sábado, 17 de dezembro de 2011

O BRASIL COMO ALTERNATIVA


Por Mair Pena Neto

“A última coluna do ano é hora de fazer votos. Às vésperas de 2012, estamos mergulhados num mundo de incertezas políticas, econômicas, sociais e ecológicas. A crise causada pela falta de regras e irresponsabilidade do capital financeiro deixa o planeta à deriva. A Europa ruma para a recessão, os Estados Unidos se seguram nos títulos comprados pelos chineses, e as novas potências têm pela frente o desafio de chegar a níveis de desenvolvimento e de bem estar social que jamais proporcionaram a suas populações.

Esse é o aspecto mais interessante, construtivo e animador. Se tomarmos o Brasil como referência, o país ganhou importância inegável no cenário mundial e tende a ser voz ativa em todos os fóruns internacionais. Tal protagonismo precisa ser aproveitado para a construção de nova agenda, desenvolvimentista e preocupada com o homem. Se o Brasil, ao lado de China, Índia e Rússia, passará a dar as cartas em algum momento, que seja com outro discurso, e não com a velha cantilena que levou os ditos países desenvolvidos ao córner.

A experiência brasileira dos últimos anos prova que o melhor caminho para enfrentar a crise é o crescimento. O Brasil atravessou os períodos mais críticos do abalo que sacudiu Estados Unidos e Europa apostando no seu mercado interno e renegando as prescrições de rigidez fiscal, causadora de retração e desemprego. O Brasil seria voz de Keynes em meio à selva monetarista que continua a não enxergar nada além de Chicago.

A Europa insiste nessa via e toma rumos perigosos. O futuro do continente é incerto. O desemprego é alarmante em países como Espanha e Portugal e as válvulas de escape da panela de pressão explodem em xenofobia e violência. Nos Estados Unidos, um Obama fragilizado e sem poder cumprir o que prometeu na campanha sofre em meio à artilharia republicana, que só não o atinge mais pelo péssimo calibre de seus quadros. Mesmo com os limites de Obama, antes os EUA com ele do que com os republicanos. Depois de tantos anos Bush, esperava-se que o país trilhasse novos rumos por muito tempo, mas a ameaça retrógrada dos republicanos continua pairando.

O Brasil não está envolto em tais ameaças. Nem de recessão, nem de retrocesso político. O modelo político-econômico adotado desde Lula segue firme. Dilma ainda tem três anos de governo pela frente e precisa aprimorar os instrumentos para assegurar o desenvolvimento e a continuidade da distribuição de renda. É isso que é percebido pela população. A agenda de exploração permanente de casos de corrupção não cola se o país, de fato, se torna mais justo e continua a crescer. As manifestações anticorrupção não atraem mais do que meia dúzia de gatos pingados, geralmente das classes mais abastadas, mesmo com todo o apoio midiático.

Nos próximos três anos, Dilma precisa ficar de olho nas irregularidades que pipocam no governo, mas, sobretudo, fazer avançar as políticas econômicas e sociais que levaram o país ao patamar que ocupa. O “Programa de Aceleração do Crescimento” que ela gerenciou no governo Lula precisa voltar ao noticiário. As obras que vão garantir infraestrutura e mais desenvolvimento ao país necessitam de visibilidade. Os programas sociais devem ser expandidos com a preocupação de um país melhor e mais justo.

As condições estão postas. Não somos uma ilha em meio a um oceano turbulento, mas criamos as fundações para um grande edifício de país. Que sigamos em frente. Feliz Natal e bom 2012 para todos!”

FONTE: escrito por Mair Pena Neto, jornalista carioca. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB foi editor de política e repórter especial de economia. Artigo publicado no site “Direto da Redação”  (http://www.diretodaredacao.com/noticia/o-brasil-como-alternativa).

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