domingo, 2 de agosto de 2015

MORREU A CPI DO HSBC PORQUE "TENEBROSAS E MISTERIOSAS TRANSAÇÕES RAPIDAMENTE MUDARAM POSIÇÃO DOS SENADORES"




RANDOLFE DIZ QUE CPI DO HSBC É 'CADÁVER INSEPULTO'

"Vice-presidente da CPI que investiga as contas secretas de brasileiros no HSBC na Suíça, Randolfe Rodrigues disse no sábado, 1º, que a CPI do HSBC "não existe mais". "Morreu. O que sobrou dela é um cadáver insepulto", afirmou. Randolfe critica duramente a decisão dos membros da CPI de voltar atrás na decisão de quebrar o sigilo das contas de brasileiros envolvidos. "Que tenebrosas transações teriam acontecido no intervalo de duas semanas para motivar mudança tão radical?", questiona. "Como se vê, não só a Câmara dos Deputados, presidida hoje pelo nefasto Eduardo Cunha, marcha a passos largos para perder a compostura. O Senado vai pelo mesmo caminho", completa.

Do "Amapá 247"


O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a existência de dinheiro de brasileiros em contas não declaradas no banco HSBC na Suíça, disse no sábado, 1º, que a CPI do HSBC é um "cadáver insepulto". "A CPI do HSBC não existe mais. Morreu. O que sobrou dela é um cadáver insepulto", afirmou o senador em artigo no "Globo".

Randolfe conta que a CPI tinha decidido quebrar o sigilo de alguns dos integrantes da lista de brasileiros com contas secretas na Suíça, entre eles Jacob Barata e família. Depois que o Supremo Tribunal Federal reafirmou o poder da CPi de quebrar o sigilo dos envolvidos, a CPI mudou de posição e a decisão anterior foi revista.

"A operação teve o apoio de senadores do PSDB, do DEM, do PP, do PMDB, do PR e do PSD. De todos os integrantes da CPI, apenas eu, que sou vice-presidente da comissão, defendi a manutenção da quebra do sigilo. Fica a pergunta: que tenebrosas transações teriam acontecido no intervalo de duas semanas para motivar mudança tão radical?", questiona.

Para o senador, seria preciso, agora, criar uma CPI sobre a CPI, para investigar o que levou seus integrantes a mudar de posição "de forma tão radical e repentina". "Como se vê, não só a Câmara dos Deputados, presidida hoje pelo nefasto Eduardo Cunha, marcha a passos largos para perder a compostura. O Senado vai pelo mesmo caminho", afirma.

Leia na íntegra o artigo de Randolfe Rodrigues:

Uma CPI da CPI

Argumentos contra quebra de sigilo foram risíveis

Por RANDOLFE RODRIGUES


É uma temeridade quebrar os sigilos bancários de pessoas que têm reputação ilibada. Não existe nada que desabone a sua conduta. Eles são grandes empresários nacionais.’

Essa barbaridade, que oficializa a existência de duas classes de cidadãos e fere os mais elementares princípios republicanos, foi pronunciada por um senador, integrante da CPI do banco HSBC. Ele foi o autor do requerimento para anular a quebra do sigilo bancário de donos de empresas de ônibus cujos nomes constam da lista dos brasileiros com contas secretas na Suíça. Alguns têm negócios no Rio de Janeiro: Jacob Barata, Jacob Barata Filho, David Ferreira Barata e Rosane Ferreira Barata.

A CPI tinha decidido quebrar o sigilo de alguns dos integrantes da lista, que recorreram ao STF contra a medida. Mas o tribunal reafirmou a legalidade da decisão da comissão. Restou, então, uma única forma de evitar a quebra do sigilo: a anulação da decisão nesse sentido. Foi o que ocorreu. A maioria dos membros da CPI mudou de posição e a decisão anterior foi revista...

A operação teve o apoio de senadores do PSDB, do DEM, do PP, do PMDB, do PR e do PSD. De todos os integrantes da CPI, apenas eu, que sou vice-presidente da comissão, defendi a manutenção da quebra do sigilo.

Fica a pergunta: que tenebrosas transações teriam acontecido no intervalo de duas semanas para motivar mudança tão radical?

Os argumentos apresentados foram risíveis: os empresários que teriam o sigilo quebrado negaram possuir as contas secretas e suas palavras deveriam ser levadas em conta. Além disso, “se fossem investigados, teriam sua reputação prejudicada”. Ora, se o argumento fosse estendido a todos os cidadãos brasileiros suspeitos de ter cometido algum crime, nenhum deles seria investigado se jurasse ser inocente.

Agora, os demais integrantes da lista, um total de oito mil brasileiros com contas secretas, tampouco serão investigados. Bastará também sua negativa.

Registre-se que a existência das contas foi informada, de forma oficial, pela agência do HSBC em Genebra, na Suíça. Segundo o próprio HSBC, só nos anos de 2006 e 2007 o saldo total dos depósitos era US$ 7 bilhões.

A mesma vontade de não apurar nada levou à rejeição da proposta para que uma comissão de senadores da CPI fosse à França reunir-se com o ex-funcionário do HSBC Hervé Falciani, responsável pelo vazamento das informações que deram origem ao escândalo.

Como se vê, não só a Câmara dos Deputados, presidida hoje pelo nefasto Eduardo Cunha, marcha a passos largos para perder a compostura. O Senado vai pelo mesmo caminho.

A essa altura, a CPI do HSBC não existe mais. Morreu. O que sobrou dela é um cadáver insepulto.

Seria preciso, agora, criar uma CPI sobre a CPI, para investigar o que levou seus integrantes a mudar de posição de forma tão radical e repentina.

Como isso não será feito, resta ao povo brasileiro imaginar o que aconteceu. Infelizmente, não será preciso muita criatividade para chegar à verdade."

FONTE: artigo de Randolfe Rodrigues, senador (PSOL-AP), publicado no jornal "O Globo" e transcrito e comentado no site "Amapá 247" do portal "Brasil 247"  (http://oglobo.globo.com/opiniao/uma-cpi-da-cpi-17048545) Do "Amapá 247"
http://www.brasil247.com/pt/247/amapa247/191217/Randolfe-diz-que-CPI-do-HSBC-%C3%A9-'cad%C3%A1ver-insepulto'.htm). [Título acrescentado por este blog 'democracia&política'].

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