[Típica aula norte-americana de "democracy" e "freedom"]
Editorial da Folha de São Paulo, sábado (17) [trechos entre colchetes e aspas adicionados por este blog ‘democracia&política’]
“Guerra do Iraque aumentou isolamento internacional dos EUA, impulsionou extremismo islâmico e não disseminou a democracia
Ao anunciar a saída definitiva das tropas dos Estados Unidos do Iraque, o presidente Barack Obama afirmou que os militares retornam a seu país "de cabeça erguida"[caso se coloque os 4.500 caixões na vertical].
Quase nove anos depois da invasão norte-americana, no entanto, mesmo os mais ardorosos "falcões" teriam dificuldades em apontar o saldo positivo do conflito. As consequências da prepotente aventura do então presidente George W. Bush revelaram-se mais desastrosas do que muitos antecipavam.
A invasão do Iraque detonou conflitos -com características de guerra civil, de um lado, e de guerrilha antiocupação, de outro- que se arrastaram por anos, provocando a morte de, ao menos, 104 mil civis e de 15 mil soldados de variadas nacionalidades [considerando, também, as mortes indiretas, elas alcançam um milhão].
A imagem que os EUA tentaram projetar de suas tropas, como “forças libertadoras” que seriam festejadas pelos iraquianos, não passou de miragem, assim como o pretexto utilizado por Bush para detonar a operação sem apoio das Nações Unidas -a jamais comprovada existência de “armas de destruição em massa” no país.
Os caóticos anos de ocupação teriam custado, segundo algumas estimativas, cerca de US$ 3 trilhões -valor que supera o PIB brasileiro de 2010, de cerca de US$ 2 trilhões.
A guerra deteriorou ainda mais o conceito dos EUA no mundo islâmico, criou fissuras nas suas relações com antigos aliados e provocou insatisfações entre seus próprios cidadãos, contribuindo para a eleição de Obama.
Não se pode ignorar [eventual] efeito positivo da derrubada do sangrento regime de Saddam Hussein, mas os caminhos trilhados para a eliminação do ditador foram abertos por iniciativa truculenta e unilateral, que atropelou gestões diplomáticas, impôs perdas inaceitáveis a populações civis e atraiu o terrorismo islâmico para um país no qual não estava organizado.
O que seria o ponto culminante da invasão, a propalada semeadura da “democracia” pelo Oriente Médio a partir de Bagdá, mostrou-se uma quimera.
A onda de revoltas contra ditadores que varreu, enfim, a região, a partir do início deste ano, não foi inspirada pelo frágil regime instalado no Iraque. Nasceu de insatisfações que se acumulavam entre as populações locais. Completa-se hoje (17), aliás, um ano da autoimolação do vendedor de frutas tunisiano, o episódio que ficou como uma espécie de marco simbólico do início da “Primavera Árabe”.
O Iraque [arrasado, destruido, com seu petróleo explorado e exportado sob controle dos EUA] que emerge da retirada norte-americana está longe de ser um país pacificado. O pior do conflito sectário parece ter ficado para trás, mas as tensões e a violência perduram, com registros quase diários de atentados.
É de esperar que a assustadora perda de vidas e o enorme custo financeiro, político e moral da guerra inventada por George W. Bush sirvam para desencorajar os EUA a se lançarem em novas aventuras.”
FONTE: editorial da “Folha de São Paulo”, sábado (17) (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/15280-saldo-desastroso.shtml). [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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