sábado, 30 de março de 2013

RESPOSTA DA PETROBRAS ÀS CRÍTICAS DO JORNAL “NEW YORK TIMES”


“Com relação à matéria “Petrobras, Brazil’s Oil Giant, Struggles to Regain Lost Swagger” publicada pelo ‘New York Times’ (26/3) [ver abaixo, na “complementação”, a tradução do texto obtida em http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/petrobras-gigante-brasileira-do-petroleo-luta-para-recuperar-o-prestigio-texto-do-new-york-times/], a Petrobras reitera que tem capacidade, tecnologia, conhecimento e recursos necessários para transformar o potencial do pré-sal em riqueza para seus acionistas, e já ultrapassou o marco de 300 mil barris de petróleo por dia (bpd) produzidos no pré-sal. O “Índice de Sucesso Exploratório” foi de 64% em 2012 (82% no pré-sal), enquanto a média mundial é de 30%. Nos últimos 9 meses, houve quatro reajustes nos preços do diesel, totalizando aumento de 21,9%, e dois na gasolina, com alta acumulada de 14,9%.

Reconhecida por dispor do melhor portfólio de ativos de petróleo e gás entre empresas de capital aberto do setor, a Petrobras dispõe de 15,7 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) em reservas provadas no Brasil. Com os volumes potenciais do pré-sal e da Cessão Onerosa, pode chegar a quase 30 bilhões de boe. As perspectivas são as mais positivas no longo prazo. O segundo semestre de 2013 será o momento de partida para recuperação da produção, com a entrada em operação das novas unidades, mantendo crescimento contínuo, e atingindo 2,5 milhões de bpd em 2016 e 4,2 milhões de bpd em 2020.

A produção de derivados será impulsionada com a entrada em operação das novas refinarias. Em 2020, a capacidade de refino será de 3,6 milhões de barris por dia, com demanda projetada de 3,4 milhões de barris por dia. Na medida em que os projetos do “Plano de Negócios e Gestão” entrarem em operação, a geração de caixa irá aumentar ainda mais. É importante destacar que os investimentos da indústria de petróleo e gás são de longa maturação.

Em relação à política de Conteúdo Local, a Petrobras esclarece que contrata bens e serviços no Brasil em bases competitivas e sustentáveis. Os índices exigidos são embasados em estudos que consideram a capacitação da indústria brasileira, características técnicas e prazos. A indústria nacional tem respondido à altura das demandas da Petrobras. Os principais benefícios para a Companhia são a redução dos custos operacionais, a proximidade da base de fornecedores, o aumento da capacidade de inovação da cadeia e a assistência técnica local.”

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COMPLEMENTAÇÃO: TRADUÇÃO DO TEXTO DO “THE NEW YORK TIMES”:

“Petrobras, gigante brasileira do petróleo, luta para recuperar o prestígio (texto do ‘New York Times’)

 

Tradução do texto “Petrobras, Brazil’s Oil Giant, Struggles to Regain Lost Swagger”, publicado no "New York Times" em 26/3/13:

Simon Romero

"A produção petrolífera brasileira está caindo, levantando dúvidas sobre a descoberta que era tida como o grande achado do petróleo. As importações de gasolina estão crescendo rapidamente, expondo o país às variações repentinas dos mercados mundiais de energia. Até mesmo o setor de etanol do país, que já foi alvo de inveja como um modelo de energia renovável, teve de importar etanol dos Estados Unidos.

Já se passaram cinco anos desde que os brasileiros comemoraram a descoberta feita pela petrolífera estatal, Petrobras, de enormes quantidades de petróleo em campos de águas profundas, as quais colocaram o país em posição triunfante entre os principais produtores mundiais. Mas agora outro tipo de choque energético está despontando: a empresa colossal, conhecida de longa data por seu poder, está perdendo o páreo de acompanhar as crescentes demandas energéticas do país.

Sobrecarregada com uma obrigação nacionalista de comprar embarcações, plataformas de petróleo e outros equipamentos de apáticas empresas brasileiras, a gigante do petróleo agora enfrenta altas dívidas, enormes projetos atolados em atrasos e campos maduros, que já foram de bastante produtivos, mas de onde agora sai menos petróleo. A abundância submarina que está em seu alcance também continua com uma complexidade extrema de exploração.

Agora, ao invés de simbolizar a ascensão brasileira como uma casa de força mundial, a Petrobras encarna a própria morosidade da economia do país, que, após saltar 7,5% em 2010, reduziu o ritmo para menos de 1% no ano passado, ficando atrás do crescimento de outros países latino-americanos como o México e o Peru.

