Como carioca de coração, fiquei feliz e orgulhoso ao ler esse belo artigo de Alain Lompech, abaixo transcrito, do jornal francês Le Monde. Foi postado no site UOL com tradução de Jean-Yves de Neufville. Na nossa grande imprensa, é raríssimo lermos um texto sobre o lado bom do Rio de Janeiro.
“RIO DE JANEIRO: GIGANTISMO DA NATUREZA NO HEMISFÉRIO SUL”
“No hemisfério Sul, é o final do outono. Mas, no Rio de Janeiro, a temperatura está amena e não há praticamente nenhuma chuva, muito menos do que no mês de janeiro, quando costuma chover canivetes um dia a cada dois ou três. O tempo está agradável, com 25 °C na parte da tarde, na sombra, e 30 °C no sol, o que equivale ao tempo que nós temos em julho em Paris.
Isso além do mar, da floresta, da montanha, ou seja, da natureza que a nossa metrópole não tem. Aliás, dias atrás, uma cobra de 2 metros de comprimento estava tomando sol no gramado, vinda da floresta vizinha. Nem um pouco agressiva, ela foi colocada de volta no lugar de onde ela vinha; depois de posar para algumas fotos.
Ela não passava de uma grande "serpente" local, inofensiva e ainda juvenil. Quando adulta, esta jibóia, uma serpente constritora, terá o seu comprimento dobrado e continuará sendo pouco perigosa, ao menos para quem souber lidar com ela! Ainda assim, um pouco mais perigosa. Seria preferível não deixar os cães, ou os gatos, do lado de fora da casa...
Aqui, o inverno se aproxima, inúmeras plantas estão florescendo enquanto outras se preparam para isso. De fato, as estações são menos marcadas do que mais ao sul, onde pode gear, e do que na França. E, entretanto, certos arbustos florescem no mesmo momento em São Paulo, no Rio e em Paris.
As azaléias japonesas, da mesma forma que as da Índia, formam grandes moitas floridas cuja altura alcança e ultrapassa os dois metros, apontando para todas as direções, sob os trópicos. É verdade, elas são menos floridas do que nas nossas regiões, em razão, justamente, do fato de que as estações são menos marcadas. Aqui, essas plantas acidúricas apresentam algumas flores desabrochadas, só que em maio, o seu número é um pouco maior do que no restante do ano.
IPÊS ROSA E BOUGAINVÍLLEAS
Os ipês rosa estão em flores e o espetáculo é deslumbrante: uma árvore tão grande quanto um plátano, inteiramente despido de folhas, fica coberta num espaço de tempo muito curto e por alguns dias apenas, por milhares de flores rosa-choque... ou amarelas. A árvore é protegida por lei, uma vez que a sua madeira excepcional por pouco não lhe foi fatal, tanto mais que o seu crescimento é muito demorado.
As bougainvílleas também estão florescendo. As suas flores podem ser das mais diversas cores, mas a mais bonita dentre elas é incontestavelmente a espécie-tipo, cujas brácteas são violetas e cujas flores, insignificantes, brancas. As vermelhas, rosas ou alaranjadas nunca chegam a ser tão elegantes. Aqui, ela alcança mais de 20 metros de comprimento e, tal como uma roseira cipó, não se faz de rogado para agarrar-se a tudo aquilo que lhe oferecem para encobrir. Mas ela supera de longe a roseira neste papel, primeiro mostrando-se persistente, e depois florescendo por três ou quatro meses seguidos! Além de tudo, ela nunca fica doente e os seus espinhos são menos cruéis do que os das roseiras cipós.
Mas a bougainvíllea tem uma rival, a tibuquina. Seria melhor dizer, as tibuquinas, porque elas são muito variadas: algumas são pequenas, outras grandes, do tamanho de uma árvore ou de um pequeno arbusto.
Fraca e doentia em nosso país, onde, já faz alguns anos, ela é vendida como planta para laranjais cultivados em estufas, ela cresce aqui como erva daninha e floresce a tal ponto que as suas folhas ficam ocultadas. As suas flores são simples, achatadas, com um diâmetro de 4 centímetros, e a sua cor roxo escuro possui uma densidade e uma luminosidade excepcionais. Elas aparecem em forma de cachos eretos na extremidade de todos os ramos, e o espetáculo merece uma parada e uma contemplação atenta, em silêncio. Ela é uma dessas maravilhas da natureza que jorram tanto dos jardins quanto da Mata Atlântica, que se estende à beira do oceano.”
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