quarta-feira, 2 de julho de 2008

A INFLAÇÃO COMO ARMA POLÍTICA DO DEM-PSDB

Na sexta-feira 27 de junho, este blog chamou à atenção para o irresponsável uso político da inflação como um caminho que a oposição tenta para alcançar a volta ao poder. Toda a grande mídia brasileira, tradicionalmente direitista, está engajada nessa luta.

Naquela postagem, escrevemos:

ATENTADO SUICIDA DA MÍDIA: TERRORISMO SOBRE A INFLAÇÃO

"Esta semana, a imprensa publicou manifestação do ex-senador do DEM-PFL Jorge Konder Bornhausen. O ex-presidente dos “Democratas” (sic) expressou que o seu partido pretende ganhar as eleições criticando o recrudescimento da inflação e culpando exclusivamente o governo Lula por isso.

Dentro dessa pauta “conservadora”, a grande mídia brasileira já desenvolve há muitos dias uma intensa campanha de alarme e terror sobre os males que os pobres já estariam sofrendo por conta da inflação.

Essa união de esforços da imprensa para o objetivo político da volta da direita (PSDB/DEM e colaboradores, como o PPS) ao poder é um suicídio terrorista. Todos, sem exceção, sofreremos com inflação elevada.

A inflação ocorre por fatores objetivos, mas é fortemente auto-alimentada por fatores subjetivos, como pelo sentimento, magnificado pela mídia, de que há crescente inflação e de que precisamos nos defender dela aumentando os preços dos nossos respectivos produtos ou serviços. O processo, assim, entra em escalada exponencial.”

Hoje, sobre o mesmo assunto, o Ministro da Fazenda manifestou (reproduzo reportagem de Eduardo Cucolo, da Folha Online, às 12h09):

MANTEGA DIZ QUE É PRECISO EVITAR "ALARMISMO" EM RELAÇÃO À INFLAÇÃO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira que é preciso evitar que haja um alarmismo da população brasileira em relação à alta da inflação.

Mantega disse acreditar que haja "um certo exagero" na análise feita sobre o aumento de preços mundial que vem contaminado a economia brasileira.

"Está havendo um certo exagero em analisar a inflação brasileira. Não há necessidade de alarmismo. Há uma elevação sim, mas é uma elevação moderada. Nós temos armas para evitar essa questão da inflação", disse o ministro.

Ele disse se preocupar com a avaliação que o cidadão comum irá fazer ao ver as notícias sobre aumento de preços veiculadas atualmente nos jornais.

"Daqui a pouco, nós vamos ver dona de casa fazendo estoque, eventualmente de algum produto cujo preço vai cair. Não é o caso de fazer estoque, não é o caso de ir às compras", afirmou.

PREOCUPAÇÃO

Apesar de dizer que há uma preocupação exagerada com a inflação, o ministro dedicou a maior parte da sua apresentação realizada hoje na Câmara dos Deputados para falar sobre essa questão.

Originalmente, Mantega deveria falar apenas sobre o Fundo Soberano do Brasil, que ocupou apenas 25% do tempo da sua apresentação inicial.

O ministro também usou as análises "exageradas" feitas pelos economistas do mercado financeiro, que prevêem uma inflação acima do centro da meta até 2010, como fonte para suas afirmações.

Para Mantega, a inflação continuará crescendo e se alastrando por diversos setores da economia nos próximos meses. Ele diz acreditar, no entanto, que ela volte a cair para o centro da meta de 4,5% em 2009 e 2010.

Utilizando dados da pesquisa semanal do Banco Central com o mercado financeiro, o boletim Focus, Mantega disse o aumento da inflação é apenas temporário.

"A tendência é que a inflação continue tendo uma elevação, que continue havendo essa contaminação de outros preços da economia, mas ela volta para uma tendência decrescente no ano que vem", afirmou o ministro.

META DE INFLAÇÃO

Os números apresentados pelo ministro, baseados nas previsões de economistas ouvidos pelo BC, mostram que a inflação em 12 meses chegará a 6,3% em dezembro deste ano, para depois cair até 4,8% no final de 2009 e 4,5% no fim de 2010.

A meta de inflação para todos esses anos é de 4,5% (centro da meta), com dois pontos percentuais de tolerância, podendo chegar a 6,5% (teto da meta).

Mantega voltou a dizer também que o Brasil é um dos poucos países que ainda não estourou ainda o teto da meta de inflação.

"Apenas dois países estão cumprindo o limite de metas, o Canadá e o Brasil", afirmou. "O Brasil está tendo, em comparação com outros países, uma inflação bem comportada."

O ministro disse que, mesmo assim, o governo está tomando providências para evitar um aumento maior de preços, principalmente devido ao impacto da inflação sobre a cesta básica.

"A população de baixa renda utiliza de 20% a 30% do seu salário com alimentos. Esse segmento da população é o que mais sofre com esse aumento da inflação e deve ser o foco da nossa preocupação."

ANÁLISE DE DELFIM NETTO

Por fim, transcrevo a análise de Delfim Netto, publicada pelo Estadão de hoje, em texto de Ricardo Leopoldo:

"O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto disse ontem ao Estado que a oposição quer atingir a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a desestabilização das expectativas de inflação, para se beneficiar nas eleições municipais. “Eles avaliam que a única forma de afetar a forte imagem do presidente junto à população num ano eleitoral é dizer que se a inflação fechar 2008 em 6% já estaremos em hiperinflação.”

Na sua avaliação, há um temor exagerado de analistas com a alta dos índices de preços, que embora mereça atenção está bastante vinculada à escalada internacional das cotações do petróleo, alimentos e commodities metálicas.

“A inflação no Brasil está sob controle. Não faz sentido assistir na TV, como vi outro dia, uma reportagem que tratava do tema e mostrava um funcionário de supermercado com a maquininha na mão remarcando preços. Provavelmente, esqueceram de dizer que a imagem é de 1998″, ironizou."

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