Até pouco tempo, a Petrobras tinha o segundo maior valor de mercado entre as empresas de capital aberto do setor energético, ficando atrás apenas da ExxonMobil. No entanto, sua opulência caiu a um ponto que agora a empresa brasileira vale menos do que a petrolífera estatal colombiana. Essa queda acentuou um debate cada vez mais ácido sobre as tentativas da Presidente Dilma Rousseff de usar a Petrobras para proteger a população brasileira contra o ritmo desacelerado da economia do país.

“A Petrobras já foi considerada indestrutível, mas não é mais o caso”, afirma Adriano Pires, notável consultor brasileiro do setor de energia. “Agora, a Petrobras é uma ferramenta de política econômica de curto prazo, usada para combater a inflação e proteger o setor industrial interno contra a concorrência. Esse processo desastroso ficará pior se não for revertido”.

Dilma, como seu antecessor e mentor político, Luiz Inácio Lula da Silva, apoia-se bastante em empresas estatais como a Petrobras para criar empregos e estimular a economia. Em decorrência disso, a presidente e seus principais assessores declaram que o desemprego permanece próximo a níveis mínimos históricos, uma abordagem de gestão econômica que contrasta nitidamente com a Europa e os Estados Unidos.

Em um discurso recente, Dilma explicou que a prioridade de seu governo era tirar milhões de brasileiros da pobreza. “Quem aposta contra nós”, declarou a presidente, “sofrerá graves perdas financeiras e políticas”.

Apoiando os índices de aprovação do governo de Dilma, que concorrerá nas eleições presidenciais de 2014, a Petrobras está construindo novas refinarias, procurando petróleo offshore e comprando a maior parte de seus equipamentos de empresas brasileiras. Tudo isso criou dezenas de milhares de postos de trabalho e concretizou alguns benefícios políticos tangíveis.

“Minha vida melhorou”, diz Adinael Soares Silva, 38, soldador em uma refinaria da Petrobras que está em construção em Itaboraí, cidade próxima ao Rio de Janeiro. Ele diz estar satisfeito com seu salário de cerca de US$ 800 por mês. “Onde eu trabalhava antes, não ganhava o suficiente para ter uma poupança”, conta. “Agora, eu ganho”.

No entanto, enquanto a Petrobras vem ajudando a manter baixa a taxa de desemprego brasileira, por volta de 5,4%, um coro cada vez maior de críticos aponta para os problemas óbvios da empresa, tais como o acúmulo de projetos e a incapacidade de suprir a sede do país por petróleo, forçando-a a importar gasolina para vender no mercado interno a um preço mais baixo.

Depois de o Brasil descobrir petróleo em suas águas profundas em 2007, o governo tomou medidas para que a Petrobras estivesse ativa no controle das novas áreas, uma manobra que, segundo os críticos, pode prejudicar ainda mais a empresa. Foi marcante a despedida da década de 1990, quando as autoridades puseram fim ao monopólio da Petrobras como parte de uma reestruturação radical da economia.

A Petrobras continuou sob o controle estatal, mas ficou exposta às forças do mercado, surgindo como uma empresa mista que competia com sagacidade com petrolíferas estrangeiras.

Hoje, a Petrobras parece bem menos desenvolta. Em 2012, sua produção caiu 2%, o primeiro declínio deste tipo em anos, e a produção teve uma nova leve queda no início deste ano.

O setor energético internacional também está mudando, especialmente nos Estados Unidos, já que as forças deixam de se concentrar na extração de petróleo e gás natural e passam a visar formações de xisto em terra. Acredita-se que o Brasil também tenha grandes reservas de xisto, mas o governo permanece concentrado em seus caros megaprojetos em águas profundas.

“Os Estados Unidos estão redesenhando o mapa mundial do petróleo. No Brasil, a euforia dissolveu-se em inércia”, publicou em um editorial recente a Folha de São Paulo, um dos jornais mais influentes do Brasil.

Agravando a situação, a demanda brasileira de gasolina cresceu cerca de 20% em 2012, refletindo um setor automobilístico que deve parte de seu crescimento aos esforços do governo de aumentar a produção. A Petrobras ainda não tem refinarias suficientes com capacidade para processar petróleo, situação que a força a importar quantidades cada vez maiores de gasolina. A estatal ainda está tendo prejuízo com as importações de gasolina já que o governo mantém baixos os preços internos dos combustíveis a fim de controlar a inflação em meio a uma economia com ritmo lento de crescimento.

Analistas do setor energético sustentam que o governo federal está usando a Petrobras para promover seus próprios objetivos políticos. A gestão de Dilma, por exemplo, baixou medidas que visam restabelecer o setor da construção naval no país, exigindo que a Petrobras compre a maior parte de seus navios e plataformas de petróleo de estaleiros brasileiros.

Esses empreendimentos, no entanto, têm enfrentado dificuldades com grandes excessos de custos, às vezes atrasando a entrega de embarcações ou nem sequer as entregando, acabando com as esperanças da Petrobras de cumprir suas ambiciosas metas de produção.

