Parlamentares da oposição, de altíssimo nível...
O inferno é aqui mesmo
Por RIBAMAR FONSECA, jornalista e escritor
"Em pouco mais de 500 anos o Brasil experimentou extraordinário progresso nas áreas de ciência e tecnologia, tornando-se um país moderno e ingressando no seleto clube das grandes potências mundiais. Infelizmente, porém, moralmente o país não acompanhou o mesmo desenvolvimento, dominado por atitudes primitivas e situações que lembram a idade média, quando a ambição e o ódio determinavam comportamentos. Embora a democracia seja o regime vigente no país, os que ambicionam o poder preferem ignorá-la e agir como se não existissem leis, empenhados em atingir seus objetivos a qualquer preço, mesmo ao custo de elevados prejuízos à Nação e seu povo. A furiosa oposição, liderada pelos derrotados nas últimas eleições, não tem ideologia nem bandeira: a meta é o poder.
Os cidadãos que se candidatam a cargos eletivos, especialmente do Congresso Nacional, com honrosas exceções, ao que parece não são movidos pelo desejo de trabalhar pelo país e seu povo, mas em defender os seus próprios interesses e dos grupos que representam. Para eles, pouco importa se as suas atitudes no Legislativo contrariam os interesses nacionais, desde que atinjam os alvos ambicionados. Por isso, o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, vem sendo mantido no cargo pelo apoio de falsos moralistas, embora acusado de ter em bancos suíços uma fortuna acumulada com recursos suspeitos, não explicados e não declarados. E, apesar das provas robustas e incontestáveis apresentadas pelo Ministério Público suíço, um parlamentar, "Paulinho da Força", chegou a dizer: "Estou com ele para o que der e vier".
Lamentavelmente, parlamentares como Paulinho desmoralizam o atual Congresso, já profundamente desgastado e desacreditado pelo comportamento esdrúxulo de alguns dos seus membros. Cinicamente, ele afirma que é preciso manter Cunha no comando da Câmara, apesar de toda a sujeira em que está mergulhado, porque o considera "a peça mais importante para a aprovação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff". Ou seja, toda essa "indignação" pela corrupção na Petrobrás é mero jogo de cena para enganar os trouxas que votaram neles. O PSDB, que lidera a oposição e até pouco tempo apoiava Cunha, pulou do barco à última hora ao perceber que não valia a pena o desgaste sofrido junto à opinião pública, revoltada com as diatribes do presidente da Casa. Ainda não perdeu, contudo, o foco da sua atuação oposicionista, conforme declarou o deputado Carlos Sampaio: "A vilã é Dilma", ele disse.
O cinismo desse pessoal não tem limites. A Presidenta é vilã, na visão vesga deles, porque não quer entregar a eles o poder que conquistou em eleições livres e limpas. Conclui-se que, se Dilma é a vilã, eles certamente são os mocinhos. Pobre Brasil que tem uma oposição como essa, de mentes enfermas, que não se envergonha de atitudes destinadas a estabelecer o caos com a perda de valores morais, contando com o valioso apoio da mídia familiar. Já vai longe o tempo em que a missão da imprensa era informar com isenção e seriedade, manifestando a sua posição nos editoriais, quando foram produzidos textos vibrantes e condizentes com os interesses da Nação. Hoje, a posição dos jornalões já está explícita nas manchetes e textos. E todos passaram a ter a mesma cara, até com as mesmas manchetes, com ligeiras variações. Já vai longe o tempo dos "furos" e da saudável disputa pelo "Prêmio Esso de Jornalismo".
Há um velho ditado popular segundo o qual "a Justiça tarda mas não falha". O autor do axioma provavelmente estava se referindo à Justiça divina, porque a nossa, aqui da Terra, tem se revelado muito falha. Depois do juiz que mandou investigar as viagens de Lula e da juíza que determinou uma busca e apreensão no escritório de um dos filhos do ex-presidente, agora outro magistrado, Vallisney Oliveira, que assumiu o comando da Operação Zelotes, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega. A justificativa: investigar o processo de nomeação de conselheiros do CARF e as suas relações com um empresário. Parece piada. Estranhamente, até agora não se tem conhecimento de nenhuma medida destinada a investigar justamente os alvos da operação: os empresários acusados de sonegação de impostos.
Por essas e por outras é que muita gente afirma que só confia na Justiça divina. Na verdade, não cai um fio de cabelo da cabeça sem que Deus saiba e, portanto, ele sabe de tudo que acontece em toda parte, até mesmo os pensamentos mais secretos. Ninguém, portanto, ficará impune, seja nesta ou em outra vida. Muitos já começaram a sentir a mão invisível de Deus, fazendo vir à superfície as sujeiras escondidas bem no fundo. Cunha, por exemplo, que até pouco tempo apresentava-se como o poderoso carrasco do governo, comportando-se como vestal, aprovando na Câmara projetos contrários aos interesses do povo e criando enormes dificuldades para a governabilidade do país, agora está vivendo o seu inferno astral e caminha, melancolicamente, para o desterro. E ainda tem na fila muita gente que continua falando grosso, mesmo sob investigação e inquérito no Supremo. Não vão demorar, porém, a falar fino, porque lá em cima tem alguém vigiando e esperando o momento certo para fazer justiça."
FONTE: escrito por RIBAMAR FONSECA, jornalista e escritor. Publicado no portal "Brasil 247" (https://www.brasil247.com/pt/colunistas/ribamarfonseca/204968/O-inferno-%C3%A9-aqui-mesmo.htm).[Imagem e legenda acrescentadas por este blog].
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