"Seis notas para compreender o que se passa na Crimeia
A situação pode degenerar numa guerra civil? Putin intervirá militarmente? Continuará a Ucrânia a ser um país ou caminha para a secessão?
Por Alberto Sicília, de Kiev, Ucrânia, no blog "Principia Marsupia"
2) Em Sebastopol, a cidade mais importante da Crimeia, a Rússia tem a base da sua frota do Mar Negro. Segundo o último acordo assinado com o governo ucraniano, a Rússia manteria esse porto até, pelo menos, 2042. “Rússia jamais, jamais, jamais abandonará Sebastopol” dizia há dois anos Igor Kasatonov, comandante da Frota Russa do Mar Negro. Por razões geoestratégicas, a Rússia não está disposta a perder a base de Sebastopol.
3) Dentro da Ucrânia, a Crimeia é uma região autônoma com a sua própria constituição. Nas últimas eleições presidenciais, a Crimeia votou maioritariamente por Yanoukovich, o presidente que teve de fugir há dias de Kiev.
4) Os tártaros constituíram, durante séculos, a maioria da população da Crimeia. Na Segunda Guerra Mundial, cerca de 20.000 tártaros colaboraram com o exército nazi (enquanto outros muitos milhares lutavam nas fileiras do exército soviético). Stalin acusou todo o povo tártaro de “colaboracionismo” e em maio de 1944 ordenou a sua deportação às estepes de Uzbequistão. Em 1947, já não existiam tártaros na Crimeia. Depois da queda da União Soviética, muitos tártaros têm regressado, desde o Uzbequistão, à Crimeia.
5) A Crimeia, com a sua maioria tártara, fez parte da Rússia desde 1774. Em 1954, Nikita Kruchev transferiu a Crimeia para a República Socialista Soviética da Ucrânia. A decisão resultou muito polêmica em Moscou: na sua carreira como político, Kruchev tinha ascendido através das fileiras do Partido Comunista Ucraniano.
6) Num inquérito realizado há dois anos na Rússia, 70% dos cidadãos russos consideraram a Crimeia como parte do seu país. Em comparação, só 30% considerou que a Chechênia é parte da Rússia. (Curiosamente, a Chechênia faz parte da Federação Russa, enquanto a Crimeia faz parte da Ucrânia).
Durante os últimos dias, a maioria russa da Crimeia tem saído à rua para protestar contra o governo recém-instalado em Kiev, que consideram ilegítimo. Exigem um referendo onde possam decidir se a Crimeia: a) continua a fazer parte da Ucrânia, b) integra-se na Rússia ou c) declara a sua independência.
Contrariamente, as minorias ucraniana e tártara apoiam o novo governo de Kiev e exigem continuar integrados na Ucrânia."
FONTE: escrito por Alberto Sicília, de Kiev, no blog "Principia Marsupia" (Espanha). Artigo publicado em (http://www.principiamarsupia.com/2014/02/27/6-datos-para-entender-crimea-clave-del-conflicto-en-ucrania/). Tradução de Mariana Carneiro para o "Esquerda.net" (de Portugal). Transcrito no site "Carta Maior" (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Seis-notas-para-compreender-o-que-se-passa-na-Crimeia/6/30382).
3) Dentro da Ucrânia, a Crimeia é uma região autônoma com a sua própria constituição. Nas últimas eleições presidenciais, a Crimeia votou maioritariamente por Yanoukovich, o presidente que teve de fugir há dias de Kiev.
4) Os tártaros constituíram, durante séculos, a maioria da população da Crimeia. Na Segunda Guerra Mundial, cerca de 20.000 tártaros colaboraram com o exército nazi (enquanto outros muitos milhares lutavam nas fileiras do exército soviético). Stalin acusou todo o povo tártaro de “colaboracionismo” e em maio de 1944 ordenou a sua deportação às estepes de Uzbequistão. Em 1947, já não existiam tártaros na Crimeia. Depois da queda da União Soviética, muitos tártaros têm regressado, desde o Uzbequistão, à Crimeia.
5) A Crimeia, com a sua maioria tártara, fez parte da Rússia desde 1774. Em 1954, Nikita Kruchev transferiu a Crimeia para a República Socialista Soviética da Ucrânia. A decisão resultou muito polêmica em Moscou: na sua carreira como político, Kruchev tinha ascendido através das fileiras do Partido Comunista Ucraniano.
6) Num inquérito realizado há dois anos na Rússia, 70% dos cidadãos russos consideraram a Crimeia como parte do seu país. Em comparação, só 30% considerou que a Chechênia é parte da Rússia. (Curiosamente, a Chechênia faz parte da Federação Russa, enquanto a Crimeia faz parte da Ucrânia).
Durante os últimos dias, a maioria russa da Crimeia tem saído à rua para protestar contra o governo recém-instalado em Kiev, que consideram ilegítimo. Exigem um referendo onde possam decidir se a Crimeia: a) continua a fazer parte da Ucrânia, b) integra-se na Rússia ou c) declara a sua independência.
Contrariamente, as minorias ucraniana e tártara apoiam o novo governo de Kiev e exigem continuar integrados na Ucrânia."
FONTE: escrito por Alberto Sicília, de Kiev, no blog "Principia Marsupia" (Espanha). Artigo publicado em (http://www.principiamarsupia.com/2014/02/27/6-datos-para-entender-crimea-clave-del-conflicto-en-ucrania/). Tradução de Mariana Carneiro para o "Esquerda.net" (de Portugal). Transcrito no site "Carta Maior" (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Seis-notas-para-compreender-o-que-se-passa-na-Crimeia/6/30382).
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