sábado, 7 de junho de 2008

A HISTÓRIA DE BARRICHELLO VISTA PELO HERALD TRIBUNE

Neste sábado (07/06), li no site do “International Herald Tribune” (HIT) um interessante artigo de Brad Spurgeon, traduzido por Deborah Weinberg, sobre o polêmico corredor brasileiro de fórmula1 Rubens Barrichello.

O jornal IHT tem sua base em Paris desde a sua fundação em 1887. Esse periódico é, a partir 2007, 100% propriedade do jornal norte-americano The New York Times.

Reproduzo:

RUBENS BARRICHELLO É UM MARCO DA FÓRMULA 1

“Quando Rubens Barrichello chega para dar mais uma entrevista, ele prefere ficar em pé; ele parece desconfiado. Suas respostas parecem ter sido dadas várias vezes e, de fato, provavelmente foram.

Aos 36, não é o piloto mais velho do "grid", nem é o mais cínico. Mas no Grande Prêmio do Canadá desta semana, sem dúvida será o mais experiente. Nas últimas duas disputas da Fórmula 1, o piloto brasileiro da equipe da Honda vem celebrando um marco: superou o recorde de Riccardo Patrese com a participação em 256 Grandes Prêmios.

A contagem do número de participações varia, entretanto, pois alguns incluem os finais de semana de Grande Prêmio nos quais tomou parte, mas não participou da corrida de fato.

Ainda assim, quando perguntado como se sentia nas celebrações, ele disse: "Se você pensar a respeito, toda vez que eu correr estarei quebrando meu próprio recorde, então também estarei comemorando."

Durante grande parte da sua carreira, desde sua chegada na Fórmula 1, aos 20, ele teve que cumprir padrões que nem sempre foram fáceis e se manteve na sombra de outro piloto.

Ele começou na equipe da Jordan, em 1993, com fama de ter a velocidade de um raio, mas dirigia na sombra de seu mentor e patrício Ayrton Senna, tricampeão mundial.

No ano seguinte, no Grande Prêmio de San Marino, em Imola, Barrichello ficou para sempre ligado à história de Senna. Durante os treinos de sexta-feira, Barrichello teve um acidente quando seu carro atingiu o meio-fio e voou pela cerca.

Ele machucou o braço e não pôde participar da corrida -que é um dos GPs que alguns não contabilizam em sua carreira. Seu acidente, contudo, foi apenas o primeiro de um final de semana negro.

No dia seguinte, Roland Ratzenberguer, piloto iniciante austríaco, foi morto em um acidente. Depois, durante a corrida no domingo, foi a vez de Senna. Subitamente, a sombra de seu mentor virou uma expectativa sobre Barrichello, que se viu carregando as esperanças de seu país para que preenchesse o lugar de Senna.

Mas ele era jovem e inexperiente demais para isso.

"Foi muito duro em 94 e 95" disse ele. "Mas a vida continua, como deve ser. Depois disso foi OK."

Em 1997, ele se mudou para a equipe Stewart, onde reconstruiu sua força mental e terminou em sétimo no campeonato de 1999. No ano seguinte, a Ferrari o escolheu para se tornar colega de Michael Schumacher, que já tinha vencido dois títulos mundiais. Era o início da melhor era da história da equipe.

Schumacher, entretanto, tornou-se a próxima sombra de Barrichello. Além de ser o mais talentoso piloto de sua geração, o alemão também era mestre em controlar as ambições dos colegas.

Barrichello teve sua primeira vitória no Grande Prêmio da Alemanha em Hockenheim, em 2000, depois do acidente de Schumacher. Foi a primeira vitória de Barrichello, em sua 123ª corrida. Apesar de ser um recorde de número de corridas antes da primeira vitória, ele logo se acostumou a vencer.

No Grande Prêmio da Áustria de 2002, houve uma crise no relacionamento de Barrichello com a Ferrari. Ele tinha sido mais rápido do que Schumacher durante todo o final de semana. Ele conquistou a pole position e liderou a corrida desde o início. No final da corrida, contudo, o diretor da equipe disse para ele via rádio que desacelerasse e deixasse Schumacher ultrapassá-lo para a vitória. Barrichello decidiu que bastava.

Ele esperou até os últimos segundos da disputa, logo antes da linha de chegada, depois diminuiu para deixar Schumacher ultrapassá-lo. Ele queria mostrar ao mundo o que estava acontecendo.

"Foi provavelmente uma das minhas melhores corridas, ninguém conseguia me superar naquele dia", disse Barrichello. "Foi muito bom para todo mundo saber o que apenas eu sabia. Eu fiz aquilo para que todo mundo pudesse ver o que estava acontecendo."

De fato, Barrichello estava em seu apogeu naquele ano, vencendo cinco corridas e terminando em segundo lugar no campeonato -atrás de Schumacher. Barrichello ainda assim ficou na equipe até o final de 2005.

"Eu queria ter a chance de vencer e não recebi uma chance completa", disse ele. "Eu queria explorar os meus limites."

"Eu nunca tive carros melhores fora da Ferrari", disse ele. "Mas tive que agüentar algo que finalmente, depois de seis anos, chegou ao máximo."

Ele entrou para Honda. A equipe, entretanto, terminou em quarto lugar em 2006, caiu para oitavo em 2007 e agora tem que se reformular.

Barrichello disse que era apenas uma questão de tempo antes da Honda começar a vencer novamente. Ela contratou Ross Brawn, antigo diretor técnico da Ferrari para dirigir a operação técnica e ser o diretor esportivo da equipe.

Apesar da idade de Barrichello, ele disse que continuava otimista por ter mais alguns anos na Fórmula 1, e ainda tem fome de vencer o campeonato. "Tenho muita fé em mim mesmo", disse ele. "Fisicamente, poderia pilotar para sempre."

Com ao menos 256 corridas e 15 temporadas atrás dele, o que mais aprendeu desde que começou?

"Experiência", disse ele. "Sempre tive velocidade, mas a experiência vem chegando naturalmente. Seus objetivos mudam durante a carreira e, com mais experiência, você usa a energia para as coisas boas e não queima energia nas coisas erradas."

Como dar entrevistas, talvez.”

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