sexta-feira, 3 de outubro de 2008

TURBULÊNCIA FINANCEIRA VIROU "CRISE INTENSA" E ATINGIRÁ DURAMENTE OS EUA, DIZ FMI

Li ontem no UOL o seguinte artigo produzido pela Folha Online:

"A turbulência financeira iniciada no ano passado, causada pelos problemas no segmento de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA, se tornou uma "crise intensa", envolvendo outros segmentos do mercado e os sistemas bancários de outros países. Além disso, essa crise deve atingir duramente a economia dos EUA, onde ela é mais sentida. As conclusões constam do estudo "World Economic Outlook", do FMI (Fundo Monetário Internacional), que deve ser divulgado no próximo dia 8, mas teve trechos divulgados nesta quinta-feira.

O estudo compara a crise atual e crises anteriores, e destaca que os "períodos de turbulências financeiras caracterizadas por dificuldades no setor bancário são mais suscetíveis de virem acompanhadas de fases de desaquecimento econômico severas e prolongadas".

O Fundo considerou "particularmente crucial que os poderes públicos adotem medidas enérgicas para favorecer o restabelecimento dos fundos próprios no sistema financeiro". "A importância do papel dos intermediários financeiros na transmissão dos choques financeiros para a economia real sugere que as políticas econômicas que ajudam a restaurar os fundos próprios destas instituições, num sistema de estabilização financeira, podem contribuir para atenuar a reviravolta da conjuntura."

Segundo o estudo, a "reviravolta da conjuntura dos EUA pode ser mais violenta e pode evoluir para uma recessão". A zona do euro, no entanto, estaria diante de um "cenário de desaquecimento, mais que de um cenário de recessão". Esta diferença se deve principalmente ao comportamento das famílias, diz o estudo: os americanos economizam muito menos que os europeus, segundo o FMI.

"Nos EUA, os perfis dos preços dos ativos, do crédito total e do endividamento líquidos das famílias parecem similares aos dos episódios anteriores que foram seguidos de recessão", detalhou o FMI.

"O tamanho do mercado hipotecário americano, que está no centro da crise, e o papel do investimento sugerem que a economia das famílias e os comportamentos delas de consumo podem desempenhar um papel muito mais importante no desaquecimento atual do que teve no passado."

Em contrapartida, na zona do euro, o vigor relativo dos balanços das famílias coloca a economia "um pouco ao abrigo de uma desaceleração brutal". "A vulnerabilidade da zona euro pode ser também um pouco reduzida pelo fato de que os sistemas financeiros em inúmeros países tendem a ser menos desregulados que nos EUA", acrescentou o FMI, que ressalta as diferenças entre países, com um crescimento do crédito muito mais forte na Irlanda ou na Espanha do que em outros países e, particularmente, na Alemanha.

PACOTE

O Senado dos EUA aprovou ontem um pacote de US$ 700 bilhões de ajuda ao setor financeiro, depois de dias de intensas críticas e negociações entre congressistas e governo. O pacote foi rejeitado na segunda-feira (29) na Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), mas foi aprovado pelos senadores depois de reformas e acréscimos.

Entre os itens incluídos no texto estão descontos em impostos no valor de US$ 150 bilhões, que devem beneficiar a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais (o que eleva o valor total do pacote para US$ 850 bilhões).

Na terça-feira (30), um dia depois da rejeição do pacote pela Câmara, Bush voltou à TV para dizer que a demora na aprovação do pacote pioraria a cada dia a situação de crise no país. "Precisamos de um projeto que realmente enfrente os problemas que estão prejudicando o sistema financeiro, que ajude a retomar o fluxo de crédito no país, para quem empresta, para quem toma o empréstimo, a fim de fazer a economia andar de novo", afirmou.

O secretário americano do Tesouro, Henry Paulson, elogiou a aprovação do plano no Senado e pediu à Câmara que faça o mesmo rapidamente. Segundo ele, a aprovação do texto "envia uma mensagem positiva: que estamos dispostos a proteger a economia para que os americanos possam ter acesso ao crédito de que necessitam para criar empregos e fazer funcionar as empresas".

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