sábado, 2 de fevereiro de 2013

RACISMO EM ISRAEL

Por José Inácio Werneck

“Bristol (EUA) - É grande o número de incidentes racistas nos estádios europeus, com jogadores negros sujeitos a insultos e agressões por parte dos torcedores. São jogadores egressos do Brasil, de países africanos e, em alguns casos, até dos Estados Unidos, como aconteceu recentemente na Holanda com o atacante Jozy Altidore.

Agora, surge a notícia de que um clube de futebol em Israel está em ebulição por causa da vontade de seu proprietário - um imigrante judeu russo - de contratar dois jogadores muçulmanos. O clube é o “Beitar Jerusalem”, cujos torcedores, em um de seus últimos jogos, levaram para o estádio uma grande faixa dizendo: “Beitar, puro por todo o sempre”.

Tal faixa revoltou segmentos da esquerda israelense, por ser uma óbvia lembrança dos tempos em que o nazismo na Alemanha de Adolf Hitler expurgou atletas judeus.

O “Beitar” é um clube que historicamente atrai torcedores da direita, é ligado ao “Likud”, partido do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu, e tem uma facção extremista conhecida como “La Família”.

É também o único time de futebol em Israel a jamais ter contratado um jogador árabe. Os árabes constituem um quarto de toda a população de Israel. Os dois jogadores que o proprietário russo do “Beitar” pretende contratar não são árabes, mas são muçulmanos da Chechênia, que fez parte da União Soviética e vive, hoje, em conflito separatista contra a Rússia.

Segundo o “New York Times”, o “Beitar”, em 2004, contratou um jogador muçulmano, natural da Nigéria, mas depois de um ano ele desistiu de continuar no clube, por causa dos insultos e perseguições que sofria.

Setores importantes da sociedade israelense estão reagindo contra o racismo. O presidente israelense, Shimon Peres, enviou uma carta de protesto à “Federação Israelense de Futebol”. O ex-Primeiro Ministro, Ehud Olmert, escreveu um artigo no jornal “Yediot Aharanot” dizendo que “eu, torcedor do Beitar, não mais serei visto nas arquibancadas do clube”.

Isso acontece na mesma semana em que Israel - confirmando uma posição que Benjamin Neitanyahu havia anunciado em maio do último ano - recusou-se oficialmente a cooperar com o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O Conselho adotou uma atitude de contemporização e disse que vai esperar que Israel mude de atitude até o próximo mês de novembro. A esperança é que, com Benjamin Netanyahu enfraquecido pelos resultados da recente eleição, o novo governo de coalizão convença-o a mudar de ideia.

É o que o governo americano também espera. Afinal, fica muito ruim para os Estados Unidos constatarem que Israel, por eles sempre apoiado, coloca-se, em matéria de direitos humanos, na companhia do Irã, Coréia do Norte e Zimbábue, entre outros.”

FONTE: escrito por José Inácio Werneck no site “Direto da Redação”. O autor é jornalista e escritor com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Publicou "Com Esperança no Coração: Os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos", estudo sociológico, e "Sabor de Mar", novela. É intérprete judicial do Estado de Connecticut. Trabalha na ESPN e na Gazeta Esportiva. (http://www.diretodaredacao.com/noticia/racismo-em-israel).

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