sábado, 2 de janeiro de 2016

Dilma na tucana "Folha": "UM FELIZ 2016 PARA O POVO BRASILEIRO"




Dilma: temos base para retomar o desenvolvimento; ajuste não será nos pobres

Por FERNANDO BRITO



Artigo de Ano Novo da Presidenta Dilma Rousseff, publicado sexta-feira (01) na "Folha". Ao final, alguns comentários de Fernando Brito.

Um feliz 2016 para o povo brasileiro

Dilma Rousseff, na "Folha"

"O ano de 2015 chegou ao final e a virada do calendário nos faz reavaliar expectativas e planejar novas etapas e desafios. Assim, como sempre, nos traz a necessidade de refletir sobre erros e acertos de nossas decisões e atitudes.

Este 2015 foi um ano muito duro. Revendo minhas responsabilidades nesse ambiente de dificuldades, vejo que nossos erros e acertos devem ser tratados com humildade e perspectiva histórica.

Foi um ano no qual a necessária revisão da estratégia econômica do país coincidiu com fatores internacionais que reduziram nossa atividade produtiva: queda vertiginosa do valor de nossos principais produtos de exportação, desaceleração de economias estratégicas para o Brasil e a adaptação a um novo patamar cambial, com suas evidentes pressões inflacionárias.

Tivemos também a instabilidade política que se aprofundou por uma conduta muitas vezes imatura de setores da oposição que não aceitaram o resultado das urnas e tentaram legitimar sua atitude pelas dificuldades enfrentadas pelo país.

Mais do que fazer um balanço do que se passou, quero falar aqui da minha confiança no nosso futuro e reafirmar minha crença no Brasil e na força do povo brasileiro. Estou convicta da nossa capacidade de chegarmos ao fim de 2016 melhores do que indicam as previsões atuais.

A principal característica das crises econômicas do Brasil, desde os anos 1950, é uma combinação entre crise externa e crise fiscal. As economias emergentes sempre foram pressionadas pela combinação de déficit e dívida externa, com desarranjos fiscais do Estado.

A realidade brasileira hoje é outra. A solidez da nossa economia é a base da retomada do crescimento. Temos posição sólida nas reservas internacionais, que se encontram em torno de US$ 368 bilhões, a sexta maior do mundo.

O déficit em transações correntes terá recuado no final do ano de cerca de 4,3% para 3,5% do PIB, comparativamente a 2014. O investimento direto estrangeiro na casa de US$ 66 bilhões demonstra a confiança dos investidores no nosso país.

Em 2016, com o apoio do Congresso, persistiremos pelos necessários ajustes orçamentários, vitais para o equilíbrio fiscal. Em diálogo com os trabalhadores e empresários, construiremos uma proposta de reforma previdenciária, medida essencial para a sobrevivência estrutural desse sistema que protege dezenas de milhões de trabalhadores.

É claro que os direitos adquiridos serão preservados, e devem ser respeitadas as expectativas de quem está no mercado de trabalho, mas de forma efetivamente sustentável.

Convocarei o Conselho de Desenvolvimento Social, formado por trabalhadores, empresários e ministros, para discutir propostas de reformas para o nosso sistema produtivo, especialmente no aspecto tributário, a fim de construirmos um Brasil mais eficiente e competitivo no mercado internacional.

Não basta apenas a modernização do nosso parque industrial, é fundamental continuarmos investindo em educação, formação tecnológica e científica.

Precisamos também respeitar e dialogar com os anseios populares, desenvolvendo uma estrutura de poder mais próxima da sociedade, instituições fortes no combate à corrupção, oferta de serviços públicos de qualidade e ampliação dos instrumentos de participação e controle da sociedade civil.

As diferentes operações anticorrupção tornaram as instituições públicas mais robustas e protegidas. Devem continuar assegurando o amplo direito de defesa e punindo os responsáveis, sem destruir empregos e empresas.

Reafirmo minha determinação pela reforma administrativa que iniciei. Quero um governo que gaste bem os recursos públicos, que seja racional nos processos de trabalho e eficiente no atendimento às demandas da sociedade.

O governo está fazendo sua parte. Executamos um duro plano de contenção de gastos, economizando mais de R$ 108 bilhões em 2015 -o maior contingenciamento já realizado no país. Para 2016, firmamos o compromisso de produzir um superávit primário de 0,5% do PIB. Fizemos e faremos esse esforço sem transferir a conta para os que mais precisam.

Sei que as famílias brasileiras se preocupam com a inflação. Enfrentá-la é nossa prioridade. Ela cairá em 2016, como demonstram as expectativas dos próprios agentes econômicos.

