POR QUE AÉCIO NEVES NUNCA É INVESTIGADO?
Por Alexandre Tambelli, nos comentários do site "Viomundo"
"Infelizmente, é preciso dizer que há dois pesos e duas medidas na cobertura da imprensa brasileira diante de notícias concretas e desabonadoras envolvendo políticos dos mais diversos partidos.
Uma notícia concreta do senador Delcídio Amaral do PT tentando safar seu nome de uma delação premiada na Lava-Jato, querendo subornar o delator, vira manchete garrafal de primeira página de todos os jornais e telejornais da grande imprensa capitaneada pela Rede Globo, Folha, Estadão, revista Veja etc. E o senador vai preso em poucas horas.
Várias notícias concretas do senador Aécio Neves do PSDB (tucano) ficam escondidas em pé de página dos jornais da grande imprensa ou são, simplesmente, ignoradas, e não levam sequer a uma abertura de inquérito para apuração delas, como são as delações de Youssef e, agora, a dos 300 mil que teria recebido o senador Aécio (conforme o delator Ceará), e o senador sequer é afastado de suas funções, jamais isso é cogitado. O Judiciário [também partidarizado] faz de conta que não houve nenhuma notícia concreta.
Por que essa distinção de postura?
Simples a resposta:
Aécio é aliado da grande imprensa capitaneada pela Rede Globo, trabalha ideologicamente para defender os interesses das elites rentistas e os interesses privados da mídia que o defende.
Interesses que se casam: rentismo (mercado financeiro), Rede Globo (os seus donos com maior fortuna do País, avaliada em 26 bilhões de reais) e PSDB (partido que Governa em aliança com esses dois grupos).
É só pensar nas assinaturas milionárias por parte dos governantes de Estado aliados da grande imprensa, como em São Paulo, das revistas Veja, Época, dos jornais Estadão e Folha, depois entregues nas escolas e repartições estaduais, e associar o fato a uma outra palavrinha: blindagem.
O político aliado da grande imprensa faz uma troca: você me preserva de seu noticiário e eu compro suas publicações, anuncio, quando ocupante de cargo do Executivo, com exclusividade em seus meios de comunicação e eu defendo seus interesses.
Blindado até de denúncias inquestionáveis e com comprovação.
Imaginemos essa situação num País onde bem mais de 80% dos meios de comunicação defendem uma mesma ideologia e têm como aliado central na política um partido político chamado PSDB, também conhecido com a alcunha de tucano.
Há condições de o Judiciário abrir inquérito contra um tucano graúdo como Aécio Neves?
A resposta está aqui:
Várias denúncias sempre são arquivadas, porque o membro do Judiciário teme a grande imprensa!
Imaginemos o poder [da imprensa] de assassinar sua [a do Juiz] reputação, rico que há na simples ação de mandar apurar uma denúncia contra Aécio Neves?
A insegurança jurídica é enorme.
Dar uma sentença em favor de uma condenação a Aécio Neves, o candidato com mais votos da "elite" rentista e dos meios de comunicação hegemônicos?
O Brasil não deveria ser refém dos meios de comunicação hegemônicos.
Infelizmente, é.
E isso é prejudicial à nossa Democracia e à Justiça.
Por isso que se torna necessária uma quebra do monopólio da informação e comunicação, hoje nas mãos de não mais que 10 famílias no Brasil e que professam uma mesma ideologia da qual Aécio Neves é figura central da engrenagem ideológica; do modelo de sociedade e economia que querem impor ao País.
Somente realizando uma democratização dos meios de comunicação para retirar esses monopólios, para impedir a propriedade cruzada (que é a presença de jornal, rádio e TV de uma mesma empresa numa mesma cidade – por exemplo: TV Globo, O Globo e rádio CBN e rádio Globo – na cidade do Rio de Janeiro) garantiremos mais democracia na imprensa e no Judiciário.
Imaginemos uma cidade onde toda a informação que a população recebe está nas mãos de um único grupo de comunicação? Ele faz o que bem entender, certo? Denuncia quem quer, noticia o que quer, até pode blindar acusações concretas contra si (contra o detentor – dono – da propriedade cruzada).
A propriedade cruzada é proibida nas democracias mais avançadas do mundo. Nos Estados Unidos, não existe propriedade cruzada dos meios de comunicação. É considerada uma ameaça à democracia.
Imaginemos o quão ditatorial é a voz única de um meio de comunicação.
