terça-feira, 7 de outubro de 2008

BOLSAS DESABAM POR MEDO DE RECESSÃO GLOBAL, DIZEM ANALISTAS

Li no UOL ontem a seguinte artigo de Ana Carolina Lourençon:

“O desabamento dos mercados mundiais nesta segunda-feira reflete o temor de uma recessão global, segundo economistas consultados pela reportagem do UOL.

Mesmo que não haja dados concretos comprovando que os Estados Unidos sofrerão uma retração econômica nos próximos meses, o efeito dessa dúvida já é suficiente para gerar temor entre os investidores, segundo o economista-chefe da UpTrend consultoria, Jason Vieira.

"Há o medo de que o alastramento da crise para a Europa e demais países possa gerar a recessão mundial. Com a escassez de crédito no mundo, as empresas começam a ter um custo de captação muito maior, que é repassado para o consumidor na forma de preços mais elevados, contribuindo para acelerar a inflação. Isso reduz a demanda, que diminui a produção e, conseqüentemente, gera desemprego e contrai a atividade econômica", afirma.

CRISE NO BRASIL

No Brasil, a crise pode se mostrar de forma diferente que nos Estados Unidos.

Os bancos brasileiros não operam com empréstimos de risco elevado, mas são importantes credores das empresas e, como o crédito está escasso no mundo, o custo do dinheiro vai ficar mais caro, dificultando os planos das companhias.

Por isso, alertam os economistas, o Banco Central deveria repensar a política monetária e reduzir a taxa Selic (juros básicos da economia), contribuindo para baratear o crédito.

"O país possui a taxa de juros real mais alta do mundo e com a escassez global de crédito, o custo de captação vai ficar muito mais alto. E também já foi provado que não temos mais inflação. Então, abre espaço para o BC reduzir juros e também estimular as linhas de crédito, mexendo no limite do compulsório", diz.

INVESTIDORES MUDAM FOCO

Essa preocupação com a retração econômica mostra a mudança de foco dos investidores, de acordo com o analista da corretora Souza Barros Luiz Roberto Monteiro.

"Até semana passada, toda a atenção estava voltada para a aprovação do pacote e quais seriam os detalhes do socorro. Depois que o plano foi aprovado, os investidores tiveram novo espaço para olhar os indicadores das economias européias e norte-americanas, que estão bastante prejudicados e trazem cada vez mais o temor de uma recessão", diz.

As recentes notícias negativas vindas da Europa também pressionam os mercados para baixo na opinião de Monteiro.

Na noite do último domingo, o governo e os bancos da Alemanha anunciaram a criação de um plano de 50 bilhões de euros para evitar que o banco Hypo Real Estate (HRE) quebre. O governo também afirmou que garantirá as reservas de correntistas e poupadores particulares.

"Com essas constatações de que a crise está afetando mais países e bancos, o investidor foge dos mercados de risco e também se desfaz dos negócios que possui em Bolsa para cobrir prejuízos. A Bovespa, por ser um mercado de grande liquidez, acaba sofrendo bastante", afirma.

O mundo iniciou a semana com confiança "zero" no futuro da economia, segundo Vieira. Apesar de o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ter sancionado na última sexta-feira a lei que libera o socorro financeiro de US$ 700 bilhões aos bancos norte-americanos em crise, as incertezas quanto à eficácia do plano pesam.

"A questão é que o pacote de socorro nos EUA ainda não foi lançado, e as pessoas não sabem a magnitude dele nem a pertinência que ele terá nos mercados. Ninguém sabe o que pode acontecer daqui para frente com a economia mundial, e essa dúvida está pesando bastante. O investidor perdeu a confiança e não quer fazer negócio em nenhum lugar do mundo", afirma”.

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