O governo manteve, no ano de 2015, os investimentos que realizamos para melhorar a vida dos brasileiros. Por exemplo, foram cerca de 389 mil moradias entregues e mais de 402 mil contratadas no "Minha Casa, Minha Vida". Quase 14 milhões de famílias receberam o "Bolsa Família".

Oferecemos 906 mil novas vagas em universidades públicas e privadas e 1,3 milhão no Pronatec. Entregamos 808 km de rodovias, tanto por meio de obras públicas como pelas concessões privadas. Autorizamos dez terminais portuários privados, concedemos e modernizamos aeroportos. Ampliamos a oferta de energia em 5.070 MW.

É hora de viabilizar o crescimento. O plano de concessões em infraestrutura já é uma realidade. Os leilões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias vão impulsionar a nossa economia e contribuirão para a geração de empregos. Não vamos parar por aí.

É importante ressaltar que em 2015 as instituições da nossa democracia foram exigidas como nunca e responderam às suas responsabilidades, preservando a estabilidade institucional do Brasil.

Todos esses sinais me dão a certeza de que teremos um 2016 melhor. Mesmo injustamente questionada pela tentativa de impeachment, não alimento mágoas nem rancores. O governo fará de 2016 um ano de diálogo com todos os que desejam construir uma realidade melhor.
O Brasil é maior do que os interesses individuais e de grupos. Por isso, quero me empenhar para o que é essencial: um Brasil forte para todo o povo brasileiro."

[Do blog "Tijolaço"]: Meus comentários: a comunicação do Governo Dilma segue sem foco. O conteúdo e o tom de seu artigo são bons, mas o veículo é torto, em matéria de comunicação. O alcance de um artigo de opinião na [tucana] "Folha", no dia de hoje [primeiro do ano, sexta-feira], é pífio. Terá mais leitores nos blogs que o reproduzirão do que lá ou no site da [tucana] "Folha", onde está chamado sem destaque algum. Sem falar na grosseria gratuita da edição impressa, ao colocar ao lado da chamada de seu artigo uma foto pinçada – pinçada, porque não houve manifestação de protesto digna de registro – de um infantilóide se exibindo na São Silvestre com um par de guampas à cabeça e um balãozinho de “Fora Dilma”. Deselegante, gratuito e inepto para um jornal que recebe um articulista convidado que é a própria Presidente da República.

Quanto ao mérito: parece estar bem fixado que o tom é mais “vamos crescer” do que o “vamos cortar”. Falta a referência – talvez pelo público a que se dirige – do aumento do salário mínimo como prova de que o esforço fiscal (e o mínimo é a fonte maior do déficit previdenciário) – será feito “sem transferir a conta para os que mais precisam”, como se afirma.

O conteúdo das reformas propostas é, como não poderia deixar de ser, vago, mas seus fundamentos estão corretos: retomada do desenvolvimento, investimento em infraestrutura, habitação e em programas de edicação, ciência e inovação tecnológica.

A intenções são corretas, esperemos que os gestos que iniciarão 2016 não lhes sejam distantes. O varejo da inflação é muito sentido nos primeiros meses do ano. E a oposição fará o que puder dele para tentar ressuscitar o impeachment. Um pouco de sorte e um caminhão de ações serão vitais neste início de 2016 para que o ano seja, como deseja a Presidenta, feliz para o povo brasileiro."

FONTE: postado por Fernando Brito no seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/33071-2/).[Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política']. 

COMPLEMENTAÇÃO


Aos Frias, com carinho

Por LEANDRO FORTES, jornalista




"O artigo da presidenta Dilma Rousseff com desejos de um feliz 2016 a todos brasileiros e brasileiras foi, primeiro, publicado na [tucana] "Folha de S.Paulo".

A mesma Folha que, há três meses, fez um editorial intitulado "Última chance", no qual exigia a saída dela, de forma desrespeitosa e degradante.

A mesma Folha da ficha falsa, da campanha eleitoral de 2010.

Sem falar no fato de que, até o Blog do Planalto ser autorizado a reproduzir o artigo, às 13h39 do dia 1º, somente os assinantes da Folha (em sua maioria, partidários do impeachment) puderam ler o texto - a tempo de ridicularizá-lo nas redes.

Tiveram a primeira manhã inteira de 2016 para isso.

Redes que Dilma poderia ter usado para, democrática e gratuitamente, publicar o texto para todos os brasileiros e brasileiras.

Sobretudo para aqueles que enfrentaram a Folha de S.Paulo, entre outras cidadelas do golpe, para mantê-la no cargo, em 2015.

Ou seja, a nossa querida presidenta não aprendeu nada."

FONTE da complementação: escrito pelo jornalista Leandro Fortes no portal "Brasil 247" (https://www.brasil247.com/pt/colunistas/leandrofortes/211775/Aos-Frias-com-carinho.htm).

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