sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

BRASIL SE ARMA CONTRA GUERRA VIRTUAL


BRASIL SE ARMA CONTRA GUERRA VIRTUAL E CRIA CENTRO ESPECIAL DE DEFESA

Iniciativa do Ministério da Defesa inclui simulações de ataques numa eventual guerra cibernética.

 Exposição a riscos no Brasil é considerada alta, e o país é um dos maiores propagadores de vírus e spams na rede mundial.

A internet virou assunto de segurança nacional no Brasil. Depois dos Estados Unidos e Alemanha, o país segue a tendência mundial e se prepara para dar vida ao “Centro de Defesa Cibernética”, que será administrado pelo Exército. Previsto, inicialmente, para entrar em operação no fim de 2011, a data da inauguração, no entanto, não foi confirmada pelo Ministério da Defesa. Ao que tudo indica, as informações nesse setor são tratadas com o mesmo sigilo que operações militares.

O Brasil quer reunir recursos humanos de excelência para ter armas para lutar numa eventual guerra cibernética. "O governo quer criar uma rede nacional de excelência, integrando iniciativas das universidades, empresas e centros de pesquisa", explica Kalinka Castelo Branco, especialista em segurança na internet da Universidade de São Paulo, USP, uma das parceiras do futuro Centro.

O quão grande é essa ameaça cibernética, a ponto de levar os governos a se equiparem? "Se seu computador, tablet, ou outro equipamento está conectado à internet, existe a possibilidade de um ataque virtual", resume Ascold Szymanskyj, vice-presidente para a América Latina da empresa especializada em segurança digital “F-Secure”.

E os “crackers”, definição atualizada de “hackers” com intenções criminosas, estão prontos para tirar proveito das redes menos protegidas. "Quando esses criminosos detectam que um setor é mais vulnerável, é lá que vão atacar", analisa Szymanskyj.

O governo brasileiro coleciona ataques maliciosos a arquivos secretos: em junho último, o banco de dados do Exército foi invadido e links no Twitter com dados pessoais de quase mil funcionários das Forças Armadas foram divulgados. Outros sites, como o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, também já foram atacados.

CRIATIVIDADE E CRIME

Dentro das estatísticas geradas pelo mundo online, o Brasil ocupa posição nada honrosa: é um dos maiores produtores de vírus e spams, juntamente com alguns países do Leste Europeu. "Já há alguns anos temos essa triste classificação no mundo", afirma Szymanskyj.

Para a empresa especializada em segurança digital, fundada na Finlândia, alguns comportamentos explicam essa "liderança" ao avesso. "O fato de o brasileiro estar muitas horas conectado influencia. E isso leva a um segundo passo, que é se utilizar da internet para aplicar golpes", complementa Szymanskvj, lembrando que a criatividade da população também é manifestada na criação de vírus virtuais.

Estima-se que, só em 2010, crimes cibernéticos no Brasil geraram custos de 104,8 bilhões de reais – 25,3 bilhões de reais seriam frutos de roubo direto. Um estudo da empresa “Norton” feito em 24 países, publicado recentemente, mostrou que 80% dos entrevistados no Brasil já foram vítimas de golpe online, analisou o especialista em segurança virtual Adam Palmer.

Kalinka Castelo Branco aponta que a principal meta do Centro será proteger as informações – porque prever os ataques é praticamente impossível. Isso quer dizer, por exemplo, fazer mais uso da criptografia. Além de reunir e avaliar informações, o serviço criado pelo governo vai tratar incidentes e simular ataques numa eventual guerra cibernética.

CORRIDA DE GATO E RATO

A diferença no nível de proteção, segundo a “F-Secure”, está no que cada país pode aplicar em tecnologia. Segundo especialistas em segurança digital, o Brasil se classifica numa situação de risco alto: é uma economia emergente, existe a preocupação em aumentar a proteção cibernética, mas também existe vulnerabilidade. E os “crackers” aproveitam isso.

"A ideia é que o Brasil esteja preparado para ações maiores como a Copa e as Olimpíadas, que a gente tenha uma rede nacional segura, para que o país não esteja tão exposto", avalia Castelo Branco sobre a importância do “Centro de Defesa Cibernética”.

A decisão brasileira de aumentar a vigilância online foi saudada. "O terrorismo pode se utilizar dessas invasões. E o governo precisa se preparar, porque essa é ameaça muito silenciosa e os perigos são imensos, principalmente porque toda a sociedade é dependente da internet", conclui Szymanskyj.

Para Castelo Branco, a era da guerra cibernética já começou. "Todas as informações, sejam privilegiadas ou não, trafegam pela rede. Qualquer um pode pegar esses dados e fazer qualquer uso deles – são desde sites de pornografia até sites com confecção de bombas. Pode não ter ainda um país atacando o outro, mas as informações estão lá."

FONTE: publicado no portal “Terra” e transcrito no site “DefesaNet”  (http://www.defesanet.com.br/cyberwar/noticia/3984/Brasil-se-arma-contra-guerra-virtual-e-cria-centro-especial-de-defesa).

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