quarta-feira, 11 de junho de 2008

CRITÉRIOS DA MÍDIA GRANDE

O blog "Cidadania", de Eduardo Guimarães (ver lista “recomendamos” à direita), postou ontem à noite (com o título acima) uma abordagem muito lúcida sobre o comportamento da grande mídia brasileira nos últimos dias. Transcrevo:

“São curiosos, para dizer o mínimo, os critérios da chamada “grande imprensa” para priorizar este ou aquele escândalo envolvendo governantes.

Dois casos estão sendo fartamente noticiados: o caso Varig, em que a ministra Dilma Rousseff, mais uma vez, está sendo posta na berlinda, sem nem um intervalo entre a acusação anterior, que deu com os burros n’água, e a atual, e o caso da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, às voltas com denúncias de desvio de dinheiro público.

Eu diria até que as acusações a Yeda e a Dilma estão sendo noticiadas com a mesma intensidade. A diferença é que, quanto a Dilma, não há condicional, o tom é o de que ela é culpada e pronto, e, no que tange a Yeda, o tom é de cautela. Mas o volume do noticiário é parecido.

Sobre o caso Alstom, no qual pesam suspeitas sobre o governador do Estado, José Serra, contra seu antecessor, Geraldo Alckmin, e contra o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, sobre esse caso está sendo muito difícil encontrar informações.

Os critérios da mídia são insondáveis. Se você perguntar ao PIG por que dá tanto destaque ao caso Varig e ignora o caso Alstom, ele dirá que é porque o caso Varig é federal e o caso Alstom é de São Paulo.

Uma informação: conversei mais uma vez com o ombudsman da Folha sobre isso e ele me deu essa explicação para a muito maior intensidade das críticas ao governo federal em contraposição à falta de críticas ao governo paulista.

Bem, mas como eu ia dizendo, antes de interromper a mim mesmo, dizem que a mídia pega mais pesado com o caso Varig do que com o caso Alstom porque o caso Varig é federal. Mas e o caso Yeda Crusius? Por que, então, é noticiado muito mais do que o caso Alstom se os dois são estaduais?

Para você que tem tido essas dúvidas e não tem sabido verbalizá-las – ou escrevê-las –, prestei-lhe o serviço de pôr em palavras, de forma simples, suas questões. Nem precisa me agradecer – o número da conta eu passo depois...

Mas não terminei ainda. Quero pedir aos leitores concordantes e discordantes que atentem para a substância das denúncias de cada um dos casos.

No caso Varig, não há nada concreto além das acusações de uma funcionária do segundo escalão do governo Lula. A moça não tem documento nenhum, nada além de sua palavra. E sabe-se que ela saiu descontente do governo.

No caso Alstom, a denúncia contra Alckmin, Kassab e outros não vem nem de brasileiros ou de pessoas físicas. Quem denunciou que a multinacional andou dando dinheiro para campanhas políticas em troca de gordos contratos com o governo de São Paulo foram o Wall Street Journal e a justiça suíça.

Já no caso Yeda Crusius, este está sendo noticiado bem dentro dos conformes e com fartura de provas. Quem acusa é o vice-governador do Rio Grande, integrante de um partido insuspeito de ser petista. E acusa COM provas.

O que está fora de lugar são os casos Varig e Alstom. Um está sendo noticiado além do que há de concreto, e o outro, muito, mas muito, mas muito aquém mesmo do que há de concreto.

Os critérios da mídia grande são insondáveis. Se perderem em mistério para outros critérios, só se for para os critérios do Todo-Poderoso. E olhem lá...”

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