sábado, 4 de outubro de 2008

APROVAÇÃO DE PACOTE NOS EUA NÃO GARANTE TRANQÜILIDADE DOS MERCADOS

Li no site UOL, ontem, o seguinte texto de Ana Carolina Lourençon:

“A aprovação na Câmara dos EUA do pacote bilionário de socorro financeiro não garante um horizonte sem tempestades, dizem especialistas brasileiros.

O plano tem sido visto como insuficiente pelos investidores, segundo o analista-chefe da corretora Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa.

"O pacote pode até cercar o pânico, mas não resolve todo o problema da economia dos Estados Unidos, que é muito mais grave e não será solucionado só com isso", diz.

O analista também avalia que o crescimento da economia norte-americana durante os próximos dois anos deverá ficar bastante comprometido, pois os bancos devem preferir liquidez à concessão de crédito e, com isso, reduzir ainda mais o consumo e investimento no país, fato que também preocupa o mercado.

Segundo o economista da corretora Gradual Pedro Paulo Silveira, segue a preocupação sobre uma eventual recessão nos EUA. "O mercado está começando a digerir a economia real. Ou seja, mesmo com o pacote, os Estados Unidos já estão à beira da recessão e isso traz um impacto negativo nos negócios."

O professor de finanças do Ibmec São Paulo Ricardo José de Almeida avalia que após a aprovação, os investidores começam a imaginar de onde virá o dinheiro para socorrer os bancos em crise.

"É muito dinheiro, e o Tesouro deve começar a avaliar o aumento na contribuição de impostos e a emissão de títulos da dívida", diz.

A incerteza com a operacionalização do pacote também preocupa os mercados. A analista da corretora SLW Kelly Trentin explica que o governo norte-americano tem 45 dias para mostrar como será feita a compra de ativos podres dos bancos, e a eficiência desta medida gera dúvidas.

"Ninguém sabe qual o efeito desse pacote. Tem a questão do endividamento do governo dos Estados Unidos, que deve aumentar bastante com o socorro de US$ 850 bilhões, sem contar que as economias americanas e européias já estão bastante fracas e podem refletir nos emergentes", diz.

Almeida avalia que, se outras instituições financeiras dos Estados Unidos seguissem o exemplo do Wells Fargo, que comprou o banco Wachovia, e do Bank of América, que adquiriu o Merrill Lynch, os investidores teriam a sensação de que o governo dos EUA iria ajudar apenas os bancos com real necessidade e não criar uma espécie de subsídio que ajude qualquer banco local em dificuldade.

"O mercado agora está se perguntando se o governo dos EUA vai salvar quem realmente precisa, porque esse pacote causa um relaxamento nas instituições que deixam de se rearranjar e tentar solucionar os problemas", diz”.

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