mesmo tempo que combina com Angela Merkel a imposição de novas sanções à Rússia, pede ao primeiro-ministro britânico que não permita a saída do seu país da União Europeia.
Por José Goulão, no "Mundo Cão", de Portugal
Por José Goulão, no "Mundo Cão", de Portugal
O imperador falou e deu ordens aos súditos, que continuam a sê-lo mesmo que, aqui e ali, pretendam disfarçá-lo. O caso da chanceler alemã é flagrante: depois de fingir que tem política própria em relação a Moscou, acaba de explicar que a sua posição sobre o assunto é a norte-americana e fica tudo dito. Mesmo que tenha sido enxovalhada por simples funcionários de Washington a propósito da Ucrânia, mas isso já lá vai, desculpas aceitas, tudo se esquece.
Moscou informa que acompanha “de muito perto” essas movimentações. É natural, todas elas se dirigem, em primeira e última análise, contra a Rússia. Até porque as mentiras há tempo usadas por Washington, segundo as quais a instalação de equipamentos militares “defensivos” no Leste da Europa pretendiam ameaçar o Irã, tornaram-se inúteis. Os Estados Unidos e o regime de Teerã vão assinar um acordo dentro de dias cujo principal objetivo estratégico para o Pentágono é o de ficar com as mãos mais livres no Oriente Médio para poder reforçar o nível das ameaças contra a China e contra a Rússia. É o que está acontecendo sob os nossos olhos.
A instalação de mísseis nucleares de médio alcance no Reino Unido, virados contra a Rússia, fará com que Moscou responda da mesma maneira, com armas viradas “para cá”. É um regresso ao passado nos episódios de corrida aos armamentos, o retorno a uma guerra fria que, nunca deixando verdadeiramente de existir, se reativa em cima de um mundo repleto de guerras quentes.
Durante os primeiros anos deste século, Washington ainda deu a sensação de que o terrorismo internacional passaria a fazer as vezes da extinta União Soviética como argumento imperial para cometer ingerências onde lhe interessa, alimentar guerras para escoar estoques de armamentos ultrapassados, para pôr e tirar governos a seu bel prazer. Esse tempo já lá vai, até porque qualquer cidadão medianamente informado e que pretenda olhar o mundo com olhos de ver conhece as cumplicidades entre os Estados Unidos e o terrorismo internacional.
Tal como a União Soviética de antanho, a Rússia é o inimigo principal do império – em boa verdade a Rússia e os seus potenciais aliados militares, China e Índia. Foi sobre isso que incidiram os recentes encontros do senhor Obama, que passa mais tempo no espaço da União Europeia do que no seu país. E quando ele chega aos países da União Europeia não é para pedir, é para exigir a rogo de quem o fez presidente e como tal o sustenta, o complexo militar, industrial e tecnológico que governa os Estados Unidos e pretende governar o mundo, em “democracia”, claro está.
Por isso, Obama veio dizer ao seu confrade Cameron, eleito de fresquinho, que prepare as bases para que nelas sejam instalados os mísseis nucleares norte-americanos e que se deixe de alimentar as dúvidas sobre se o Reino Unido deve ou não continuar na União Europeia. É do interesse dos Estados Unidos que a União Europeia continue inteira, estável e dócil, por isso que Cameron deixe de falar em referendos sobre a saída ou não, que ainda podem dar mau resultado mesmo que o sistema eleitoral funcione de modo a evitar incômodos, mas nunca se sabe.
Moscou informa que acompanha “de muito perto” essas movimentações. É natural, todas elas se dirigem, em primeira e última análise, contra a Rússia. Até porque as mentiras há tempo usadas por Washington, segundo as quais a instalação de equipamentos militares “defensivos” no Leste da Europa pretendiam ameaçar o Irã, tornaram-se inúteis. Os Estados Unidos e o regime de Teerã vão assinar um acordo dentro de dias cujo principal objetivo estratégico para o Pentágono é o de ficar com as mãos mais livres no Oriente Médio para poder reforçar o nível das ameaças contra a China e contra a Rússia. É o que está acontecendo sob os nossos olhos.
A instalação de mísseis nucleares de médio alcance no Reino Unido, virados contra a Rússia, fará com que Moscou responda da mesma maneira, com armas viradas “para cá”. É um regresso ao passado nos episódios de corrida aos armamentos, o retorno a uma guerra fria que, nunca deixando verdadeiramente de existir, se reativa em cima de um mundo repleto de guerras quentes.
Durante os primeiros anos deste século, Washington ainda deu a sensação de que o terrorismo internacional passaria a fazer as vezes da extinta União Soviética como argumento imperial para cometer ingerências onde lhe interessa, alimentar guerras para escoar estoques de armamentos ultrapassados, para pôr e tirar governos a seu bel prazer. Esse tempo já lá vai, até porque qualquer cidadão medianamente informado e que pretenda olhar o mundo com olhos de ver conhece as cumplicidades entre os Estados Unidos e o terrorismo internacional.
Tal como a União Soviética de antanho, a Rússia é o inimigo principal do império – em boa verdade a Rússia e os seus potenciais aliados militares, China e Índia. Foi sobre isso que incidiram os recentes encontros do senhor Obama, que passa mais tempo no espaço da União Europeia do que no seu país. E quando ele chega aos países da União Europeia não é para pedir, é para exigir a rogo de quem o fez presidente e como tal o sustenta, o complexo militar, industrial e tecnológico que governa os Estados Unidos e pretende governar o mundo, em “democracia”, claro está.
Por isso, Obama veio dizer ao seu confrade Cameron, eleito de fresquinho, que prepare as bases para que nelas sejam instalados os mísseis nucleares norte-americanos e que se deixe de alimentar as dúvidas sobre se o Reino Unido deve ou não continuar na União Europeia. É do interesse dos Estados Unidos que a União Europeia continue inteira, estável e dócil, por isso que Cameron deixe de falar em referendos sobre a saída ou não, que ainda podem dar mau resultado mesmo que o sistema eleitoral funcione de modo a evitar incômodos, mas nunca se sabe.
Dir-se-á: Cameron foi reeleito agora, porém o mesmo não poderá acontecer com Obama. Pois não – e o que interessa isso? A seguir virá um outro, com um dos dois rótulos regimentais, para fazer a mesma coisa, quem sabe se logo à partida agraciado com um Nobel para que tudo o que ele decida em prol da guerra seja apresentado como denodados esforços pela paz.
Estando todos nós reféns dessas mentes doentes."
FONTE: escrito por José Goulão, no "Mundo Cão", de Portugal. Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/265451-9).[Título e algumas adaptações ao idioma português do Brasil acrescentados por este blog 'democracia&política']
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