quinta-feira, 27 de março de 2014

A CHANTAGEM DA CPI E A FOME DO PMDB POR CARGOS E VERBAS


EM VOLTA DA CPI

Por Janio de Freitas, na tucana "Folha"

"A criação da CPI da Petrobras é menos problemática do que a consideram as comparações da "base aliada" com a dos oposicionistas. A proposta de CPI coincide com mais uma fase aguda da permanente fome de cargos e verbas do PMDB. A hipótese de CPI funciona, nesse caso, como um aperitivo petrolífero para chantagem mais temível, em período de eleições, do que outros temas atuais. Como o quase ininteligível "marco da internet".

O argumento com que o presidente da Câmara, o aliado-opositor Henrique Eduardo Alves, saiu em campo com nova queixa é mero disfarce. Já com olhos e ouvidos na CPI, diz ele que ministérios dados por Dilma Rousseff ao PMDB, principal força na "base aliada", não proporcionam visibilidade à ação do partido e assim o enfraquecem nas eleições (entrevista a Luiza Damé, "O Globo").

É uma grosseira mentira que o PMDB seja aliado do governo. Ou o tenha sido do governo Lula. Ou do governo Fernando Henrique. É e foi tão aliado quanto os açougueiros e seus clientes: pagou, leva; não pagou, fica na vontade. O PMDB já recebeu no governo Dilma muito mais do que o devido, com sua contribuição para uma Câmara mais malandra, em todos os sentidos, do que nunca no regime de liberdade parlamentar. Sem falar no seu papel de liderança na crescente mediocrização do Congresso e da política, a cada dia mais reduzidos a objetivo de caçadores de riqueza fácil e a qualquer preço.

Dizer que a CPI não atemoriza o governo é tão chutado quanto dizer que o põe em pânico. Só um pequeno círculo na Petrobras e no governo sabe, se é que sabe, o que há ou não na estatal capaz de incandescer uma CPI. Aferição que, não esqueçamos, diz respeito não só ao período Dilma, mas sobretudo, pelo visto, ao período Lula [e aos trágicos tempos de FHC/PSDB]. O que gera mais apetite para a CPI e para o chantagismo.

O quanto a CPI conviria, de fato, ao PMDB e seus comandos é menos obscuro. Os seus interesses não estão só nos altos cargos e transações da sede e das empresas subsidiárias, mas também nas extensões regionais e externas dessas estatais. O pouco que se viu até agora é suficiente para notá-lo. Mas são coisas diferentes uma citação em CPI, solucionável com o velho abandono do apadrinhado às feras, e o aproveitamento de mais uma oportunidade de ganho. O tempo não passa mesmo para o PMDB: Chicago 1930 e Brasília século 21 podem parecer o mesmo."

FONTE: escrito por Janio de Freitas no jornal tucano "Folha de São Paulo"  (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2014/03/1430371-em-volta-da-cpi.shtml) [Pequeno entre colchetes adicionado por este 'democracia&política'].

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