terça-feira, 26 de março de 2013

AS VIAGENS DE FHC E LULA E A ESCANDALIZAÇÃO SELETIVA

Banco ITAÚ por trás de FHC (ao centro)

“Um ex-presidente brasileiro está rodando o mundo, em viagens patrocinadas por empresas e corporações que cresceram e ganharam muito dinheiro em seu período de governo. Nessas viagens, a presença do ex-presidente ajuda as empresas patrocinadoras a captar investimentos e ganhar mercados.

As empresas amigas também patrocinam palestras desse líder político no Brasil e contribuem com fundos milionários para o Instituto que leva seu nome e destina-se a preservar sua memória.

Se esse ex-presidente se chamasse Luiz Inácio, suas atividades no exterior seriam manchete da “Folha de S. Paulo”, colocando-o sob suspeita de atuar como lobista de empresas sujas.

Mas estamos falando de Fernando Henrique Cardoso, que também viaja fazendo palestras, a convite de empresas, ONGs e instituições diversas. A diferença mais notável entre eles (há muitas outras) é que FHC vai lá fora para falar mal do Brasil.

Nas asas do Itaú, seu patrocinador master, Fernando Henrique esteve no Paraguai em 2010, no dia em que o banco inaugurou a operação para tomar o mercado no país vizinho.

O Itaú também o levou a Doha e aos Emirados Árabes ano passado, como informou a imprensa financeira, com a intenção de morder parte dos 100 milhões de dólares que o “Barwa Bank” tem para investir no mercado imobiliário brasileiro. 
  
 Itaú Unibanco and Fernando Henrique Cardoso visiting Qatar and the UAE

A “Folha” estava lá (mas não diz quem pagou a viagem da colunista Maria Cristina Frias): FHC VAI AO ORIENTE MÉDIO COM ITAÚ PARA ATRAIR INVESTIMENTO, ela escreveu.  Zero de suspeição ou malícia. O jornal não se preocupou em saber se a embaixada brasileira alugou impressoras para apoiar o ex-presidente em sua missão, mas registrou direitinho o que ele disse lá sobre o governo brasileiro atual: Corrupção cresceu em relação a meu governo, diz FHC. Com esse papo, o ex deve ter atraído investimentos para o Chile.

FHC também falou mal do Brasil quando foi à China, em maio passado, de novo pelas asas do Itaú (nem parece que é um banco, deve ser uma agência de viagens). Reclamou do ajuste do câmbio, da falta de planejamento, e fez o comercial do patrocinador: “Baixar a taxa de juros (no Brasil) é importante, mas tem que olhar as consequências”, ele disse aos chineses. O “Estadão” resumiu no título a visão de Brasil que FH passou em Pequim: NÃO SE PODE CRESCER A QUALQUER A CUSTO, DIZ FHC”. 

Em novembro do ano passado, a casa americana “JP Morgan” pagou FHC para falar do Brasil sem sair de casa: O BRASIL ESTÁ PAGANDO O PREÇO POR NÃO TER DADO CONTINUIDADE AOS AVANÇOS IMPLEMENTADOS, ele disse, numa palestra para investidores estrangeiros em São Paulo.

Na edição de sábado, a “Folha” sugeriu ao Ministério Público que promova uma ação para alguém devolver “gastos indevidos” com horas extras de motoristas e deslocamento de funcionários nas embaixadas por onde Lula passou. Mas não se comove com o fato de a estatal paulista SABESP ter pingado R$ 500 mil [de dinheiro público] na caixinha do Instituto FHC (ah se fosse o Visanet...).

Fernando Henrique ainda era presidente da República, em 2002, quando chamou ao Palácio da Alvorada os donos de meia dúzia empresas para alavancar o instituto que ainda ia criar: Odebrecht, Camargo Corrêa, Bradesco, Itaú, CSN, Klabin e Suzano. A elas se juntaria a Ambev. Juntas, pingaram 7 milhões no chapéu de FH. Mas foi o Tesouro que pagou o jantar, descrito em detalhes nesta reportagem da revista “Época”: “Todos à mesa eram gratos à FHC pelo Plano Real e não se duvide de que alguns tenham coçado o bolso por idealismo”.

Mas se a “Folha” utilizasse o mesmo relho com que trata Lula, teria registrado que os Itaú e Bradesco eram gratos pela maior taxa de juros do mundo; a Ambev deve seu monopólio ao CADE dos tucanos; a CSN é a primogênita da privataria e quase todos ali deviam algum ao BNDES.

FHC e seu instituto prosperaram. No primeiro ano como ex-presidente, ele faturou R$ 3 milhões em palestras (o critério é cobrar metade do que cobra o Bill Clinton”, explicou, modestamente, um assessor de FHC). A primeira palestra, de US$ 150 mil de cachê, que serviu de parâmetro para as demais, foi bancada pela “Ambev” [empresa cujo dono é sócio de Verônica Serra, filha de José Serra]. O IFHC já tinha R$ 15 milhões em caixa e planejava gastar o dobro disso nas instalações.

O IFHC abriga o projeto “Memória das Telecomunicações” (esqueçam o que ele escreveu, mas não o que ele privatizou), patrocinado naturalmente pela “Telefónica de Espanha”.

Todas as empresas citadas neste relato são anunciantes da “Folha de S. Paulo” e estão acima de qualquer suspeita enquanto anunciantes. Apodrecem, aos olhos do jornal, quando se aproximam de Lula.

Eis aí o segundo recado da série de manchetes: afastem-se dele os homens de bem. O primeiro recado, está claro, é: mãos ao alto, Lula!

A “Folha” também se considera acima de qualquer suspeita. Só não consegue mais disfarçar o ódio pessoal que move sua campanha contra o ex-presidente Lula.”

FONTE: escrito por Hugo Carvalho e postado no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-viagens-de-fhc-e-lula-e-a-escandalizacao-seletiva). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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