Dois pontos adviriam da democratização dos meios de comunicação:
1) O equilíbrio do noticiário com várias vozes e ideologias, o que daria força (respaldo) para o Judiciário fazer o seu papel sem o Magistrado ter medo de assassinato de sua reputação por buscar tornar a Justiça um local de igualdade, onde todos possam ser denunciados, investigados e punidos se comprovada a denúncia.
Afinal, a voz única da grande imprensa se transformaria em muitas vozes.
E a tentativa de assassinato de reputação de um magistrado, político ou qualquer cidadão seria bem menor, quase inexistente, pois, outros meios de comunicação dariam voz ao acusado para se defender, expor sua opinião aos fatos relatados. E o cuidado com a informação precisa seria valorizado.
Imaginemos um meio de comunicação ser desmascarado por mentiras constantes. Ele não resistiria por muito tempo, certo?
Haveria opinião pública plural e não "opinião publicada" e população refém dela.
E adviria:
2) A condição de existir o contraditório, ou seja, todas as vozes da sociedade com direito a falar e ter opinião, e essa fala e opinião chegar aos nossos ouvidos.
E no caso das denúncias, via imprensa, contra um político, tanto do PT como do PSDB, existiria a chance de defesa do acusado, de se ouvir a sua voz na imprensa em situação de igualdade, e de formarmos uma opinião pública plural e crítica, capaz de nos levar a um entendimento mais completo dos fatos denunciados e chegarmos a um juízo de valor próprio.
Jamais assistiríamos a esta situação, onde políticos do PT são condenados previamente, em manchetes garrafais com ou sem comprovação dos fatos noticiados, via meios de comunicação hegemônicos, sem sequer terem o direito de defesa da acusação imputada a eles, de expor sua versão aos fatos e a essa situação, onde, políticos do PSDB, como o senador Aécio Neves, viram nota de rodapé nos jornais, revistas e telejornais quando aparece uma denúncia contra eles e se dão os microfones e as páginas impressas da grande imprensa para a sua defesa de imediato, e eles dizerem sempre as mesmas versões em relação à denúncia:
"É mentira do delator". (Quando o delator fala do PT, é tudo verdade)
Tudo não passa de "desvio de foco da Lava-Jato".
"Denúncia contra tucanos é fabricada por petistas para esconder a corrupção do PT, já comprovada como sendo a maior de todas as corrupções". Etc.
Para terminar.
Pensemos juntos!
Como um Juiz pode se sentir seguro de ir contra os meios de comunicação hegemônicos capitaneados pela Rede Globo & Cia., se esses querem impor uma decisão judicial que seja a mais benéfica para eles e seus aliados na economia e na política e contra seus adversários na política?
No mensalão do PT, a "opinião publicada" teve tanta força de atuação que José Dirceu foi condenado sem provas concretas; importaram até a "teoria do domínio do fato" utilizada apenas para condenação de crimes de guerra (os generais de Hitler), os generais da antiga Alemanha Oriental e de ditadores como Alberto Fujimori do Peru, o que não era o caso, aqui.
A teoria do domínio do fato foi criada lá na Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial para se chegar aos mandantes dos crimes de guerra; afinal, de maneira bem simplista, o soldado (comandado) é quem atira, mas quem manda atirar são os generais; no Peru, quem mandou matar opositores à Fujimori foi o próprio ditador.
O poder da opinião publicada dos mais de 80% de meios de comunicação hegemônicos pedindo a condenação dos petistas 24 horas por dia, que acabou transposta para o brasileiro comum, contribuiu, decisivamente, para que houvesse condenação de José Dirceu sem provas concretas.
24 horas de noticiário, sem contraditório, sem ouvir a voz e defesa dos acusados e dos seus defensores pela condenação, nos mais de 80% de meios de comunicação hegemônicos da grande imprensa capitaneados pela Rede Globo & Cia., não poderiam dar outro resultado:
A condenação.
O que resultou na célebre frase da Ministra Rosa Weber do STF:
"Não há provas contra Dirceu, mas vou condenar José Dirceu porque a 'Literatura Jurídica' me permite".
Imaginemos o medo da magistrada de ir contra a "opinião publicada" que se misturou com a opinião pública?
Por que foi possível essa célebre frase?
A resposta fica para cada um dar. Faça uma reflexão própria. Sem intermediação de ninguém."
FONTE: escrito por Alexandre Tambelli nos comentários do site "Viomundo" (http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/alexandre-tambelli-por-que-aecio-e-blindado-ate-de-denuncias-inquestionaveis-comprovadas-e-nunca-e-investigado.html).
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