domingo, 26 de dezembro de 2010

WIKILEAKS: EUA SABIAM DE ATAQUE DE ISRAEL A SUPOSTA USINA NUCLEAR DA SÍRIA


WikiLeaks divulga telegrama enviado por Condoleezza Rice a embaixadas confirmando prévio conhecimento da ação.

Secretária de Estado diz que evitou compartilhar informação para tentar impedir conflito; Israel silencia sobre ataque

Um telegrama enviado pela então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, a embaixadas americanas em maio de 2008 confirma, pela primeira vez de forma oficial, que Washington sabia do bombardeio de Israel contra um suposto reator nuclear da Síria. A ação aconteceu em setembro de 2007.

Segundo o telegrama, obtido pelo site WikiLeaks e divulgado pelo jornal de Israel "Yediot Aharanot", o reator foi destruído "por completo" semanas antes de entrar em operação.

"Em 6 de setembro de 2007, Israel destruiu o [suposto] reator nuclear que a Síria construía em Al Kibar aparentemente com a ajuda da Coreia do Norte", diz o despacho.

A secretária de Estado afirma que evitou dividir essa informação "para tentar evitar um conflito" e que os especialistas em inteligência estavam convencidos de que o ataque estava dirigido contra um reator do mesmo tipo que a Coreia do Norte construiu em Yongbyon. "Temos todas as razões para acreditar que o [suposto] reator não foi construído com um objetivo pacífico", destacou.

Ela ressaltou também o segredo em torno da construção do reator e o fato de as autoridades sírias não terem convidado inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) a visitarem a usina destruída.

AUTORIDADES

A Síria sempre negou que o local atacado fosse um reator nuclear, admitindo que se tratava de "instalação militar em construção".

Meses depois do ataque, o então líder da oposição e atual primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, disse que o bombardeio havia sido uma ação de seu país. Oficialmente, contudo, o governo de Israel mantém-se em silêncio sobre o assunto.

Em seu livro de memórias "Decision Points" (momentos decisivos), lançado no mês passado, o ex-presidente George W. Bush diz que resistiu às pressões de Israel para que os americanos bombardeassem a planta.

Em julho de 2008, o então candidato à Presidência dos EUA Barack Obama havia aprovado o ataque dizendo que “Israel tinha o direito de se defender” [e de proteger suas fábricas de material bélico nuclear e seus depósitos de cerca de 200 bombas atômicas contra um eventual hipotético ataque futuro da Síria].

DOCUMENTOS

A difusão do telegrama é parte de um conjunto de 3.700 documentos sobre Israel que o WikiLeaks tem em seu poder e que publicará no prazo de quatro a seis meses.

Em entrevista à TV Al Jazeera, do Catar, o fundador do site, Julian Assange, disse que a maioria dos documentos sobre Israel ainda não foi publicada. Ele afirmou que "são papéis polêmicos".

Segundo Assange, trata-se de "documentos delicados", que abordam a guerra entre Israel e a milícia libanesa Hizbollah e o assassinato de um dos líderes do grupo palestino Hamas, Mahmud al Mabhuh, supostamente por agentes de Israel.”

FONTE: publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2512201005.htm) [título, imagem (do Google) e trechos entre colchetes colocados por este blog].

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