Há, então, os atrasos nas refinarias em construção. Um desses complexos, em Pernambuco, foi concebido em 2005 como uma forma do Brasil estreitar os laços políticos com a Venezuela, país rico em petróleo. Oito anos depois, a Venezuela ainda precisa investir no projeto, que enfrenta diversos atrasos já que a Petrobras precisa carregar sozinha todo o custo da construção.

Ao descrever o acúmulo de problemas na Petrobras, a revista Exame, principal revista de negócios do Brasil, é categórica ao afirmar que o governo está “destruindo a maior empresa do Brasil”, ilustrando a afirmação com uma mangueira de combustível no formato de uma forca.

Esse desânimo reflete, pelo menos em parte, no desenvolvimento da Petrobras. Fundada em 1953, a empresa emana poder de sua sede em estilo brutalista em outras esferas bem além do setor de energia, patrocinando de tudo, de festivais literários ao Carnaval de Salvador.

Apesar dos desafios que enfrenta, a Petrobras continua lucrativa e é muito menos reprimida do que a ideologia política que repreende algumas outras grandes petrolíferas estatais. No México, por exemplo, a Pemex manteve por muito tempo seu monopólio apesar das quedas de produção, e agora, o governo considera abri-la para um maior investimento privado.

A Petrobras também é muito mais transparente do que a Petróleos de Venezuela, a estatal que o finado presidente Hugo Chávez transformou em um pilar extremamente politizado de seu governo, demitindo milhares de empregados após uma dura greve e forçando a a se concentrar em novas tarefas como a distribuição de alimentos.

Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, tem sido extraordinariamente franca acerca dos problemas da estatal. Em coletivas recentes com analistas, ela afirmou que a produção petrolífera deve permanecer estável este ano, ainda com possibilidade de haver uma pequena queda. Ela também deu respostas pontuais a críticos, defendendo que a produção dos novos campos tinha chegado a 300.000 barris por dia. A empresa espera dobrar sua produção total até 2020, chegando a 4,2 milhões de barris por dia.

Outros executivos da empresa também tentaram moderar as expectativas de que o Brasil entrará em uma vigorosa fase de independência energética.

José Carlos Cosenza, executivo do alto escalão da Petrobras, alertou que o Brasil pode precisar importar grandes quantidades de combustível por mais quase dez anos. Além disso, há uma previsão de que a demanda de gasolina continue crescendo à medida que os brasileiros compram mais carros.

Ainda assim, a Petrobras pode precisar mais do que autoavaliações exigentes. “Considerando a crescente atratividade das manobras no setor internacional do petróleo, os mercados de energia esperam uma mudança na forma como o governo brasileiro administra seus recursos petrolíferos”, diz Christopher Garman, chefe de estratégias de mercados emergentes no Eurasia Group, uma firma de consultoria de risco político.”

[OBS deste ‘democracia&política: Como já expressamos em outras postagens, é constante a luta contra a Petrobras. A corrosiva reportagem acima é apenas um exemplo entre as centenas que ocorrem a cada mês. São muito fortes as pressões dos interesses de grandes empresas petrolíferas estrangeiras. Elas almejam a desvalorização da empresa nacional para comprá-la por valor reduzido ou, pelo menos, para afastá-la do mercado. Paralelamente, querem acabar com a política de Conteúdo Local, que diminui significativamente a expectativa de ganhos dos fornecedores estrangeiros. 
Em obediência a esses interesses, já haviam sido desencadeados, no governo FHC/PSDB, o não investimento, o enfraquecimento, o fatiamento e a desnacionalização progressiva da Petrobras, mas foram interrompidos no governo Lula/PT. A retomada daquelas medidas antinacionais vem sendo tentada por todos os meios, por qualquer pretexto, com constantes ataques na imprensa das grandes potências e com o intenso e infatigável apoio dos seus servis (gratuitamente?) braços no Brasil, especialmente da grande mídia e da direita partidária (PSDB/DEM/PPS)].


 FONTE: blog “Fatos e Dados”, da Petrobras (http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2013/03/28/carta-ao-jornal-new-york-times/) [Título, imagens (do google) e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

3 comentários:

casa disse...

privatização total da Petrobrás já e abertura à concorrência!!

Unknown disse...

Cryador,
É ironia ou convicção? Parece-me comentário da Chevron traduzido.
Maria Tereza

Fabrício disse...

Falaram a mais pura verdade, aquilo que todo brasileiro com o mínimo de conhecimento já sabe. E o engraçado é que a própria resposta da Petrobras reforça a avaliação. Mas podemos ficar tranquilos, a Dilma/Lula vão conseguir acabar com a Petrobras antes que sela seja vendida :D